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Terça-feira, 19 de março de 2024

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Médium Alaor em Cuiabá

Respostas e consolo: conheça a história de quem espera contato com entes queridos pela psicografia

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Respostas e consolo: conheça a história de quem espera contato com entes queridos pela psicografia
Pai, mãe, filho, avô, marido, namorado, irmão, um amigo. Quase todo mundo já perdeu alguém. Quase todo mundo conhece aquele batimento perdido no peito, arritmia que aperta a garganta, enche os olhos de água e quebra em ondas de saudade. A morte é sempre um enigma e por isso perturba o viver de muita gente. Nos dias 15, 17 e 18 de fevereiro, centenas de pessoas compareceram a três centros espíritas de Cuiabá em busca de respostas, notícias, conforto. Mais uma vez, o médium Alaor Borges esteve na capital mato-grossense para sessões de psicografia e a reportagem do Olhar Conceito acompanhou a triagem de atendimento na Associação Espírita Wantuil de Freitas, no bairro Primeiro de Março na sexta-feira (17).

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Josi Campos de 38 anos é natural de Goiânia, veio a Cuiabá junto com a filha e a mãe para participar da sessão de psicografia com o médium Alaor Borges. Há uma semana estava hospedada na casa de uma tia. Com o livro “Violetas na Janela” em mãos, obra considerada uma leitura para iniciados na doutrina espírita, Josi sentou-se em uma das cadeiras de plástico de um grande salão onde as fichas para atendimento com o médium eram distribuídas na última sexta-feira (17). “Cheguei 13h30 da tarde, mas tinha gente aqui desde as 3h da manhã na fila”, comenta.

O ambiente arejado da estância em meio a flores e plantas, combinado a música instrumental ao fundo suavizava aquele momento de espera e esperança. Apesar da ansiedade pelas respostas às quais tanto procurava, era nítido o sentimento de resignação no semblante abatido. Quando falou do motivo pelo qual estava ali, a voz embargou e o choro foi inevitável.



“Vim com minha mãe e minha filha para Cuiabá para tentar me distrair um pouco. Perdi meu filho há 3 meses e está muito difícil. Ele lutou por três anos contra um câncer. Vim pra tentar me distrair, esquecer, mas não consigo”. Ian Bruno tinha apenas 21 anos.

Josi sempre foi evangélica, mas desde a morte do filho tem se aproximado da doutrina espírita. “Eles tem outra visão da morte, da reencarnação. Várias pessoas me aconselharam a procurar saber mais da doutrina, disseram que seria bom pra mim, para começar a entender a missão que meu filho teve aqui na Terra. Essa perda me fez repensar minha religião”.

Muitas pessoas passam a procurar a doutrina espírita justamente em momentos de pesar pelo falecimento, tentando encontrar explicações e maneiras de amenizar o sofrimento pela distância, como foi com Josi.

“A gente só começa a se interessar a partir do momento que acontece o que aconteceu comigo. Tudo que estou vivendo desde que meu filho partiu é diferente, eu preciso muito de ajuda, é muito difícil perder um filho. Eu tinha muito medo de perder pai, de perder uma mãe, mas na cabeça de uma mãe a gente nunca perde um filho antes, está tudo confuso na minha cabeça, eu vou precisar de muita ajuda”.

Além do apoio da doutrina, Josi comenta que recebeu e ainda recebe o auxílio e conforto de sua mãe e também da filha, que apesar de não serem espíritas não contestam a decisão dela de buscar mais informações.

“Minha mãe foi minha mão direita e esquerda, ela cuidou do meu filho para eu ir trabalhar e ela não me questiona não por eu procurar explicações no espiritismo, ela diz que eu tenho que estar onde for melhor para mim, onde eu me sentir bem. Então a opinião que interessa é dela e da minha filha. As outras pessoas não sabem o que eu passo, não sabe o que esta aqui dentro”, desabafa.

Apesar de Josi ter conseguido uma ficha de atendimento, ela garante apenas um primeiro contato e conversa com o médium Alaor e não que Josi receberá uma carta psicografada de seu filho. Aliás, muitas pessoas passam anos na tentativa de um contato com seus entes queridos. É o caso de Délia Fortes, que participa da sessão com o médium Alaor pela segunda vez.



“Ano passado eu já estive aqui, já presenciei a vinda do Alaor, não fui agraciada com a psicografia, mas só de estar presente, de ouvir as palestras já é um balsamo, um consolo. Hoje, por exemplo, eu já me sinto mais fortalecida e é como se eu já estivesse recebendo, parece que eu sinto meu filho aqui. A gente se reúne também com outros familiares, amigos que perderam seus entes queridos. Então é como se a gente renovasse a nossa força e a nossa fé”.

Délia também não teve o espiritismo como primeira religião, ela nasceu em família católica, mas diz que encontrou respostas para suas questões enquanto ser humano na doutrina espírita. “As dúvidas que a gente tem em relação a vida, a deus e a todos os valores essenciais para vida humana é a doutrina espírita que tem me respondido até hoje”.

Natural do Rio Grande do Sul, mas moradora de Cuiabá há 37 anos, ela explica que está ali para um contato com sua mãe, pai ou filho, este último ‘desencarnado’, como ela menciona, há dois anos após um ataque do coração fulminante aos 37 anos de idade.

“Meu filho enquanto vivo frequentava aqui, este mesmo centro, teve várias vezes aqui buscando um consolo. Ele faleceu repentinamente de um enfarto fulminante, vinha tratando a doença dele há um ano como refluxo, esofagite. Mas dizem que os sintomas do infarto são muito semelhantes da esofagite e refluxo, ele tinha dor no peito, falta de ar e vinha tendo crises quase que semanais, quinzenais. Infelizmente um dia ele tava dirigindo, vinha saindo do trabalho pra casa e sofreu esse infarto fulminante”.

A voluntária Germana Brandão sabe muito bem como as pessoas chegam até o centro espírita. Como as histórias de Josi e Délia ela conhece muitas outras e há 15 anos tenta compartilhar sua solidariedade com quem chega ao local necessitando de ajuda. Germana esteve presente em todas as seis visitas de Alaor Borges ao Wantuil de Freitas e conta à reportagem que as mulheres são maioria nas sessões.



“Eu venho para trazer um pouco de alegria para as pessoas que estão tristes, com saudade dos entes queridos que já partiram. Ver a alegria de um, choro de outro, principalmente daquelas mães que estão muito aflitas, sempre vem em busca de cartas de filhos, algumas vem pelo esposo, pai e mãe, geralmente dos parentes mais próximos”, relata Germana.

Germana é fisioterapeuta e conheceu o espiritismo enquanto cursava faculdade de filosofia. “Eu me considero espírita desde que eu comecei a estudar filosofia, e isso já tem 15 anos, mas eu acredito que todos somos, porque eu sou espírito e você é um espírito, nascemos espírito e morremos espírito”, afirma.

Além da busca por explicações de uma possível vida depois da morte ou consolo pela perda de alguém, há também aqueles que querem respostas para acontecimentos ainda em vida, como é o caso de seu Lourival Gonçalves da Cruz, cuiabano de chapa de 62 anos que além de perder dois filhos, já sofreu cinco Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), um infarto e chegou até a ficar com metade do corpo paralisado por um tempo. Para a reportagem, ele conta que nem os médicos souberam explicar como conseguiu se recuperar totalmente e que eles mesmos indicaram que viesse ao Wantuil de Freitas.



“A própria medica disse que eu sou um mistério pra medicina ‘Você não volta, do jeito que eu te vi você aleijado você não voltava pra estar assim bom’, ela me disse. O outro falou na minha cara ‘seu Lourival você ta doente, por que eu já te atendi várias vezes, mas sua doença nem todo médico descobre, procure o médico dos médicos’”.

Durante toda a vida, Lourival foi católico, mas alega sempre ter tido um contato com o mundo sobrenatural. “Eu toda a vida fui católico, mas toda a vida eu acreditei na vida após a morte. A bíblia condena, mas está errado, porque eu era motorista e viajava por esse mundão e você vê coisa que se eu te falar você não acredita. Trabalhei em navegação entre o Rio Cuiabá até Corumbá e você vê coisas. Se você falar pra pessoa a pessoa fala assim ‘esse cara é um doido, isso não existe’, não existe como rapaz? Eu sou doido, mas não sou burro, cada coisa que já me aconteceu”.

As histórias dessas e de muitas outras pessoas que passaram pelo Wantuil de Freitas, dos voluntários, do médium Alaor Borges, tudo está sendo documentado pelo jornalista Arthur Garcia.

“Estou produzindo um documentário pra mim, vou disponibilizar para o Marcio, porque é muito importante isso, é um momento que você consegue entender a nossa existência, o momento de acalentar o coração das pessoas. Estou aqui pra prestar esse lado solidário, que é o espiritismo, e eu estou aqui, com o equipamento que eu tenho para produzir para eles sem custo nenhum”, diz Arthur.



O jornalista conta que frequenta o centro desde quando era ainda dois barracões pequenos e destaca que o crescimento do local como referência no atendimento as pessoas e celebração da doutrina espírita se deu graças ao trabalho de algumas pessoas, como o diretor Márcio e o apoio de Cláudio, responsável por trazer o médium Alaor todos os anos.

A Associação Espírita Wantuil de Freitas está localizada na Rua Auta de Souza, nº 53 no bairro Primeiro de Março em Cuiabá. Mais informações sobre atendimentos e trabalhos realizados pela instituição no site AQUI e na página do facebook AQUI.
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