Firmados sob a lama úmida e vegetação rasteira do Pantanal, os cinco mil metros de concreto e metal que compõe o Complexo Turístico e Histórico de Mimoso, harmoniza o arrojo da estrutura, de referências indígenas, com o ar bucólico da natureza que a emoldura. O espaço, que lembra uma aldeia, reverência a história de Marechal Candido Mariano da Silva Rondon, e foi inaugurado na manhã desta quarta-feira (24), como principal atração do distrito de Mimoso, em Santo Antônio de Leverger, onde o célebre mato-grossense nasceu.

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Avaliado em R$ 2,9 milhões, o Memorial está localizado na região da Baía de Chacororé, no Pantanal, e aposta na integração com a comunidade como ponto chave do investimento. Assim, todos os profissionais que estão envolvidas em sua manutenção, como professores, mediadores, faxineiros e segurança, são moradores da localidade. Foram eles os responsáveis pela montagem da exposição Paisagens de Rondon, idealizada pelo fotógrafo Mario Friedlander, foi aberta ao público logo após as formalidades que anunciaram a abertura do espaço.

De acordo com o governador Pedro Taques, que esteve presente na cerimônia, uma das iniciativas para fomentar o turismo no local é pavimentação de80 km de estrada que ligam o distrito de São Lourenço de Fátima, em Rondonópolis (215 km de Cuiabá), a Mimoso. “Esse memorial precisa ser visitado, precisa ser administrado, precisa de uma gestão própria. É disso que estamos tratando para trazer turistas e eventos pra cá.”

Aos 63 anos, o pantaneiro Elenino Rodrigues de Arruda, conta que a edificação é a maior mudança na cidade em muitos anos. O que, para ele, aumentará o fluxo de turistas, gerando empregos para a comunidade. “Antigamente não tinha a estrada e agora tem. Tem o Memorial, a quadra do Colégio. Espero que daqui pra frente a cidade só melhore com o turismo. De tudo, eu sei que vai melhorar, tenho certeza. O bom também vai ser a freqüência da polícia, que fica direto aí e dá uma segurança a mais.”

No discurso Taques aproveitou para rebater críticas sobre a inauguração do espaço e enaltecer grandes nomes da história de Mato Grosso. “Esta obra está sendo inaugurada hoje, porque em razão da irresponsabilidade do passado, está obra ficou parada desde 1997. Isto é um marco da arquitetura, um marco para história do Estado. Nós temos que mostrar ao cidadão do mundo que nós temos personalidade que precisam ser reverenciadas”, disse o governador.

Também estiveram no evento, reunidos com a população local, autoridades como os secretários de Cidades, Eduardo Chileto, de Cultura, de Turismo Paulo Nigro e representantes do exército. Além da presença de uma das sobrinhas de Rondon, Antônia Evangelista, de 87 anos, e de seu bisneto, Benjamin Rondon, além do artista plástico Fred Fogaça, autor de uma escultura do homenageado, também inaugurada hoje.

Na ocasião foi lançada a revista “As Aventuras de Rondon”, feita em pareceira com o Instituo Maurício de Sousa, e o primeiro volume do “Relatório da Comissão Rondon: linhas telegráphicas estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas”. A primeira publicação, destinada ao público infantil, é avaliada em R$766,2 mil e conta em quadrinhos as histórias do Marechal com personagens da Turma da Mônica.

A edificação

A estrutura foi construída sobre uma palafita (modelo usado para edificações em meio a alagados) e tem formato circular. Com telhado formado por brises 100% de metal que remetem à ideia de ocas indígenas, uma das principais bandeiras de Marechal Rondon.

O prédio do Memorial é totalmente envolvido por brises móveis, que quando fechadas possibilitam a proteção da área interna. Porém, eles são perfurados de forma a permitir a manutenção do local de maneira sustentável, utilizando a iluminação natural durante o dia e ventilação pantaneira, com foco na economia de energia. Porém, ventiladores foram fixados no teto para dias mais quentes.

Para brilhar no Pantanal durante a noite, o Memorial possui mais de 500 lâmpadas de led, que oferecem vantagens em termos de durabilidade e economia.A edificação abriga ainda quatro laboratórios de pesquisa. De acordo com o arquiteto Paulo Molina, a ideia é que o local sirva como ponto de apoio para pesquisadores que estudam o Pantanal mato-grossense. “Existem muitas pesquisas sobre o Pantanal, por isso pensamos na construção de laboratórios para que os pesquisadores tenham um ponto de apoio que possa facilitar os estudos.”

Além dos laboratórios, foram construídos dois amplos salões na parte superior da obra e dois pequenos auditórios no térreo. Esses espaços também foram idealizados para envolver a comunidade local com exposição de artesanato e biblioteca. O prédio ainda possui um mirante para observação do pantanal.

A obra foi fiscalizada pela Secretaria de Estado das Cidades (Secid), que acompanhou de perto todos os detalhes da construção. A última visita contou com a presença do titular da Secid, Eduardo Chiletto. “É uma obra muito bonita e que homenageia um dos homens mais importantes de Mato Grosso e do Brasil. Fizemos uma gestão séria e célere, conforme pedido do governador Pedro Taques, e temos a alegria de inaugurar o Memorial”, disse Chiletto.

Histórico

O projeto foi criado em 1997 e fazia parte dos 10 projetos em comemoração aos 500 anos de descobrimento do Brasil. Também foi idealizado para comemorar os 150 anos do nascimento do Marechal Rondon. A obra começou a ser construída em 2001 e parou em 2003. Já em 2006 foi realizada uma nova licitação para retomada da construção que não ocorreu. A discussão para continuidade do complexo só foi retomada em 2012 com a vinda da Copa do Mundo em 2014. Porém, só foi reiniciada em 2015.

O Memorial faz parte do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Turismo (Prodestur) da Secretaria de Estrado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), por meio da adjunta de Turismo.