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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Grafite

Conheça a dupla de grafiteiros autores da intervenção artística na AML

“As pessoas acham que a arte é o que está na superfície, mas a arte mesmo é isso aí”, diz Babu 78, apontando para os andaimes que tinha acabado de levantar junto com seu colega Amarelo, para continuar a intervenção artística que estão fazendo na Academia Mato-Grossense de Letras (AML). Logo depois, ele olha para as próprias mãos: “Olha isso... parece que eu trabalho com construção... quem vê assim nem acha que sou artista!”



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Mas ele é. Babu nasceu em Cuiabá e, como ele mesmo diz, profissionalizou sua infância. Desde pequeno desenhava nas paredes de casa, e cresceu vidrado em arte. Pintou telas, fez artesanato e expôs em galerias, mas foi no grafite que encontrou sua paixão: “Eu gosto muito de ter contato com a parede. Acho que a arte desta forma é democratizada, ela é para todos”, explica.

Babu e Amarelo foram convidados para grafitar as paredes da AML, e junto com Eduardo Mahon, presidente da AML, tiveram a ideia de pintar uma chuva de letras.

“É um fator natural das circunstâncias”, diz Babu, explicando que o grafite é originalmente feito com escrita, e que com a evolução ele vai se tornando mais abstrato até se transformar em figuras. Como a arte seria feita na Academia Mato-Grossense de Letras, a chuva de letras seria perfeita.

Amarelo



Amarelo nasceu na região metropolitana de São Paulo, mas passou a maior parte de sua vida em Campo Grande. Quando tinha oito anos de idade, sua família veio morar em Cuiabá, onde ficou por três anos. Ele lembra que era fascinado por um grupo de dança de rua que ensaiava na esquina de sua casa, no CPA IV. Ele voltou para Campo Grande aos onze anos, mas com muita tristeza de deixar a cidade que tinha o encantado.

Foi no Mato Grosso do Sul que o garoto cresceu e teve coragem de colocar para fora toda a inspiração que tinha. Dançando break e pichando muros durante a noite ele viveu sua fase mais rebelde. Quando teve coragem de sair de dia e ver a reação das pessoas à sua arte ao vivo, ele percebeu que era bom no que fazia.

Amarelo começou a trabalhar com confecção de camisetas, ao mesmo tempo em que ganhava nome como grafiteiro em Campo Grande. Há sete anos, foi convidado a voltar para Cuiabá e dar aula de grafite para garotos que estavam cumprindo medidas sócio-educativas. A ideia era ficar oito meses, mas a estadia se estendeu por sete anos.

Em Cuiabá, ele começou a trabalhar com tatuagem, mas nunca largou sua maior paixão: “Eu nunca vou conseguir me desprender do grafite. É um trabalho que eu deixo de presente para a sociedade, e aqui em Cuiabá é uma forma de eu retribuir as alegrias que a cidade me deu quando eu era criança”, conta.

O projeto



Babu e Amarelo se conheceram há quatro anos, mas logo se separaram quando Babu foi morar em Salvador. No entanto, quando ele voltou os dois fizeram algumas exposições e trabalhos juntos.

Quando Eduardo Mahon convidou Babu para fazer uma intervenção artística na AML, ele logo se lembrou do amigo Amarelo e o chamou também. Desta forma, mais um trabalho está sendo fruto desta parceria.

“Todo dia surge uma ideia nova”, disse Babu, que já está há uma semana trabalhando com o projeto. “Aquelas ali são as primeiras torres de comunicação do estado, feitas por Rondon!” – diz, apontando para três torres em frente a um local da parede que ainda está em branco - “Imagina os jovens vindo aqui e tirando uma selfie em frente às torres? É a união do último com o primeiro!”, completa.

Para Amarelo, o grafite na AML pode ser um dos últimos que fará em Cuiabá, já que daqui a quatro meses ele se muda para Jundiaí com a esposa. “O grafite é efêmero, mas mesmo que um dia pintem essa parede, a arte vai ser lembrada”, afirma o artista, que fica feliz em saber que sua marca ficará para sempre em Cuiabá.

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