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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Entrevista:Terceiro vídeo da série "Encaixes Poéticos" é publicado por cineasta cuiabano

Foto: Reprodução

Entrevista:Terceiro vídeo da série
(Cena do primeiro vídeo da série "Encaixes Poéticos. Para assistir, clique AQUI)

Com imagens, música e texto, o terceiro vídeo da série “Encaixes poéticos” vem munido de uma sensibilidade ímpar. Produzido pelo cineasta cuiabano Thales de Mendonça, o poema utilizado como base e tema desta produção é o “13:07”, do também cuiabano Matheus Jacob Barreto.

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A série “Encaixes Poéticos” começou em maio de 2014. Os vídeos são produzidos pela IHLO Filmes, que busca apoiar trabalhos que propaguem a cultura e o uso da informação para divulgar conteúdo independente. Produtor do vídeo e fundador da IHLO , Thales de Mendonça estudou filosofia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e hoje estuda cinema e trabalha com edição e criação de roteiros na capital paulista.


Encaixes Poéticos 03 - "13:07" - uma montagem de Thales de Mendonça from Ihlo Filmes on Vimeo.


Segundo Thales, a ideia de começar os “Encaixes Poéticos” surgiu com a leitura de “É”, terceiro livro de poesia de Matheus Jacob. O primeiro vídeo casa imagens e som com o poema “Amor”. Já a segunda produção da série tem como tema os versos de “anoitecer no apartamento”.


(Cena do primeiro vídeo da série "Encaixes Poéticos. Para assistir, clique AQUI)

Neste terceiro vídeo, Thales, além do “13:07”, também usa imagens do filme “The New World”, de Terrence Mallick. O cineasta cuiabano falou com o Olhar Conceito sobre este último lançamento e sobre a série “Encaixes Poéticos”. Para ver o vídeo, clique AQUI. Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Olhar Conceito: Como surgiu a ideia de fazer esta série “Encaixes poéticos”?


Thales de Mendonça: 
Consciente de que o cinema também carrega sua carga de poesia por também ser arte, sempre tive em mente o desejo de transpor poemas para as telas, por gostar da inserção do texto dentro da imagem, como extensão de sua interpretação. Limitado por não dispor de apoio para produzir roteiros originais em cima dos poemas, vi nas montagens de imagens uma saída para experimentar novos encaixes. Apaixonado pelo lirismo de certas imagens dentro do cinema, e inspirado por elas, as retiro de seus contextos dentro do roteiro para dar a elas novos significados, assim como cada um faz ao ler um poema, e tenta resignificar com suas referências as palavras do poeta. Foi então que eu tive a idéia de selecionar essas imagens, buscar uma trilha que exprimisse minha tônica e encaixar nos poemas que me emocionam.

Olhar Conceito: E por que a escolha do poeta Matheus Jacob?

Thales de Mendonça: 
Amigos desde à juventude, não tinhamos muito contato quando morávamos ambos em Cuiabá, e frequentemente trocavamos cartas, e-mails, ou textos. Assim que voltei à São Paulo e tive conhecimento de que ele também morava aqui, tratei de fazer contato e foi quando ele me agraciou com o manuscrito de seu livro, até então inédito, “É”. Na minha primeira leitura, inspirado por suas palavras, vi em seu texto o potencial cinematográfico do material e tratei de convencê-lo a me deixar usar seus poemas em meus trabalhos. Quando tive a idéia de fazer a série, fora inicialmente para utilizar seus trabalhos, mas durante a concepção do projeto, percebi que me abria a possibilidade de trabalhar também com outros escritores.


(Cena do segundo vídeo da série "Encaixes Poéticos. Para assistir, clique AQUI)

Olhar Conceito: Como foi o processo de produção deste terceiro vídeo?


Thales de Mendonça: Talvez o mais demorado de todos até agora. Com a escolha da canção definda há quase cinco meses atrás, li o livro todo ouvindo a canção para encontrar aquele que melhor se encaixava no tom de Maria Callas, e que sintonizavam com as palavras já proferidas na Ària cantada por ela. Feita a seleção, acabei com cinco poemas para decidir e ainda não tinha a noção de quais seriam as imagens, até então o processo não tinha formas, apenas alguns direcionamentos dados pela música.

Olhar Conceito: Como deu-se a escolha do poema “13:07”?



Thales de Mendonça: Por se tratar de um vídeo poema, precisava dar ao produto final tantas camadas quantas fossem possíveis, para abrir o leque de interpretações do espectador tanto quanto a do leitor, então o texto consequentemente precisava complementar-se com a letra da música, assim como feito em “Anoitecer no apartamento” e “Amor”, primeiros trabalhos da série. O processo aí se dava em ler os poemas pré selecionados em conjunto com a letra da música, buscando conexões entre um e outro, algo que os complementasse e expandisse sua análise, 13:07 tinha o ritmo, o tema e a forma perfeita para os tempos da música.

Olhar Conceito: E das imagens de "The New World (2005)"?

Thales de Mendonça: 
Terrence Mallick é um dos cineastas que me fez perceber a poesia no cinema, e um mestre em extrair de suas imagens as mais belas interpretações em seus roteiros cheios de dubiedades. Filósofo e Professor, seus filmes são carregados dessa junção poética que conceitua a série. Na procura de imagens que conversassem com os outros elementos já selecionados por mim, encontrei em sua filmografia material suficiente para todo o livro, se quizesse. Separando imagens de diversos trabalhos, passei algumas semanas montando diversas versões do vídeo com a música, em busca de harmonia. Por fim das contas, “The New World” tinha mais material do que eu poderia querer e o tom de sua fotografia era o que eu acreditava ser ideal para o poema. Diferente dos trabalhos anteriores, onde mexi na fotografia e iluminação, este foi o primeiro em que tentei favorecer ao máximo as imagens apresentadas, tão essenciais para a minha visão do poema.


Olhar Conceito: Como você descreveria, para quem ainda não conhece, a série “Encaixes poéticos”?

Thales de Mendonça: 
Em termos gerais uma seríe de video montagens que busca através da edição de diversos materiais distintos, exaltar a poesia do processo audiovisual e instigar aqueles que não tem o hábito de ler poemas, encontrar na linguagem cinematográfica uma nova apresentação para essa forma de expressão tão singular. Em termos conceituais, um experimento audiovisual que através do exercício da edição busca a harmonia poética entre imagem, música e texto.


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