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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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psicografia

Depois de dois anos em depressão, cuiabana consegue contato em carta psicografada com seu bebê que faleceu

Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito

Pessoas esperam por psicografia do médium

Pessoas esperam por psicografia do médium

A espera ainda estava no começo. Por volta das 15h, Marcela Martins de Assis era uma das 352 pessoas que abarrotavam a sala do Centro Espírita Paulo de Tarso e – assim como todos os outros – trazia no peito uma esperança de conseguir contato com um ente querido que não estava mais neste plano. Para ela, no entanto, a experiência era totalmente nova: oriunda de uma família católica, aquela era a primeira vez que pisava em um Centro, bucando um consolo que não conseguira até então.

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Marcela perdeu seu filho Rafael Assis há dois anos, quando ele tinha também dois anos de idade. Uma encefalite levou o bebê e deixou a mãe com uma depressão profunda, que a levou até mesmo a se afastar da outra filha, de nove meses. Afastou-se, também, do marido e da família, e não conseguia, de forma alguma, entender o que tinha acontecido. “Eu busco um consolo, quero ouvir algo que ele tenha pra me falar, algo que me faça bem”, explicou, enquanto se espremia em uma das cadeiras como que pra passar despercebida na multidão.


Marcela Martins esperando a entrevista com Alaor (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

Quem a convidou para participar da sessão de psicografia do médium Alaor Borges foi a tia de seu esposo, e ela veio sozinha porque ele não cria em um reencontro. “É algo muito surreal, é um fenômeno mesmo, sobrenatural. Queria saber como ele está. A gente pode até dizer que veio aqui e quer ver o que vai dar, mas no final das contas, sempre tem esperança de receber uma resposta”.

Assim como esta mãe, diversos católicos, protestantes, espíritas e pessoas de diversas outras religiões estavam no Paulo de Tarso na última quinta-feira (18), segundo dia de atendimento de Alaor em Cuiabá. Como na capital mato-grossense não existe nenhum médium que psicografa, há cinco anos as vindas do mineiro lotam os centros espíritas da cidade.

O ritual também é sempre o mesmo: A partir das 14h, são distribuídas senhas para aqueles que gostariam de receber cartas de alguém. Ali já começa a espera e, depois de cerca de uma hora, os presentes passam por uma ‘triagem’, quando escrevem em um papel até dois nomes (com datas de nascimento e óbito) para ser entregue ao médium.

Dali, eles voltam para o salão, onde esperam mais duas ou três horas para conversar com Alaor que – em menos de um minuto – faz algumas perguntas rápidas como o grau de parentesco da pessoa e como ela faleceu. É só por volta das oito horas da noite que ele começa a psicografar.


Alaor Borges psicografando (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

O clima no auditório é de excitação, nervosismo e ansiedade, mas as palestras que falam sobre a doutrina espírita, a luz azul e as músicas buscam acalmar os corações aflitos, como o de Marcos César de Souza.

O cuiabano já havia recebido uma carta de seu filho, quando sua mulher foi a uma sessão de psicografia de Alaor há alguns anos. Desta vez, ele buscava contato também com seu pai, que faleceu há dezesseis anos.

A criança, Augusto César de Souza Guimarães, morreu em 2006, com um ano e três meses, de forma trágica: “Minha mulher estava preparando a sopa pra ele e a comida mais forte pro irmão mais velho. Aí ele veio, empurrou o fogão, e a comida quente caiu em cima dele”, contou o pai. As queimaduras foram profundas e, depois de quinze dias no hospital, a criança morreu.

Na primeira carta recebida, o recado de Augusto surpreendeu os pais. Ele falava sobre uma irmãzinha que nasceu depois de sua morte: “Ele falava pra gente que ela era uma menina muito especial, que tínhamos que dar atenção a ela, porque ela não era dessa era e que o espírito é muito avançado. E realmente, ela vem crescendo e nos surpreende com tanta inteligência”.


As mães Conceição e Deulinda (Foto: Isabela Mercuri / Olhar Conceito)

Assim como Marcos, não são poucos os casos de pais que perderam os filhos em tragédias. Deulinda Ferreira, por exemplo, estava ali em busca de contato com o filho que há um ano e um mês tinha sido assassinado, aos 45 anos. Também de origem católica, a doméstica começou a frequentar o centro espírita há pouco tempo: “Essa é a terceira vez que eu venho aqui, e já estou com esperanças. Quero saber como ele está, o que ele está passando”. A mãe também veio sozinha, e se agarra em sua dor. Segundo o médium Alaor, as mães são as que mais recebem cartas, pois são as que mais sofrem.

Depois de quase duas horas de psicografia, muitas folhas rabiscadas e muitas palestras para acalmar as quase 400 pessoas do local, o médium pega o microfone para ler uma das sete cartas que recebeu. As primeiras palavras saem de sua boca como uma pluma, e atingem diretamente o coração de mãe: “Querida mãezinha Marcela, estou aqui como que recorrendo ao seu colo”. Assista ao vídeo da carta inteira: 





Na plateia, Marcela Martins de Assis chora, e tem a certeza de que as oito horas de espera e sua última busca por consolo valeram a pena. Depois da leitura de todas as psicografias, mesmo quem não recebeu guarda no fundo do peito a esperança, afinal, como dizia Chico Xavier, “O telefone só toca de lá pra cá”.
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