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Após 10 meses sem boliche na grande Cuiabá, novo espaço resgata a prática do esporte e lazer

Da Redação - Vitória Lopes

O espaço é um clássico: o pino gigante estampado na parede e o som das bolas percorrendo a pista acendem o imaginário de quem já se divertiu com amigos e família em um boliche. Em 2016, o único estabelecimento restante de Cuiabá, o Strike Boliche, fechou as portas após 19 anos em funcionamento, e deixou os cuiabanos sem opção de praticar o esporte, seja por lazer ou profissionalmente.

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Após o hiato de 10 meses sem um comércio do ramo na região, Moreira de Ávila retornou de São Paulo e decidiu abrir o Gran Boliche, no Várzea Grande Shopping. Em suas próprias palavras, Moreira alinhou sua profissão com diversão, pois é jogador profissional e já se consagrou campeão de boliche diversas vezes. Ele coleciona títulos mato-grossenses, do centro-oeste, paulista brasileiro.  

“Comecei a trabalhar em um boliche na Avenida do CPA há 30 anos, onde eu levantava os pinos. Sai de Cuiabá aos 23 anos, na cara e coragem com o sonho de me tornar campeão de boliche e fui para São Paulo. Sempre pensei em voltar, porque minha família é daqui, e quando vi que não tinha nenhum boliche em Cuiabá, a ideia de um negócio próprio surgiu. O Shopping então me convidou para abrir o boliche”, comenta.

O gerente Benedito “Barata”, como é conhecido, é também um veterano da área. Ele começou levantando os pinos que caíam após os arremessos aos 14 anos, no primeiro boliche inaugurado, o Roleball. Naquela época, em 1993, tudo era feito manualmente. “Cada pista tinha um menino pra trabalhar, aqui na frente era marcado tudo manualmente, não tinha nem monitor e nenhuma máquina”, lembra.

Desde então, progrediu de “menino da pista” para gerente e trabalhou no Fred’s Boliche, que ficava no Goiabeiras Shopping, e no Strike. Barata foi testemunha da decadência dos dois comércios e chegou a inclusive, desmontar o próprio Fred’s. Entretanto, de acordo com ele, o fechamento se deu por má gestão, e não por falta de público.

“Acho que o movimento é bom, todo dia tem. Você chega no boteco pra conversar, às vezes marca um boliche pra sexta, todo mundo conhece. Acho que é um mercado que está crescendo. Tem cidade aí [no interior] que o pessoal abre boliche com só 4 ou 5 pistas”, diz o gerente, que atendia a casa cheia às 15h de uma quinta-feira, sendo grande parte dos clientes crianças que aproveitavam as férias.

Como esporte, o boliche também visa lazer e principalmente, inclusão. Pensando nisso, Moreira trouxe um diferecial para o Gran Boliche e promove diversos campeonatos ou partidas de cunho social e representativo.

Um campeonato foi organizado em prol do adolescente Sérgio Luiz Ferreira da Silva, o Serginho. O jovem nasceu com epidermólise bolhosa, doença genética rara caracterizada por grande sensibilidade na pele. O dinheiro das incrições do campeonato foram revertidas para o tratamento de Serginho.

Outro exemplo, foi o trabalho realizado em conjunto com a Secretaria de Educação de Várzea Grande. Cerca de 360 crianças de bairros periféricos foram conhecer o boliche e jogaram gratuitamente. “Já trouxemos a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) duas vezes, instituições que atendem crianças carentes. Também já atendi o Instituto dos Cegos, porque tem bastante cego que joga. Tudo por nossa conta, eles vem e se divertem bastante”, disse Moreira.

Atualmente, o Gran Boliche conta com dez pistas, todas equipadas com caneletas que sobem para crianças. Além disso, há uma área com seis mesas de sinuca e Air hockey. 

Bolicheiros profissionais

Em 1993, ao jogar boliche apenas por diversão com seu marido e filhos, Tereza Nobuko Belmonte não imaginava que futuramente seria presidente da Federação de Boliche de Mato Grosso (FBMT), hexa-campeã de Mato Grosso e conquistar medalhas de prata em Santiago (Chile) e Cali (Colômbia), além de participar do Campeonato Mundial de Adultos, em Las Vegas (EUA).

Jogadora profissional, Tereza explica que o boliche é um esporte inclusivo pois pessoas de todas as idades podem praticar. Essencialmente técnico, o jogo consiste em arremessar uma bola pesada para derrubar dez pinos de madeira. Ganha quem eliminar mais pinos com o menor número de arremessos. O máximo de pontos que se pode obter em uma partida é 300, chamado de “partida perfeita”.

“Em Cuiabá, o registro oficial de maior pontos numa partida é de 298 pontos, realizada pelo atleta Nelson Issamusaga, num campeonato individual realizado em meados de 1995”, revela Tereza.

Com uma rotina de muitas competições, os atletas cuiabanos se reuniam religiosamente às segundas-feiras no Strike Boliche para treinar. Entretanto, com o fechamento do local, os bolicheiros ficaram à deriva.

Com 35 anos de fundação, a Federação não perdeu as forças e continuou competindo. A FBMT já acumula 21 medalhas só do Campeonato Brasileiro de Clubes, pelos atletas da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Outro destaque é o atleta Felipe Ventura, que competiu nos Jogos Pan Americanos de 2017. “Naquele ano, ele foi o campeão individual e em 2017 esteve em 4º colocado no ranking nacional, ressaltado que a competência superou a falta de local para treinar em Cuiabá”.

Agora com o Gran Boliche, os bolicheiros voltaram a treinar, além de assinar uma parceria de torneios para chamar a atenção de novos jogadores. Tereza Belmonte se prepara para jogar com a Seleção do Brasil no XXXIII Confraternidad Deportiva Internacional Nikkei, em Santiago (Chile), de 6 a 12 de fevereiro.

Como fazer um strike?

Para aqueles que cobiçam o famoso “strike”, Tereza Belmonte dá algumas dicas:

“Para jogar boliche, o ideal é escolher uma bola adequada, cujo peso está entre 2,8 e 7,25 kg. Um sapato próprio também, ressaltando que as bolas e os sapatos são materiais importados”.

“A dica para jogar é escolher uma bola adequada de forma que os dedos fiquem confortáveis para segurar a bola de forma correta e fazer o lançamento de forma que a bola deslize na área central da pista para derrubar o máximo de pinos;  derrubando os dez pinos na primeira jogada, faz um "strike", explica.
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