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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Notícias | Gastronomia

do acarajé à buchada

Com forró, artesanato e muita comida, 'O Bode Chic' é um centro de cultura nordestina em Cuiabá

Foto: Rogério Florentino Pereira / Olhar Direto

Rafael Bezerra, chef de cozinha; Anderson de Souza e Patrícia Bezerra

Rafael Bezerra, chef de cozinha; Anderson de Souza e Patrícia Bezerra

Em 1992, o pernambucano Paulo Bezerra Sá, hoje com 70 anos, já morando em Cuiabá, marcou uma consulta no dentista em um domingo de manhã. Chegando lá, ele tocou a campainha e não foi atendido, então, pensando em dar um tempo e voltar mais tarde, decidiu tomar um café. Quando encontrou um bar do outro lado da rua, sentiu um cheiro que reconhecia de longe: o da comida de seu Nordeste. Ali mesmo ele conheceu o proprietário, ‘Ceará’, que lhe serviu um sarapatel. O lugar estava lotado, e Paulo, quando percebeu que aquele comerciante era muito instável e quase nunca o encontrava, teve um lapso: precisava abrir um restaurante e oferecer a culinária de sua terra.


Paulo Bezerra Sá e sua filha Patrícia (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

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Assim nasceu a ideia do ‘Bode Chic’, restaurante inaugurado há cerca de sete meses no Parque Geórgia, em Cuiabá. A empresa familiar começou a ser construída há seis anos e, segundo o proprietário, foi feita totalmente com recursos de seu salário. Paulo Bezerra nasceu em Pernambuco, mas já morou no Piauí, no Maranhão e no Rio de Janeiro. Para Cuiabá, ele veio em 1986, quando passou em um concurso público para ser delegado de polícia.

Por sua vida quase nômade, os filhos de Bezerra nasceram em diferentes cidades. E a herança de cada uma delas está no cardápio do Bode Chic. Desde a moqueca baiana até a buchada e a dobradinha, passando pelo baião de dois e pelos caldos de mocotó e de carne seca com mandioca e pela porção de acarajé. Nos doces, a rapadura e o doce de buriti, típico do Piauí, podem ser provados. E o local ainda vende iguarias como a manteiga de garrafa e algumas pimentas.


Porção de carne de sol com macaxeira (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

O Bode Chic é dividido em quatro ambientes. O primeiro, que fica na entrada, tem mesas baixinhas e cadeiras de fio espalhadas pelo jardim. Segundo Patrícia Bezerra Sá, filha de Paulo, a ideia é “que a pessoa se sinta como se estivesse no quintal de casa”, comenta.


Área externa (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

A cozinha fica à vista para quem está no quintal, com a lateral de vidro e uma placa “Você é o melhor fiscal, visite nossa cozinha”. “É de propósito. Nós prezamos pela qualidade, até mesmo para saber a procedência da minha buchada eu fiz questão de visitar a cozinha de quem produzia”, conta o proprietário. “Os clientes podem ver que é tudo muito limpo”.

Da porta para dentro, o segundo ambiente abriga as mesas e cadeiras, além de um bar e prateleiras onde ficam expostos os produtos à venda. Nos fundos ficam outras mesas e o principal: o palco onde a banda toca forró às sextas-feiras, a partir das 20h.

Já no segundo andar, está em desenvolvimento uma ‘sala de chá’, onde em breve será servido, dentre outras iguarias, o bolo ‘mangulão’, receita maranhense feita de farinha de mandioca. “A ideia é que essa sala seja para reuniões, eventos em especial. A pessoa liga, reserva um horário e fala o que ela quer que seja servido”, explica Patrícia.


Sala de chás e loja de artesanato (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

Ainda no andar de cima, o que vai se tornar a sala de chá já é uma loja de artesanatos. Quadros, vasos e pequenas esculturas – tanto feitas aqui quanto do Nordeste – estão à venda durante todo o tempo em que o estabelecimento está aberto. “Minha ideia é que o Bode Chic seja um centro de cultura nordestina, não só um bar ou um restaurante”, explica Paulo Bezerra.

O nome do local também mostra a que veio. “O bode faz parte da cultura nordestina, assim como o jegue. Faz parte do imaginário popular. E nosso bode é um bode metido a besta, mas ainda é simples. O ‘chic’ não quer dizer que é cheio de frescura, mas é o melhor que a gente pode oferecer. (...) Se você for na casa de um nordestino, ele pode ter pouca coisa, mas ele vai te oferecer o melhor”, explica Patrícia. “E assim é o restaurante. Não é um lugar chique, é simples, mas a simplicidade é nosso diferencial”.

A simplicidade do local foi o que atraiu os cuiabanos que, segundo o proprietário, são os que mais frequentam o restaurante. “Eu achei que viriam mais os nordestinos, mas desde que abrimos 95% do público é de gente que mora em Cuiabá”, afirma.

O Bode Chic fica no Parque Geórgia, que foi eleito por ser também o bairro onde mora o proprietário. “Nós ficamos perto do São Gonçalo Beira Rio, e pegamos também um pouco do movimento. Mas hoje vem pra cá gente de toda a cidade, e até mesmo do interior, que viaja só pra comer nossa comida”, declara.

Para manter a tradição ribeirinha e agradar a ‘gregos e troianos’, o bar serve, além dos pratos nordestinos, algumas opções cuiabanas, como a ventrecha de pacu. Sob encomenda, o restaurante oferece, também, cabeça de boi.


Palco do forró que acontece às sextas (Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto)

E o diferencial é que os pratos do cardápio são servidos a qualquer hora do dia. “As pessoas se confundem, acham que funciona só na hora do almoço e no jantar. Mas não. Se o cliente estiver com vontade de comer uma buchada às três da tarde, pode vir até aqui que tem”, finaliza Patrícia.

Serviço

O Bode Chic
Endereço: Avenida Camboriú, 175 - Parque Geórgia
Telefone: (65) 3661-0779
Funcionamento: De terça a sábado, das 11h às 22h
Domingos das 11h às 16h
Informações: FAN PAGE
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