O fato de Cuiabá estar inserida entre as 30 cidades mais violentas do ranking divulgado pela ONG mexicana Seguridad, Justicia y Paz para municípios com mais de 300 mil habitantes preocupa as autoridades locais. Como uma das sedes do Mundial 2014 e candidata a se tornar um pólo turístico no pós-Copa , a capital mato-grossense precisa reduzir o índice para evitar um vexame sem precedentes. Os números divulgados ontem pela ONG acusam que Cuiabá, com uma situação gravíssima, subiu uma posição na classificação geral, saindo do 31º para a 30º posto.
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E tirar Cuiabá desse patamar se tornou preocupação da Secretaria de Segurança Pública do Estado que esta semana confirmou: a capital não receberá nenhuma obra para a área de segurança pública voltada à Copa do Mundo. O secretário da Pasta, Alexandre Bustamante afirmou que os recursos da ordem de R$ 200 milhões destinados à segurança, serão revertidos em equipamentos e capacitação. Também não haverá contratação de efetivo.
“Não há mais tempo e nem necessidade de construir prédios”, afirma o secretário que, em entrevista ao site Olhar Direto manifestou sua preocupação em realizar trabalho específico visando reduzir o índice da violência até 2014. Admitindo que a cidade não pode chegar dessa forma a 2014, Bustamante destacou que o Plano de Segurança para o Mundial já está sendo colocado em ação.
“Estamos investindo pesado em tecnologia com aparelhagem moderna”, disse o secretário, observando que ao invés de obras, os recursos serão aplicados em equipamentos de primeiro mundo. Entre as novidades, estão um imagiador aéreo, que já está em fase final de aquisição. O sistema de comunicação passará do analógico para o digital e haverá aquisição de viaduras para bombeiros, Politec e PM. A comunicação será aprimorada com 200 tablets. O centro de comando de controle que deveria receber um prédio, funcionará em espaço de uma estrutura do Estado.
Bustamante lembra que no início da semana chegou a capital um carro blindado para serviço do Bope (Batalhão de Operações Especiais). O novo veículo, à prova de balas de grosso calibre é o mais moderno do país. Fabricado em São Paulo e com tecnologia de ponta na área de segurança, o ‘caveirão’, como é chamado, estará à disposição do batalhão para operações na Grande Cuiabá nos próximos dias.
“Não é imprescindível investir em prédio, mas em serviços”, ressalta Bustamante, argumentando que “Mato Grosso vai cumprir sua matriz de responsabilidade com o fortalecimento da segurança aproveitando os recursos de forma sistêmica”.
Conforme Bustamante, todos esses investimentos são graças ao Mundial, mas não são apenas para o Mundial. “A Copa vai passar e o legado ficará para a sociedade”, observou o secretário, que admite: “Se não fosse a Copa, Mato Grosso jamais receberia esse forte incremento na segurança”.
Violência
Sobre os números da violência, Bustamante vê Cuiabá na contramão das cidades com taxas mais alarmantes. “A violência em Mato Grosso tem diminuído, enquanto no restante do país, a tendência é de aumento”. Ele aponta que enquanto nos outros estados o crescimento da violência está sendo na ordem de 8% a 10%, em Mato Grosso, está havendo um recuo de 10% a 12%. A expectativa é de chegar em 2014 com notável redução neste nível, diz o secretário.
Ranking da violência
O ranking elaborado pela ONG mexicana considerou o fato de Cuiabá apresentar taxa elevada de homicídio, comparável às metrópoles mais violentas do mundo. Entre as cidades brasileiras, Cuiabá só é superada na taxa de homicídios por capitais como Recife (PE), Maceió e Belo Horizonte (MG).
Ter subido no ranking, não quer dizer que Cuiabá se tornou uma cidade mais violenta, em termos gerais. A cidade que na lista anterior havia ficado em 31º lugar (taxa de 48,3 por 100 mil), melhorou seu indicadores no ano passado, mas acabou por piorar sua posição no ranking: subiu quatro postos, com 380 homicídios e taxa de 45,2 por 100 mil. Para chegar aos números de 2012, a entidade considerou um levantamento da Polícia Civil que somou os homicídios de toda a área metropolitana, onde se inclui Várzea Grande que em 2012 levou o título de cidade mais violenta de Mato Grosso.
Outra vez, a campeã é a cidade de San Pedro Sula, em Honduras, que computou 1.218 homicídios no ano passado e atingiu uma taxa de 169,3 casos por 100 mil habitantes. A pior brasileira é Maceió (AL).
Comparados aos rankings de 2011 e 2012, há evidentes melhoras e retrocessos no controle da violência em várias cidades de diferentes países, aponta o estudo, que considera mais grave a situação de Honduras, Venezuela e México.
Há o outro lado da moeda. O estudo destaca as melhoras na situação de cidades que se tornaram referência, como Johanesburgo (África do Sul), que baixou seus índices a ponto de sair da lista. Vale lembrar que Johanesburgo recebeu aparelhagem para melhorar a segurança público no advento da Copa do Mundo de 2010, quando o país sul-africano sediou o Mundial.
Os números da capital mato-grossense se mantiveram estáveis com uma tendência para a queda. Cuiabá registrou em 2012, um total de 214 homicídios dolosos, uma redução em relação ao ano de 2011, quando a Capital somou 230 homicídios dolosos. A taxa de homicídio doloso por 100 mil habitantes em Cuiabá foi de 38.12, no ano passado, enquanto em 2011 foi registrada uma taxa de 41.34.