A cerimônia de abertura do “Sesc Amazônia das Artes 2015” que aconteceu no cinema do SESC Arsenal, na noite da última quinta-feira (23), foi um momento de felicidade, realização e orgulho para os presentes. Com sala lotada os organizadores e artistas dos Estados da Amazônia Legal, apresentaram suas perspectivas do projeto e as novidades da edição deste ano, que como sempre, está transbordando talento e cultura.
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Na platéia estava o Presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-MT, Pedro Nadaf, que em sua fala lembrou como foi a aquisição do espaço do SESC Arsenal na década de 1980, quando o local “deixou de ser uma fábrica de armas para tornar-se uma fábrica de cultura” segundo o presidente. Ele declarou também que estava feliz e agradecido pela equipe organizadora do projeto, e de forma descontraída disse ter que “puxar a sardinha” à sua equipe de Mato Grosso. “É sempre uma satisfação acompanhar o sucesso das atividades propostas por eles que se dedicam para realizar as oficinas de cinema, os cursos, as peças”.
Se firmando como um espaço de excelência na fomentação da cultura, e agora de cooperação de artistas de Estados que compõe a Amazônia Legal, o SESC abriu o projeto Amazônia das Artes 2015 colocando-se como uma rede de intercâmbio das artes e da cultura dos locais que fogem dos grandes centros.
A inspiração da identidade visual do projeto este ano foram os territórios e as fronteiras, a possibilidade de diálogo entre linguagens, a fronteira como potencial criativo e fértil de experimentações que culminam no hibridismo das artes e da cultura. Linhas territoriais que passam dos mapas para as canções, para as telas, para os palcos, para o papel, “linhas que se encontram e se afastam”.
Os pensadores de cultura, convidados para um rápido bate papo, professores Ludmila Brandão (UFMT) e José Marcio Barros (PUC-MG), discutiram em suas breves, mas importantes falas o tema “Estéticas Fronteiriças – Arte Fora dos Centros”.
Ludmila começou abordando a importância deste projeto para essas regiões da Amazônia Legal que carecem de incentivo a produção e divulgação cultural. Ela também afirmou que o “Sesc Amazônia das Artes” é uma iniciativa importante para a quebra da hierarquização da arte, onde apenas o que vem dos grandes centros é bom e de qualidade, e que todas as iniciativas que possam abalar essas hierarquias são necessárias.
Já o professor José Marcio Barros, da PUC-MG, começou agradecendo aos “fazedores de cultura”, como ele disse que os artistas são chamados no Acre, pelo convite e pela realização do projeto, que segundo ele torna o universo artístico mais democrático e inclusivo. Ele também disse partilhar do pensamento da professora Ludmila sobre a necessidade de se quebrar essa hierarquização da arte. “Esse mundo só será democrático e inclusivo quando tivermos a coragem de questionar essa hierarquização, que parece cartográfica, mas é histórica e por isso passível de mudança, para assim tornar o mundo mais criativo e mais plural.”. O professor ainda disse que o projeto oportuniza que os Estados se olhem, se enxerguem como cultura de diversidade e rica e que o pensamento de periferia deve ser esquecido. “este projeto, mais do que abrir uma visibilidade para os artistas, é uma prova de que não podemos pensar no mundo como dividido em centros e periferias, o mundo é circular, é tão óbvio, mas passa despercebido, é preciso ir além.” Ele finaliza dizendo que a cultura necessita de excessos “é pelo excesso de coragem, criatividade e talento que esse evento está vivo a oito anos, parabéns.”
A novidade desse ano é que o projeto vai promover uma integração ainda maior dos artistas com encontros, as CONEXÕES, onde os grupos que possuem semelhanças em seus interesses artísticos se assistem e depois se reúnem para trocar experiências, técnicas e estabelecer um contato mais orgânico. Michele Lobo, curadora do Amapá, apontou esse encontro como uma grande oportunidade de intercâmbio de culturas e de se pensar arte em grupo.
A artista Juliana Capilé, que já participou de outros projeto do Sesc, como o Palco Giratório, declarou que o projeto é importante para que os artistas se enxerguem e assim cresçam, dando mais valor a própria arte e não buscando mais o conteúdo dos grandes centros, São Paulo e Rio de Janeiro. “Tenho orgulho de ser fora desse eixo e de estar fora dos grandes centros.”
Depois da cerimônia de abertura, o público também pode conferir a instalação Orifício, do artista plástico Benedito Nunes, de Mato Grosso, e o show com o grupo Regiojazz, de Roraima, que recriou músicas de compositores da Região Norte por meio de um jazz de referências regionais, apimentado por influências latinas.
Nesta sexta-feira (24) o projeto apresenta o espetáculo de teatro Agustino Peixe Grande, do grupo Teatro de Brinquedo (MT), seguido de exposição literária e exibição de curtas metragens. A programação se encerra com a apresentação do espetáculo de dança Grave Grogue, do Balé da Cidade de Teresina (PI).
O SESC Amazônia das Artes 2015 irá percorrer unidades do SESC dos Estados da Amazônia Legal: Acre, Amazônas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Amapá, Tocantins, e o Piauí como Estad convidado.A apresentação serão realizadas a partir do mês de maio. Serão 26 espetáculos de dança, teatro e música, exposições literárias e de artes visuais, além de exibições de curtas metragens. Cinema é a linguagem que terá mais atrações, seguido de Teatro e Música. Em agosto o circuito chega a Cuiabá, no Sesc Arsenal, com espetáculos entre os dias 11 e 20 de agosto. Em setembro, entre os dias 08 e 30, acontecem duas exposições de artes visuais.
