A primeira vez foi aos 27 anos. Um carocinho na parte superior do seio não incomodava ou amedrontava, e Silmara Borges Moreira pensava que eram consequências de uma queda que teve. Foi só quando a região em volta do caroço começou a ficar roxa que a jornalista decidiu – por conselho de um amigo – ir a um cirurgião plástico para fazer uma cirurgia estética. A biópsia detectou o tumor maligno.

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Silmara voltou para São Paulo, onde morava sua família, para fazer o tratamento. Lá, o médico ainda pediu para refazer os exames, pois com a idade da paciente, e como não havia nenhum caso na família, era difícil acreditar no diagnóstico. Mas os novos exames confirmaram, e foi necessário fazer todo o tratamento: quimioterapia, radioterapia e, por fim, a cirurgia. Como o nódulo ficava na parte de cima do seio, não foi preciso fazer a mastectomia radical, apenas retirar o quadrante onde o nódulo estava.

Os cabelos também foram caindo, em chumaços, até ela raspar por completo: “Eu não sabia como seria quando ele começasse a cair, ou quando eu tivesse que raspar, então fiquei com medo. Quando ele começou a cair muito eu mesma cortei, por que não tive coragem de ir na minha cabeleireira. Para raspar, fui a um barbeiro desconhecido. Mas o cabelo não foi o pior do tratamento”, contou Silmara ao Olhar Conceito.

Depois que estava curada, a jornalista voltou para Cuiabá. Segundo os médicos, ela teria que tomar remédios por mais cinco anos. Quatro anos depois, no entanto, ela percebeu que tinha alguns caroços em volta do mamilo. O exame detectou novamente o tumor. “Eu acho que a segunda vez foi pior, porque depois de fazer o tratamento você nunca imagina que vai acontecer de novo”, afirma.

Novamente, Silmara teve que fazer quimioterapia  e desta vez ainda foi necessária a mastectomia radical. Preventivamente, ela foi feita nos dois seios. “Eu optei por fazer a retirada dos seios e colocar a prótese na mesma cirurgia, mas o mamilo não foi possível colocar porque é um processo mais complicado, que tem que ser feito depois”. Curada, agora a jornalista toma remédios e injeção preventiva, e não tem medo de que a doença venha novamente.

“Eu não fiquei pra baixo enquanto estava doente, mas durante o tratamento eu comecei a fazer acompanhamento psicológico. Depois que ele acabou eu fiquei um pouco pra baixo, segundo minha psicóloga isso acontece porque enquanto eu estava com a doença sabia que tinha que ir atrás para me curar, e depois fiquei com um efeito retardado”, conta Silmara.

A solução, para ela, foi procurar coisas para fazer e não ficar parada: “Antes eu só ia de casa pro trabalho e do trabalho pra casa. Depois da doença eu procurei coisas pra sair da rotina, coisas que eu sabia que gostava, mas não fazia porque achava que não tinha tempo”. A jornalista, então, entrou para o coral, para um curso de filosofia, começou a participar das atividades do MT Mamma e ocupou seu tempo.

“Chegou uma época em que eu estava com a auto-estima muito baixa, a ponto de pedir para as meninas do trabalho não me convidarem para tirar fotos nos aniversários. Eu não me sentia bonita para sair na foto. Depois de um tempo, no entanto, isso passou”, conta.

Outubro Rosa

A campanha ‘Outubro Rosa’ existe para alertar a sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Para Silmara, no entanto, é importante se cuidar durante todo o ano: “A campanha é importante para alertar as pessoas, mas as mulheres precisam se tocar, se conhecer e se cuidar todos os dias e não só em outubro”. Para quem está passando pelo processo, ela aconselha: “É preciso ter fé e lutar contra a doença, sempre”.