A conversa começou com amenidades do dia, na parte coberta do Malcom Pub. Como não é a primeira vez dele em Cuiabá, o calor já não o assusta tanto e ele até diz estar tranquilo, afinal, “estamos no inverno não é?! já peguei dias mais quentes”.
A barba característica está diferente, deixou o tom ruivo para assumir o loiro, o figurino era discreto, calça jeans e camisa preta, fugindo da extravagância habitual. O que não mudou é a competência em falar de música e em se apresentar no palco. Acompanhando a passagem de som, logo depois do bate papo, pude ter uma noção do que viria mais tarde, no show, e confesso que os passinhos foram involuntários.
Por onde começar uma entrevista quando a pessoa em questão tem 35 anos de carreira consolidada, exceto mais alguns de pesquisa e estudo sobre música por conta, antes de se tornar o Kid Vinil? Decidi pular aquelas perguntas clichês, que ele responde há anos, como de onde surgiu seu apelido, ou como começou na carreira de músico e etc. Uma pesquisa no Google me conta essa trajetória, e vocês poderão ler em um breve perfil no fim da matéria. Resolvi focar em saber sua visão da música hoje, do rock nacional de agora.
Kid Vinil é uma enciclopédia musical, suas referências e experiências o colocam como o Tarantino da música brasileira. Sua paixão o tornou um garimpeiro musical. Das bandas mais recentes, ele diz ter gostado muito do último CD da CPM22, o qual escreveu sobre: “CPM22 é uma banda que evoluiu bastante, acho que esse é sempre o caminho, o último CD é muito bom. É claro que em termos de quantidade e qualidade os anos 1980 foram muito bons, mas era uma outra época. As coisas mudam, mais recentemente ainda nós tivemos a banda Restart, que era um rock mais para a criançada, é um começo, que com o tempo vi se aprimorando e buscando evoluir nas composições e apresentações”.
O roqueiro ainda comentou a influência que a mídia tem quando se fala no gênero musical que chega ao público: “Nos anos 80 o rock teve a felicidade de ser apoiado pela mídia, por isso as bandas estouraram no Brasil, hoje o espaço é do sertanejo, por isso que o ritmo está tão difundido no país”.
Dentro deste contexto, comento o fechamento do canal MTV na TV Aberta, onde ele trabalhou como Vj em programa sobre música, e pergunto qual o impacto que isso teve, para o rock, que era o principal gênero abordado pela emissora. “Nos anos 1990 todo mundo dependia da MTV, hoje sem ela, não dá pra dizer que teremos outra banda de rock estourando no Brasil como aconteceu com o Raimundos na época, por exemplo”.
Ainda seguindo a linha do que se tornou o rock nacional e qual seu espaço no mercado da música, o novo formato que o Rock in Rio vem adquirindo, no que se refere aos artistas que participam do festival, não se restringindo apenas ao rock, não podia ser um assunto que ficasse de fora da conversa, sobre isso ele diz que a marca mudou por um questão financeira, “hoje o festival é pop também, e quando a marca perceber que o público do sertanejo é forte vai ter até dupla de viola, só espero que ai mude o nome para ‘Festival de Musica no Rio’, ou algo parecido”, brinca Kid com a ideia.
Recentemente, Kid lançou sua biografia autorizada, escrita por dois amigos jornalistas, Ricardo Gozzi e Duca Belintani. E exatamente hoje, dia 25 de julho de 2015, estréia em São Paulo, na rádio 89FM, seu novo projeto, o “programa do Kid Vinil, que será veiculado todas as quintas-feiras, às 23h59.
Para o futuro, perguntei se faltava fazer mais alguma coisa, dentre tudo que ele já realizou, e Kid disse que gostaria de lançar mais um livro, com dicas de discos que marcaram sua vida, além de continuar a discotecar e cantar.
Em seu show no Malcom Pub, nesta quinta-feira (23), Kid Vinil vai tocar seus clássicos dos anos 80 e discotecar os grandes sucessos das bandas que estouraram na época, como RPM, Titãs, Paralamas entre outras.
A entrada para o show é R$25, com dobro de cerveja Budweiser até as 22h.
Show nacional no #malcompub! Ele é cantor, compositor, radialista, jornalista, VJ e DJ! KID VINIL vai cantar alguns clá...
Antônio Carlos Senefonte, como foi batizado, é um cantor, compositor, radialista, jornalista e Dj paulista, natural de Cedras no interior do estado. Começou sua carreira na música como vocalista no grupo Magazine, onde lançou uma de suas músicas mais conhecidas “Tic Tic Nervoso”. Na TV participou do programa “Boca Livre”, na TV Cultura e do programa “Lado B” na MTV. |Ganhou o apelido de Kid Vinil por causa de sua paixão pelos discos e por sua grande coleção deles.
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