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20/09/2013 - 15:00

Ex-parceiro de Teixeira é recebido no Planalto representando banco; empresa nega vínculo

ESPN

 O mais misterioso e enigmático personagem da "era Ricardo Teixeira" no futebol brasileiro parece estar de volta e com poder nas altas esferas federais. Em mais uma história com lacunas a serem preenchidas, Claudio Honigman foi recebido pela Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, no último dia 21 de agosto, constando da agenda oficial da instituição como "Presidente do Banco Mizuho no Brasil".

No entanto, procurado pela reportagem, o Banco Mizuho do Brasil rejeitou, em nota oficial, por meio de sua assessoria de comunicação, que o ex-amigo de Ricardo Teixeira represente a instituição no país, conforme a agenda da Casa Civil anunciou na data.

"O Banco Mizuho do Brasil esclarece que o Sr. Claudio Honigman não é funcionário desta Instituição, consequentemente, ele não é presidente deste Banco no Brasil e nem representa a Entidade no Brasil em nenhuma circunstância. Sendo assim, a Entidade esclarece que não participou do evento de 21 de agosto de 2013 na Casa Civil e desconhece referida pauta", diz a nota.

Questionada também pela reportagem sobre o encontro e sobre a pauta, a Casa Civil, por meio de sua assessoria, confirmou o encontro da Ministra Gleisi Hoffmann com Claudio Honigman.

"A reunião aconteceu e a pauta foi a apresentação do Programa de Investimento em Logística (PIL), seguindo uma série de encontros da ministra sobre o tema". Numa segunda checagem sobre as credencias de Honigman como representante do Banco Mizuho no país, a assessoria reconfirmou o que estava na agenda oficial: "Como representante do banco, conforme agenda publicada na data".

O nome de Honigman surgiu pela primeira vez em reportagem da Revista ESPN de março de 2010. Como o terceiro e mais oculto e misterioso nome da Santíssima Trindade que comandava os negócios da seleção brasileira: Ricardo Teixeira, Sandro Rosell e ele. A reportagem mostrava sua misteriosa saída do Brasil, no dia 19 de novembro de 2008. Por coincidência, o mesmo dia de Brasil 6 x 2 Portugal, em Brasília.

De acordo com os computadores da Infraero e da Polícia Federal, haviam duas reservas: uma no voo 455 da Air France, para Paris, provavelmente no qual embarcou, e uma em outro para Nova York. Era esperado pelos amigos Ricardo Teixeira e Rosell. Nunca mais apareceu para eles. Foram tempos duros para Teixeira, que, segundo amigos mais chegados, teria sofrido um desfalque em suas contas.

Em setembro de 2011, nova reportagem da Revista ESPN mostrou que Sandro Rosell e Claudio Honigman eram sócios na Brasil 100% Marketing e que Ricardo Teixeira era sócio oculto da empresa.

Em 10 de outubro de 2010, Claudio Honigman chegou a ter a prisão decretada por falta de pagamento de pensão para a ex-mulher, mãe de três filhos dele, Nathalie Peackock.

Em 2005, Meinolf Sprink, diretor da Bayer AG, proprietária do Bayer Leverkusen, afirmou que a Brasil 100% Marketing oferecia a seleção brasileira para centros de treinamento alemães em nome da CBF. A empresa de marketing de Honigman também esteve envolvida na compra de um avião, oferecido antes para Ricardo Teixeira. O avião depois foi vendido para uma terceira empresa, a Ailanto, de Rosell, investigada pelo MP do Distrito Federal por organização fraudulenta do amistoso Brasil 6 x 2 Portugal.

O convidado da Casa Civil no dia 21 de agosto teve o nome envolvido em outras tantas histórias. Em 17 de dezembro de 1997, de acordo com o processo 00-127 da Bolsa de Nova Iorque, o procurador daquela instituição, Milton Stein, acusou o brasileiro de manipular o preço de ações, realizando uma manobra conhecida como "operação casada", onde duas pontas trocam grande número de ações simultaneamente. A movimentação realizada naquele dia envolvia US$ 80 milhões.

Circulou livremente pelos ambientes da seleção brasileira em 2006, na Copa da Alemanha, com Ricardo Teixeira. Na foto desta reportagem, está al mare com Ricardo Teixeira e Sandro Rosell, tendo como testemunhas apenas as respectivas mulheres e o Mar Mediterrâneo, na dolce vita a bordo do Blue Harem, iate de 138 pés, ou 42 metros de extensão de proa a popa e a bagatela de 100 mil euros semanais de aluguel.

A volta do misterioso personagem e seu acesso aos gabinetes do Palácio do Planalto como está na agenda oficial, "Presidente do Banco Mizuho no Brasil", deixam algumas perguntas no ar.

- Se o Banco Mizuho nega que Honigman "represente a Entidade no Brasil em nenhuma circunstância. Sendo assim, a Entidade esclarece que não participou do evento de 21 de agosto de 2013 na Casa Civil e desconhece referida pauta", resta entender:

- Por que ele estava lá?
- Como chegou e teve acesso?
- Quem representava de fato?
- Qual era a pauta de fato?

A reportagem tentou entrar em contato com Claudio Honigman. Assim como nas outras vezes, não obteve sucesso.

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