Depois do início das intervenções para a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos, o trânsito na avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha) ficou à beira do caos. A via que recebeu um bloqueio ocupando o canteiro central e uma faixa de cada pista (ida e vinda), se transformou em um dos piores gargalos para a população e despontou, junto com a avenida do CPA, como o principal ‘abacaxi’ do plano de mobilidade urbana de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014. À frente das escavações, o consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela implantação da via permanente (trilhos) do novo modal parece lento, enquanto milhares sofrem com os congestionamentos.
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Obras do VLT na Prainha provocam forte impacto
Cercada por tapumes, um trecho de aproximadamente 800 metros, entre as imediações do Colégio São Gonçalo até as proximidades da Praça Ipiranga virou um ‘pesadelo’ para motoristas, pedestres e comerciantes. À medida em que o trabalho de reforço do canal da Prainha avança, os tapumes tomam conta da via, ampliando o ‘afunilamento’ para o trânsito e dificultando a vida dos pedestres. Ao longo da via, inúmeros acidentes já foram provocados devido ao estreitamento.
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A falta de espaço e ações mal organizadas na Prainha têm feito com que motoristas desavisados fiquem dando voltas pelo centro da cidade à procura de saídas para seu destino. Ao contrário do que acontece no entorno do aeroporto Marechal Rondon e nas proximidades de obras de viadutos e trincheiras, onde sobram placas de orientação, a sinalização é precária na Prainha. Assim, muitos condutores ficam perdidos, terminando por levar mais congestionamentos ao centro da cidade.
O motorista que segue do Porto no sentido centro e precisa subir a avenida Dom Bosco, tem que subir a Getúlio Vargas, até encontrar a rua 13 de Junho, onde é feito o contorno. O fechamento da entrada para a avenida Dom Bosco, sem a preparação de rotas de desvio, deixou muitos motoristas irritados.
“Fiquei completamente desorientado, circulando pelo centro. Deveria haver placas de sinalização para nos auxiliar ou pelo menos algumas soluções para errarmos menos. Tudo bem que temos que ter paciência com essas obras da Copa, mas aceitar falta de organização, não dá. Está virando um caos. Nem quero imaginar quando essas obras chegarem na altura da avenida Mato Grosso”, reclamou o autônomo José Gonçalves Ribeiro que argumenta não ter outra rota para seu destino.
A exemplo de José Gonçalves, inúmeros condutores passam pela mesma situação todos os dias naquele trecho. Com o avanço da frente de trabalho do VLT, que prevê chegada à Praça Ipiranga nas próximas semanas, muitos temem o estabelecimento do caos total para o trânsito em pleno centro da cidade. Quando ocorrem pequenos acidentes, formam-se enormes filas ao longo da avenida e praticamente todos ficam ‘ilhados’ por muito tempo.
O estreitamento também coloca em risco a vida de pedestres que, quando precisam atravessar a pequena ‘passarela’, em frente à avenida Dom Bosco precisam redobrar a atenção, já que os tapumes atrapalham a visibilidade. Em um longo trecho de 800 metros, aquele é o único ponto de cruzamento da via. Não faltam reclamações:
“Nossa vida ficou difícil desde o início dessas obras. Está faltando atenção e sinalização na avenida Prainha. Esperamos celeridade do Governo e do consórcio para a conclusão dessa obra. Não agüentamos mais esses transtornos”, declarou Luis Heraldo Lima, pizzaiolo que se diz prejudicado com os tapumes da Prainha. “A população não suporta desorganização e falta de segurança. Resolvam logo isso”, sugeriu.
O comércio às margens da Prainha também sofre muito. “Fecharam o canteiro central e acabamos por perder a referência. Já está difícil circular pelo centro da cidade. Chegar até o nosso comércio então, piorou muito”, afirmou João Paulo Araújo, administrados da loja ‘Só Utilidades’ que reclamou do isolamento. Segundo ele, o movimento em seu comércio foi muito reduzido e os lucros caíram drasticamente. “Não sou contra as obras da Copa, mas deveria haver mais respeito com o comércio. Muitos estão falindo devido às dificuldades para os clientes chegarem às lojas. Estamos sendo prejudicados e não recebemos qualquer tipo de incentivo fiscal”, ressaltou João Paulo.
Planejamento bom, organização ruim
Ciente das dificuldades e problemas que o comércio na avenida Prainha vem enfrentando, o diretor do conselho fiscal do CDL (Câmara dos Diretores Lojistas) de Cuiabá, Sérgio Odilon Rotini crê entender o que está acontecendo na avenida Prainha. “O planejamento para as obras do VLT até que foi bem feito. O que não está funcionando é a sua organização”, ressalta, citando que a execução deveria ocorrer por módulos, o que não estaria ocorrendo. Dessa forma, as obras estariam sendo tocadas contrariando seu planejamento, gerando transtornos maiores e desfavorecendo motoristas, pedestres e comerciantes.
População é orientada a evitar Prainha
Com poucas ações para ajudar, as autoridades do município já avisaram que os motoristas devem evitar as avenidas Prainha e do CPA (Rubens de Mendonça), enquanto estiverem em obras. A orientação do diretor de trânsito da Secretaria Municipal de Transporte Urbano (SMTU), Michel Diniz, é para que os condutores fujam dos transtornos buscando vias paralelas.
Duas frentes de trabalho colocaram o eixo CPA-Prainha à beira do caos . Na Prainha uma frente está atuando no reforço do canal para que venha a suportar o peso da estrutura da via permanente e resistir ao tráfego dos trens. Na avenida do CPA, ocorrem duas ações, sendo uma na altura do supermercados Comper, onde uma equipe atua na construção da trincheira Luis Felipe e outra com os trabalhos de remoção dos canteiros, sondagens e escavações.
Essas vias foram estreitadas para isolamento da área de trabalho. As máquinas foram chegando, os cones foram sendo espalhados e os tapumes fixados, reduzindo a vazão e até a visibilidade nas duas vias em um trecho superior a quatro quilômetros.
Michel Diniz recomendou que motoristas procurem rotas paralelas e tenham mais paciência com o trânsito. “As avenidas Prainha e do CPA sofreram um ‘estrangulamento’ e devem ser evitadas neste período crítico de obras. Nossa recomendação é para que os condutores procurem trafegar mais pela avenidas Beira Rio, Senador Metelo, parte superior do Centro Norte e vias do bairro Dom Aquino”.
Ao explicar a demora nos trabalhos na instalação da via permanente, o engenheiro de tráfego da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), André Bento explicou que os atrasos se devem à remoção das interferências no canteiro central, como adutoras de água, cabeamentos e fibra ótica. A Secopa e o consórcio VLT alertam que os congestionamentos serão ampliados nos próximos meses com a abertura de trabalhos em novos pontos da avenida.
A perspectiva é de que em fevereiro, com o fim do período de férias e o avanço das frentes de trabalho, as avenidas da Prainha e do CPA tenham os transtornos maximizados para o trânsito. Presume-se que se não forem criadas rotas de desvios e não forem tomadas outras medidas, essas vias poderão entrar em situação de colapso.
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