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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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Conheça a história de Seu Gabriel: 28 anos vendendo pão doce para pagar aposentadoria da esposa

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Conheça a história de Seu Gabriel: 28 anos vendendo pão doce para pagar aposentadoria da esposa
Farinha, ovos, fermento, leite condensado, coco ralado. Do que mais é feita a rosca de pão doce do Seu Gabriel? Qual é o segredo da receita que dá origem ao pão vendido há 28 anos? Com sua bicicleta ele pedala pelas ruas do Centro de Cuiabá entre prédios comerciais e residências vendendo a famosa rosca de coco, faça chuva ou faça sol, para ajudar sua esposa a pagar o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e se aposentar.

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Ao abrir a tampa da vasilha, o cheiro doce de creme e coco se espalha pelo recinto. São 28 anos de uma receita que esteve presente nas memórias e nos cafezinhos de muita gente em Cuiabá e também de outras partes do mundo. “Teve uma cliente que disse que ia levar a rosca congelada para a Austrália”, comenta rindo o vendedor.

Gabriel Gregório de Campos, 60 anos, quilombola de Mata Cavalo de nascimento, cuiabano de uma vida toda na capital mato-grossense. Veio ainda criança para Cuiabá com a mãe e outros cinco irmãos. Há 28 anos acrescenta na lista de ingredientes da rosca que vende sua dedicação e simpatia aos clientes/amigos. “É praticamente uma diversão, não vejo como um trabalho. Conheci bastante gente, tenho clientes de muitos anos”, diz Seu Gabriel.

Amor também é um dos ingredientes: do Seu Gabriel pela esposa Selma Maria. Ela é quem faz o pão enquanto ele sai pelas ruas do Centro de Cuiabá para vendê-los. Já aposentado, Seo Gabriel conta a reportagem do Olhar Conceito que trabalha para ajudar a esposa de 59 anos a aposentar também.

“O dinheiro das vendas é para pagar o INSS dela, para que ela não precise mais trabalhar, ela tem problemas na coluna, sente muitas dores. Tem dias que não consegue fazer as roscas”, conta o vendedor de 59 anos.

É da venda também que sai o complemento da renda do casal, que criou três filhos graduados no ensino superior. “Eu recebo aposentadoria, mas não dá. Não tem como sobreviver num país como esse sem uma renda extra”, comenta Seu Gabriel.

Trabalhando nas terças, quintas e sábados durante a tarde, Seu Gabriel vende uma média diária de 15 roscas, com preço de R$12 reais cada. Ele diz que algumas pessoas o questionam sobre a quantidade, perguntam por que ele não enche a vasilha que carrega os pães, coloca mais gente para ajudar a fazer e a vender. “Eu sempre respondo ‘pra que crescer o olho? Eu não vou dar conta de vender se fizer mais e se colocar alguém para ajudar a fazer e a vender, vai perder a qualidade. Se eu encher também a vasilha as que ficam por baixo vão amassar. Se está dando para viver, está bom”, diz o senhor.

Faltando apenas um ano para conseguir dar entrada na aposentadoria da esposa, ele afirma que pretende diminuir o trabalho, mas diz que não vai parar. Quem quiser encomendar as roscas pode tratar direto com Seu Gabriel pelo telefone (65) 9 9341-1398.
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