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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Manoel de Barros

O poeta que renovou o mundo usando borboletas completa 97 anos nesta quinta

Foto: Reprodução

O poeta que renovou o mundo usando borboletas completa 97 anos nesta quinta
Os poetas sofrem. E derrubam no papel toda a amargura de existir, toda a dor que sentem e a beleza ferida que vêem nas coisas. Poetas, de certa forma, são megalomaníacos com as palavras: têm o mundo inteiro na ponta da caneta. Mas um deles tinha o mundo inteiro embaixo dos pés.

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Manoel de Barros, o poeta dos vazios, das garças, dos tuiuiús, o poeta que também é Bernardo, completa nesta quinta, 19 de novembro de 2013, 97 anos.

Nascido em 1916 em Cuiabá, Manoel passou grande parte da infância na fazenda de seu pai, que, na época, era constituída de uma casinha de barro com porta de pano de couro. Mas aquela experiência de viver cercado aos bichos enquanto a irmã de sua mãe o ensinava a ler e escrever marcou o poeta durante toda a vida.

Um pouco mais velho, foi estudar em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. A partir de então, o poeta não voltou mais a morar em sua cidade de nascimento. Em documentário gravado nos anos 90, o poeta brinca falando que não volta para Cuiabá por conta do calor.

Depois desta infância que hoje virou lenda, não se sabe com certeza tudo o que Manoel de Barros fez ou deixou de fazer. Nos seus poemas, temos um que descreve com sinceridade quase fingida a personalidade do poeta: “90% do que digo é invenção. Só 10% é mentira”.

O fato é que Manoel, entre andanças e calmarias, procurava algo: Algo que sempre teve, sua voz de poeta. Em discurso de aceitação de um prêmio em nome de Manoel, seu irmão, Abílio de Barros, disse que o poeta não fez nada na vida. Sua profissão é ser poeta em tempo integral. “Me procurei a vida inteira e não me achei – pelo que fui salvo”, escreveu Manoel em um de seus poemas.

Atualmente, Manoel ainda mora em Campo Grande com a mulher, Stella. Recebe visitas diárias do irmão Abílio, mas não dá mais entrevistas ou fala com pessoas que não sejam da família. E recluso em sua casa com seu legado lírico, um dos maiores do país, Manoel completa 97 anos.

A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou - eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.


Se você quer passar um pouquinho mais de tempo com o poeta, assista o documentário “Só 10% é mentira”, disponível na íntegra abaixo:



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