Imprimir

Notícias / Gastronomia

Parceria entre Univag e OIT capacita haitianas para produzir biscoito cuiabano

Da Redação - Fabiana Mendes

A falta de qualificação tem sido um problema para garantir emprego aos haitianos em Cuiabá, principalmente para as mulheres. A comunicação e as diferenças culturais são as principais dificuldades encontradas pelos imigrantes. Um grupo de mulheres haitianas que participou recentemente de um curso de culinária no Univag Centro Universitário, em parceria com Organização Internacional do Trabalho (OIT), está produzindo o tradicional biscoito cuiabano francisquito com o objetivo gerar renda para a família. O biscoito, a base de trigo e manteiga, ganhou uma releitura nas mãos das haitianas. Elas criaram uma identidade própria do biscoito, unindo a receita cuiabana com um ingrediente típico da culinária do Haiti, o amendoim.

Leia Mais:
Feira de artesanato na Assembleia Legislativa revela habilidades de servidores


A ideia deu certo e as haitianas começaram a vender os biscoitos em feiras e praças da capital, a intenção agora é padronizar essa receita para formalizar a comercialização e distribuição dos biscoitos em todo o comércio de Cuiabá e Várzea Grande. Para padronizar o produto, o curso de Gastronomia do Univag irá receber o grupo de imigrantes para uma nova capacitação, os chefes já estão formulando a padronização da receita do ‘francisquito haitiano’.

“Como elas escolheram e elencaram a receita com um ingrediente da culinária delas, os chefes do curso vão ajuda-las a padronizar a receita. Após isso será feita uma ficha técnica e rotulagem com valor nutricional para que possa tornar esse produto mais comercial, associado à marca delas. Elas terão um produto que pode ser registrado, isso fortalece o produto e facilita a venda e a distribuição em todo comércio da Baixada Cuiabana”, explica coordenadora do curso de Gastronomia Univag, Professora Doutora Adriene Alexandre Paiva.

A professora conta que a parceria do Univag com a OIT vai além da capacitação das haitianas. “Para desenvolver um produto para fins profissionais e comerciais é preciso uma cozinha bem equipada e nos padrões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Univag vai entrar com o planejamento dessa cozinha para que possa atender todas as exigências sanitárias e a produção do biscoito”, ressalta a professora Adriene, que destacou ainda a escolha do amendoim para incrementar a receita do tradicional francisquito. “Foi uma ótima escolha, combinou muito bem”.

O projeto piloto foi o primeiro realizado pelo Univag em parceria com a OIT. Durante a formação, as imigrantes aprenderam sobre culinária brasileira, mato-grossense e cuiabana. O curso também incluiu técnicas de panificação e confeitaria. “Nós tínhamos um grupo de 80 mulheres haitianas desempregadas, então fizemos um mapeamento sócio profissional dessas mulheres e 32 manifestaram interesse na área de gastronomia. Como já havíamos conversado com o Univag sobre a parceria, foi ai que elas participaram do curso de gastronomia sobre culinária brasileira”, conta a consultora e psicóloga da OIT, Bianca Pistólio.

A capacitação oferecida pelo Univag foi elaborada especialmente para atender as haitianas, elas aprenderam sobre a culinária regional dando novas releituras às receitas tradicionais com ingredientes típicos do Haiti. Além de capacitar as imigrantes, o curso estimulou o empreendedorismo, conceitos de economia solidária, direitos humanos e a legislação brasileira.

Empenhadas com o projeto, as haitianas estão ansiosas para iniciar a produção dos biscoitos.“Nós fazemos toda semana e esperamos conseguir uma renda para ajudar a família. Agora esperamos produzir ainda mais”, conta Viliane Yoleine, que vive há dois anos em Cuiabá e hoje integra o grupo com o objetivo de construir uma alternativa de geração e renda através do projeto.
 
Imprimir