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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Passeamos pelo céu e inferno, diz Lucas sobre 15 anos da Fresno

Passeamos pelo céu e inferno, diz Lucas sobre 15 anos da Fresno
Os 15 anos do Fresno foram como um "passeio pelo céu e o inferno". Com escalas por três grandes gravadoras, premiações, festivais... Em entrevista ao G1, o vocalista e guitarrista Lucas Silveira, 31 anos, fala do novo CD-DVD ao vivo e repassa a carreira do grupo gaúcho que foi do hardcore emotivo independente ao pop rock radiofônico.
Ele se derrete pelo seus "fãs sócio-torcedores" e fala do futuro da banda. "Você vê pesoas com 20 e 30 anos de banda no piloto automático. Somos contra isso", explica. "No rock, se o cara parar de tocar ele vai a falência. Para ter uma vida digna, tem que ser cover de si mesmo. É uma parada que pretendo nunca viver: quero ter relevância".

Veja os principais trechos da entrevista:

"O DVD não podia ser temático, focado em uma época. Partimos para músicas que deram certo ao vivo, que representam nossa carreira... Chegamos a um caminho do meio: tem também coisas que queremos mostrar, uma faceta que o grande público não conhece. Em uma reuniãozinha de uma hora, a gente resolveu."

"O tamanho do público não pode depender da sua exposição na TV. Não pode depender se está bombado, se está em gravadora. Temos esse tipo de público, como um Los Hermanos da vida tem. O Humberto Gessinger é assim. Quando rola certo ostracismo, tem que ter seu público. Isso é o que deixa muito cara deprimidido. Temos fãs sócios-torcedores."

"Adoro hater, porque têm criatividade para falar mal. Queria que aplicassem isso na vida. Tivermos músicas nossas com uma mixagem que dava sentido a esse tipo de comentário."

"Em 2009, a gente foi indicado a banda pop. E a gente ficava meio: 'como assim?' Mas tinha Skank, Nando Reis... Sempre notei que existia um ruído na mensagem, por conta do marketing de gravadoras. Isso talvez tenha gerado uma ideia errada do que as pessoas pensam que a Fresno é."

"Fizemos alguns EPs que deixam bem claro como a gente se pretende como banda. A nossa parada não tem bitolação de ser pesado para ser rock. Uma sinfonia tem momentos pesados e outros não. Um disco do Muse, Beatles, Queen tem isso. Sempre tem a calmaria e a tempestade. Isso é a tônica do que a música e o rock têm que ser. Estamos independentes. A comunicação voltou para nossas mãos e os fãs voltaram para a nossa mãos."

"Não sei se a palavra é arrependimento, tudo o que a gente fez na época fazia sentido. Até decisões polêmicas precisávamos fazer. Eu tenho claro na minha cabeça: o Fresno é uma entidade sem forma e sem cara. Algo que passa por cima das nossas vontades. A gente já se sentiu alvo de golpes de empresários. O que poderíamos fazer? Tem decisão que é muito difícil mas a vida se encarrega de curar."

"Da primeira formação, temos eu e o Vavo. Por mais que a minha cara apareça mais, a gente acaba tomando decisões juntos. Ele é muito pé no chão e eu muito porra louca. As escolhas sonoras ficam entre nós. Antes, ficavam entre eu e o Tavares [ex-baixista]. Eu sei que o fato de eu ser vocalista influencia no produto final. Mas não curto ver a Fresno como eu e mais três. Perde a parte boa de ser uma argamassa de personalidades e referências."

"Existem bandas que viram marcas e o cara que está ali não consegue 'matar' por uma necessidade financeira. Ou porque aquilo é o que ele sempre fez. Mesmo com um mainstream muito mainstream, no rock, se o cara parar de tocar ele vai a falência. Para ter uma vida digna, tem que ser cover de si mesmo. É uma parada que pretendo nunca viver: quero ter relevância. Se ficar estranho, vamos fazer outras coisas."

"Eu consigo enxergar espaço no Brasil para a gente vencer. Os primeiros 15 anos serviram para passearmos pelo céu e pelo inferno. Vejo que com a idade e com o tempo, você fica calmo para ter um objetivo mais claro."

"Em arte, você trabalha com a sua autoestima. É algo pessoal que você transforma em público. Lidar com isso já fez muitas pessoas se enloqueceram, perder a motivação. A gente sobreviveu a isso e continua inspirado, com vontades. Você vê pesoas com 20 e 30 anos de banda no piloto automático. Somos contra isso. Sobrevivemos e temos um sentimento que temos muito o que fazer."
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