O discurso dos membros da Fifa quando se trata de Cuiabá é um só: “É a cidade que mais está aproveitando a Copa do Mundo e que terá o maior legado”. Porém, isso não parece se estender para o turismo do estado, pelo menos até o momento. Com isso, Mato Grosso do Sul, mesmo ‘fora’ da Copa, aproveita a proximidade com a capital mato-grossense e investe pesado no setor.
Até o momento, pouco se vê em investimento no setor turístico de Mato Grosso e o Estado acaba ficando para trás nesta questão. Caso houvesse investimento a cidade poderia aproveitar para se fixar de vez na rota do turismo brasileiro e até mundial.
Foi disponibilizado ao Estado R$ 13.762.747,54 para desenvolvimento turístico na Copa do Mundo de 2014. No Portal da Transparência estão listados projetos e ações como: Acessibilidade nos Atrativos Prioritários: Centro Histórico; Adequação de atrativos turísticos de Cuiabá para possibilitar a acessibilidade visando a Copa do Mundo de Futebol de 2014; CATs (Centro de Apoio ao Turista): implantação de novos CATs na Praça Popular (Eurico Gaspar Dutra) e no distrito do Coxipó do Ouro. Aquisição de dois CATs móveis (veículo adaptado) para uso na FIFA Fan Fest e no estádio; implantação de sinalização turística em Cuiabá visando a Copa do Mundo; sinalização turística: pontos turísticos de Cuiabá e entorno. Porém, até agora nada disso foi feito ou contratado.
Segundo Portal da Transparência governo não utilizou verba para ações turísticas
Já Mato Grosso do Sul não mede esforços para acelerar o crescimento do setor. Há tempos já é feita uma promoção das belezas naturais do Estado, tanto no Brasil, como no exterior: “Nós temos uma parceira com a Embratur e empresas internacionais. Para a Copa do Mundo nós estamos intensificando a campanha”, revelou ao
Olhar Copa a presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), Nilde Brun.
Nilde ainda explica que “haverá promoção também dentro de aeroportos, em empresas aéreas e revistas regionais. Não somos sede, mas somos destino turístico. Durante a Copa das Confederações também houve este investimento”. Segundo a Agepan (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul) o local poderá ser o quarto mais requisitado do país nesta questão.
Bonito (MS) ganhou destaque internacional recentemente. A cidade recebeu o prêmio de melhor destino de turismo responsável do mundo, em Londres (Inglaterra): “Nós estamos concorrendo a outra premiação que será divulgada na China, em abril. Isso coloca o Estado em uma vitrine muito importante”, disse a presidente do Fundtur. A cidade que foi escolhida 13 vezes consecutivas como o melhor destino de ecoturismo do Brasil ainda deve receber um dos maiores eventos do setor este ano: “Em abril devem vir representantes de 45 a 50 países durante a conferência”, argumentou Nilde. Uma divulgação de Mato Grosso do Sul também será feita nos Estados Unidos, a convite da ONU (Organização das Nações Unidas).
A infraestrutura do município também está sendo explorada. O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), já autorizou as devidas adequações para que o aeroporto da cidade suba de categoria e possa receber mais voos. O aeródromo poderá receber aeronaves de até 140 passageiros. Bonito já conta com dois voos semanais saindo de Campinas (SP) e a empresa aérea que atende a região pretende implantar mais um.
Aeroporto de Bonito (MS), ganhou investimentos e poderá receber mais passageiros
O número de turistas que freqüentam a região cresce a cada ano segundo a Fundtur – de 9% a 10%. “A expectativa é que com esses grandes eventos este ano, nós possamos chegar a um crescimento de até 15%. Nos informaram que até o carnaval está tudo lotado, já superamos a marca de 2013 nestes primeiros meses”, disse Nilde Brun. A presidente da Fundação ainda ressalta que os investimentos não são apenas por conta de grandes eventos: “A Copa do Mundo é algo pontual, depois de um tempo termina, o que nós fazemos e o que conquistamos até agora é resultado de um trabalho contínuo, de vários anos”.
Em Mato Grosso situação é completamente diferente
Uma das ações previstas para o turismo em Mato Grosso era o teleférico em Chapada dos Guimarães, porém mesmo após um investimento de R$ 579 mil, o projeto não avançou. Segundo o secretário Extraordinário da Copa do Mundo (Secopa), Maurício Guimarães, a falta de tempo e recursos para a execução da obra seriam o motivo da desistência.
A falta de investimentos para que o setor seja aproveitado durante o Mundial de 2014 gerou críticas do deputado estadual, Ezequiel Fonseca (PP), ele alertou o risco da cidade dar vexame neste quesito: “Está sendo cometido um grande erro estratégico a respeito do nosso desenvolvimento econômico, ao não se investir corretamente no fortalecimento do turismo para aproveitar a realização da Copa”.
O deputado ainda afirma que este sim seria um legado para Mato Grosso, pois geraria renda e aumentaria o número de empregos: “Até 2021 o turismo será responsável por 2,9% do PIB mundial (US$ 2,865 trilhões) segundo a Organização Internacional do Turismo (WTTC, sigla em inglês). Estudo Técnico da Federação do Comércio de São Paulo, conclui que serão criados 2,8 milhões de empregos diretos em nosso País, até 2021”.
“Muitas perguntas são feitas, porém sem respostas. Para onde vão os turistas depois dos jogos? O que teremos a lhes oferecer de diferente? Aqueles que ficarem doentes ou necessitando de atendimento médico e hospitalar, vão ser atendidos em que locais? Nas policlínicas de Cuiabá, onde o atendimento médico, por mais simples que seja, chega a demorar até seis horas?”, indaga Ezequiel.
O Governo do Estado pouco investe no setor de turismo. Até o momento a recuperação do Complexo da Salgadeira continua 'empacada' e é pouco provável que fique todo pronto até o Mundial de 2014. A reportagem do
Olhar Copa, não conseguiu localizar a assessoria da Secretaria de Estado de Desenvolvimento do Turismo (Sedtur), que é responsável pela obra, para obter maiores detalhes.
Leia outras notícias do Mundial 2014 no Olhar Copa