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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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Parada da Diversidade

"Atrás do silicone também bate um coração": Parada pede direito ao casamento civil e criminalização da homo/transfobia

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

O clima era de festa na Praça Ipiranga na tarde desta sexta-feira (28). As cores estavam na bandeira, nas roupas, nos trios elétricos. A alegria exalava daqueles que – por algumas horas – sentiriam que podiam se expressar como quisessem sem ser repreendidos. A 12ª Parada da Diversidade Sexual e de Gênero de Mato Grosso começou às 15h, e segue até à noite.

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Três trios elétricos animavam o grande grupo de pessoas que dançavam, cantavam, se divertiam e lutavam. Gina era uma delas. Famosa e atraente por sua beleza e exuberância, era interrompida toda vez que tentava andar pela praça por alguém que queria uma foto com ela. “Eu acho que a Parada é muito importante para pedir a criminalização da homofobia e o direito da união estável”, comentou entre um clique e outro.



Profissionais da Secretaria Municipal de Saúde estavam no local distribuindo camisinhas, gel lubrificante e panfletos com informações sobre doenças sexualmente transmissíveis como a Hepatite e a Sífilis.

Um dos agentes, Bertone Gabriel Moraes, explicou que a medida não era por considerar o público LGBT um grupo de risco: “Essa ideia já passou. Não é grupo de risco, e sim comportamento de risco. Todas as pessoas que fazem sexo sem camisinha, ou usam seringas que não são descartáveis estão propícias a pegar DST”.

Diversos grupos políticos acompanhavam a parada. Dentre eles, a militância do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nayara Del Santo, uma das militantes, afirmou que para conseguir respeito, a comunidade LGBT precisava se unir e ir para o espaço público, como estavam fazendo: “Nós do PSOL defendemos a introdução do KIT contra a homofobia nas escolas, a criminalização da homo e da transfobia e o direito ao casamento civil igualitário”.

Outro grupo que estava no local, apoiando a parada, era o coletivo Manicongo, formado em sua maioria por estudantes da UFMT. Marina Castro, uma das integrantes, contou que o grupo surgiu há dois meses e luta contra a LGBTfobia, racismo e machismo. “Na parada não existe muito diálogo, mas a ideia é ter mais visibilidade”, explicou a militante, pouco antes de voltar aos batuques acompanhados de palavras de ordem do grupo.



No trio elétrico, ícones como o ator Ataíde, do Zorra Total, personalidades políticas, Drag Queens e um dançarino da Hot Spot chamavam a atenção – seja pelo discurso falado ou pelo não falado.

No chão, com borboletas pintadas no rosto, Vitória Araújo afirmou que aquela era sua forma de se expressar, e defendeu a causa LGBT: “É uma questão social. É preciso lutar pelos direitos, criminalizar a homofobia, acabar com o preconceito e, acima de tudo, pedir respeito”.



Antes de sair e subir a Getúlio Vargas, do trio elétrico principal saíram as principais palavras de ordem: “Não à discriminação, atrás de um silicone também bate um coração” em homenagem às travestis e transexuais. “Eu beijo homem, beijo mulher, tenho direito de beijar quem eu quiser”, “Se o corpo é da mulher, ela dá pra quem quiser. Até pra outra mulher” e, finalizando, “A nossa luta é todo dia por um Brasil sem homo/trans/lesbofobia”.



No meio da praça, solitário, um senhor passou raivoso balbuciando: “Que saudades da Ditadura!”. Seus gritos de ódio, no entanto, não foram ouvidos no meio de tanta festa e liberdade.

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