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03/04/2014 - 15:05

Blogueiro do R7 aponta 'segregação' e diz que Arena Pantanal envergonha o país

Da Redação - Darwin Júnior

Foto: Reprodução

Operários que trabalham na contruação da Arena Pantanal foram 'segregados' na inauguração do estádio, segundo jornalista do R7

Operários que trabalham na contruação da Arena Pantanal foram 'segregados' na inauguração do estádio, segundo jornalista do R7

Falar da Arena Pantanal parece estar rendendo muito a jornalistas da imprensa nacional. Depois do blogueiro Paulo Vinicius Coelho, o PVC (ESPN), que afirmou ter levado um 'susto' com a cidade em obras e ainda questionou a capacidade de Cuiabá para sediar jogos da Copa do Mundo (veja matéria aqui), nesta quinta-feira foi a vez do jornalista Cosme Rímoli, que tem um blog no portal R7 disparar pesadas críticas de falhas verificadas durante a inauguração da Arena Pantanal, ocorrida na noite desta quarta-feira (2), com o jogo Mixto x Santos. Rímoli aponta uma 'segregação' com os operários que construíram o estádio e enfatiza que a Arena Pantanal envergonha o país.

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O bloqueiro do R7 foi ainda mais duro e incisivo que PVC. Ao avaliar o estádio de Cuiabá para a Copa do Mundo, ele aponta a construção de um 'elefante branco' para uma cidade com fraquíssimo futebol. Com um custo de R$ 570 milhões do dinheiro público, Rímoli vê o estádio como um 'exagero criminoso' para apenas 11 dias de serventia na Copa. O jornalista fala que 'a sorte reservou partidas sem destaque algum do Mundial para a cidade' e que depois disso, 'acabou a Arena Pantanal'.

Pontuando inúmeras falhas que vão desde iluminação, bilheterias, acessibilidade e goteiras, até o resultado do jogo de estreia, que ficou no zero a zero, o jornalista ainda destacaria o pior erro, com uma comparação à escravidão. Fazendo uma alusão à segregação racial, Rímoli denuncia que os operários que receberam ingressos para assistir ao jogo inaugural, foram 'separados dos torcedores normais'. Cerca de 1.200 trabalhadores, com suas famílias, teriam sido colocados para sentar no cimento.

A assessoria de imprensa da Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa) prometeu averiguar a situação e esclarecer ainda nesta quinta-feira (3) sobre a questão da distribuição de ingressos e vagas para os funcionários da Arena Pantanal.

Confira a publicação do jornalista Cosme Rímoli nesta quinta-feira, através de seu blog no portal R7:

Vá ao cinema.
"12 anos de Escravidão" é um ótimo filme.
Não vou esmiuçar o enredo.
Mas peço, se atender a minha recomendação, um favor.
Reparar nas pessoas quando as luzes do cinema forem acesas.
A revolta pela maneira com que os escravos eram tratados.
Chibatadas à parte, vale se fixar na diferenciação.
As famílias abastadas do Sul dos Estados Unidos eram rígidas.
Os negros não podiam entrar sem ordem na 'casa grande'.
Que usassem sua senzala.
Mesmo nos cultos religiosos, havia a separação aos escravos.
Cada um do seu lado.
Sem proximidade.
Mesmo com o fim da escravidão, a diferenciação permaneceu.
A segregação continuou nos Estados Unidos até por volta de 1960...
Há pouco mais de 50 anos havia lugares nos ônibus, banheiros, escolas para negros.
Os brancos não deveriam casar com negros.
Simples namoros entre 'casais mistos' eram considerados estupros se o homem fosse negro.
Haviam bebedouros para crianças brancas nos parques de diversão.
As negras não podiam se aproximar.
Líderes como Martin Luther King, Malcom X enfrentaram o sistema.
A luta foi terrível, sangrenta.
Principalmente no Sul do país.
Onde, não por acaso, a verdadeira história de '12 anos de Escravidão' se passa.
Martin e Malcom mobilizaram os Estados Unidos para acabar com a segregação.
Morreram assassinados, mas conseguiram seu intento.
Hoje qualquer tipo de diferenciação é denunciado e punido exemplarmente.
Esqueça por um momento dos Estados Unidos.

Pense no Brasil, no Mato Grosso, na inauguração da Arena Pantanal ontem.
2 de abril de 2014.
Elefante branco assumido para 40 mil lugares.
Com o futebol fraquíssimo de Cuiabá, o estádio é um exagero criminoso.
Custou até agora R$ 570 milhões.
Exatos 100% do dinheiro público.
Terá serventia garantida por 11 dias.
Sediará quatro jogos da fase de classificação.
A sorte reservou partidas sem destaque algum.
Chile x Austrália, Rússia x Coreia do Sul...
Nigéria x Bósnia-Herzegovina e Japão x Colômbia.
O primeiro jogo, entre chilenos e australianos, será no dia 13 de junho.
O último, entre japoneses e colombianos, dia 24 de junho.
E acabou a Copa do Mundo para a Arena Pantanal.
Apesar de o país saber que sediaria a Copa em 2007, a obra começou em 2010.

A data que o governo do Mato Grosso se comprometeu a entregar a obra...
Dezembro de 2012.
Sim, 2012.
Ela foi inaugurada ontem.
Com cerca de 97% pronta.
Os alegados 3% que faltavam foram complicados.
Os relatos de quem esteve lá não deixam dúvidas.
Sem obras básicas de acesso, a lama dominou a entrada do estádio.
Marcos LamdimTCCA03 A Arena Pantanal envergonha o país. Segrega operários e seus familiares. Tiveram de sentar no cimento. Longe das cadeiras que instalaram ou dos camarotes que construíram. Este é o Brasil...
Banheiros sem água, outros entupidos.
As bilheterias eletrônicas não funcionavam.
Vários lugares com o cimento exposto, sem a colocação de piso.
Falta de iluminação ao redor da arena.
Não havia lugar para cadeirantes.
Eles foram colocados nos corredores, das arquibancadas.
O que é proibido em qualquer lugar civilizado do planeta.
Goteiras nos corredores do estádio.
E agora vem o problema ainda mais revoltante.
Das 40 mil cadeiras, apenas houve tempo para a instalação de 20 mil.
Elas foram vendidas.
Nos camarotes confortáveis havia comida e bebida liberadas.
Mas só para os convidados do governo.
Para eles foi uma comilança gratuita.

O Mixto recebeu o time reserva do Santos pela Copa do Brasil.
Foi um triste 0 a 0.
Mas vale a pena analisar foi a situação dos 1.200 operários convidados.
Vários levaram mulheres e filhos.
Estavam todos orgulhosos.
O que seria um gesto nobre do governo, na prática, acabou indecente.
Os homens que trabalharam para levantar o estádio foram segregados.
Tiveram de ficar em um lugar separado dos torcedores 'normais'.
Havia portão diferente que garantia a falta de contato.
Só poderiam usar os banheiros que estavam no seu setor.
Assim também como as lanchonetes.
Mal providas, a comida logo acabou.
Mesmo assim não podiam circular pelo estádio buscando alimento.
E a cereja do bolo.
Não havia cadeira alguma para os operários.
Tinham de sentar no cimento.
Cadeira só para quem pagou ou foi convidado.
Humilhação para os trabalhadores.
Segregação na sua forma mais pura.
Quem assistir 12 anos de Escravidão vai poder comparar.
Quando há um culto religioso, os brancos confortáveis de um lado.
Os negros, amontoados, do outro.

"Trabalhamos duro aqui e não pudemos nem sentar nas cadeiras. No bar que tivemos acesso, não tinha comida. Acho uma sacanagem conosco, já que fizemos parte dessa construção. Na hora da parte boa, nos deixam desse jeito."
O desabafo foi do montador Edinaldo Santana.
Ele teve coragem de se identificar.
Falou ao Globoesporte.com.
Vários outros operários reclamavam mas tinham medo de represálias.
E não diziam seus nomes aos repórteres que estavam lá.
O que pode até custar caro ao indignado Edinaldo.
Em coletiva, o secretário da Secopa do Mato Grosso, Marcelo Guimarães falou.
Estava feliz.
"Saio muito satisfeito. Com o resultado da partida, já que o Mixto levou o jogo para a Vila Belmiro, e com o comportamento da população. As pessoas vieram para ver um grande jogo, para conhecer uma arena de primeiro mundo. Se sentiram dentro de um estádio fora do que estavam acostumados. Foi muito positivo. Ainda falta muito trabalho para que estejamos aptos a realizar a Copa do Mundo. Porém, todas as forças funcionaram dentro da normalidade. Governo, segurança, saúde, trânsito, e a evacuação do estádio foi muito boa. Em menos de três minutos já não havia mais torcedores dentro do estádio."

Lógico, não falou uma palavra sobre a condição dos operários no jogo.
Nem lembro do pedaço do estádio, em cima.
Onde só havia cimento para sentar.
A Arena Pantanal envergonha o país. Segrega operários e seus familiares. Tiveram de sentar no cimento. Longe das cadeiras que instalaram ou dos camarotes que construíram. Este é o Brasil...

Foi como se eles não existissem.
Os que vestiram suas melhores roupas, levaram mulheres e filhos.
E foram colocados para sentar no cimento.
Até para preencher o vazio da obra incompleta.
Tristes figurantes de mais um estádio atrasado...
Mas de lá podiam ver quem tinha dinheiro desfrutar das cadeiras.
Cadeiras que eles mesmos instalaram e não puderam sentar.
E os 'amigos' do governo se esbaldar nos camarotes.
Camarotes que construíram e não puderam chegar perto.
E depois ir embora pelos portões por onde entraram.
Sem o menor contato com quem pagou ou foi convidado para os camarotes.
Vergonhoso.
Esse foi apenas um exemplo perdido de como as coisas acontecem no Brasil.
País que onde a discriminação é escancarada.
Que chegue logo a Copa do Mundo em Cuiabá.
Com suas quatro partidas da fase de classificação.
11 dias de utilidade real.

Depois?
Ninguém sabe.
Ninguém quer saber.
Assim o país gastou mais R$ 570 milhões dos seus cofres públicos.
E ainda por cima aproveitou para lembrar ao mundo.
Lugar de gente pobre é no cimento, longe dos abastados.
Como se tivessem lepra.
Fossem os intocáveis na Índia.
Ou simplesmente negros no Mississipi dos anos 60.
Esses mesmos abastados vão ao cinema no shopping center de Cuiabá.
E choram ultrajados vendo 12 Anos de Escravidão.
Que Brasil é esse?

Cosme Rímoli/R7

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Exibindo de "01" à "10" do total de "52"

por dimelo, em 04/04/2014 às 20:06
Os críticos de plantão, estão como burros puxando carroças, que só enxerga o caminho por onde anda. Mas a copa do mundo a ser realizada no Brasil, contribuiu para a redução do desemprego para próximo de 5%, e além disso, esta especializando e melhorando o nível profissional das pessoas envolvidas. Muitos engenheiros, arquitetos, grandes mestres, e até mesmo professores universitários nunca viram obras tão monumentais como as que estão sendo realizadas. A copa do mundo com suas obras e estádios monumentais, poderá ser considerada a entrada para o seculo 21, como uma grande escola, mostrando a competência da construção civil, juntamente com a dedicação de brasileiros. Os entraves burocráticos, pessoas mal intencionadas e funcionários públicos corruptos, isto sim é um assunto a ser julgado. O tempo não perdoa os mau caráter, mas, o mesmo tempo vai glorificar os construtores de tão belas e uteis obras.
por carlos messias, em 04/04/2014 às 17:15
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por Observador/ Jaciara, em 04/04/2014 às 10:19
Felizmente as verdades sobre a dita copa, começaram aparecer, copa essa que só da lucros pra FIFA E REDE GLOBO, pois as despesas ficarão pro nosso bolso, enquanto a saúde, as rodovias e a educação continuam sendo um caos sem precedentes. Fico a imaginar que se valor da ARENA PANTANAL (600 Milhões) fosse adquirido todo em ambulâncias para o SAMU/SAÚDE, daria pra comprar 5000 viaturas, ou seja 35 para cada município, mas esse é o País do Futebol, a Pátria de chuteira, chuteira essa que a FIFA usou no nosso traseiro. Pois agora ficaremos com a conta em 30 anos, enquanto uma meia dúzia ficou com o lucro. EU SEMPRE FUI CONTRA A COPA, DESDE O ANUNCIO. Proteste você também, no horário dos jogos, ligue todos seus aparelhos elétricos ( Ar condicionado/ Chuveiro/ Ferro/ microondas/ ventiladores/ TV/ SOM/ ) vamos causar um blecaute no sistema elétrico, comece sua campanha nas redes sociais. Vamos parar esse país no dia de jogos da copa.
por salamanda, em 04/04/2014 às 10:01
....Para criticas, são inumeras as quantidades de pessoas, e uma pena que tem pessoas que só sabem ver defeitos em tudo, principalmente se eh em outros...porém se esquece de que nada eh perfeito, e que se olharmos para os resultados bons...deixaremos que o lado ruim invadem o nosso cotidiano...e isso vale tanto pra criticar ações ou seja o que for de outras pessoas, como para nossa vida mesmo...paremdereclamarsetataoruimvailaedaumjeitopô
por PEPEU, em 04/04/2014 às 09:32
Não existe espaço entre as cadeiras da arena pantanal. Pior que aviao da GOL. Joelho incomodando
por Paulo, em 04/04/2014 às 09:30
Eu já imaginava que isso aconteceria. Cuiabá como vergonha nacional por causa dessa copa, que sempre fui contra aqui sediar. Pra que?? Só pra aparecer?? Sou a favor sim de melhorias para cidade, mas infelizmente isso aqui é improvável, pois esse governo não sabe administrar os recursos e só pensa em beneficio próprio, e estamos cansados de saber que nem sempre o que vemos no papel é de fato o que vai acontecer. E o blogueiro não está errado, a arena vai ser um elefante branco porque depois não servirá pra nada e pense no custo para manutenção? Cuiabá está destruída, e essa ferida vai demorar pra cicatrizar.
por jls, em 04/04/2014 às 08:57
tem gente que pensa assimaqui esta péssimo,mas mesmo assim ficamos felizes pois tem lugar pior,aqui morre 50 mas la no nordeste morre 100.O dinheiro é nosso,as obras são nossas e tem que ficar a nosso gosto.quando vcs contratam um pedreiro vcs pensam da mesma maneira?deixou minha casa rachada,mas ta bom a do vizinho caiu logo após terminada.
por jls, em 04/04/2014 às 08:51
Ainda tem gente que apóia esse roubo.Ignorantes,imbecis nós moramos em Cuiaba e não em SP ou outro estado.Indignem-se com o governo que esta tirando da boca de nossos filhos para dar para a FIFA,me digam quem de vcs ganharam ingressos?que proveito vcs irão tirar desses estadios depois da copa?.Politica do pão e circo,em que os palhaços somos nós
por Alessandra Rosa, em 04/04/2014 às 01:21
Anteriormente eu era radicalmente contra a realização da Copa do Mundo FIFA no Brasil, agora, eu adoraria que todas fossem realizadas aqui. Afinal, "nunca antes na história deste país" a imprensa e os brasileiros tiveram um despertar social, político, econômico, humanitário, Et cetera x10. A "meia dúzia" (até parece) de pessoas e jornalistas que ficaram mega empolgados na ocasião do anúncio das cidades sedes, sem contudo, se importar com o trabalho que essa M... ia dar sumiram né. Agora todo mundo é crítico, todo mundo é contra, todo mundo está injuriado. Pois bem vindos a nação do futebol - pausa dramática - e dos hipócritas. Vamos aos fatos, pois eu estava lá. Vi os operários felizes assistindo o jogo de um dos melhores lugares do estádio pois não estava lotado de pessoas que ainda não foram educadas para participar de grandes eventos em lugares onde não se pode colocar os pés nas cadeiras ou onde seu filho não pode fazer xixi na garrafinha. Isto é, estou me referindo aqueles operários segregados que não venderam seus ingressos na entrada do estádio, é claro. Sinto muitíssimo pelos operários e por suas famílias! E também pelos filhos da confeiteira que não são convidados para as festas de aniversário. Ou pelos frentistas que não podem dar nenhuma voltinha numa BMW que abastecem, afinal, essa parece ser a lógica da crítica e da correlação feita com o premiado filme 12 Anos de Escravidão. O estádio não está completamente terminado mais já está muito bacana. Os banheiros do setor Sul pelo menos tinham água e há lugares para cadeirantes e cadeiras para obesos (o que eu particularmente agradeço). Criticar é preciso, falar a verdade também.
por Eleitor, em 04/04/2014 às 00:59
Eu gostaria que o leitor "Jonas" me apontasse, afinal, o que tem de bom em Cuiabá atualmente, fora a peixada de domingo com farofa de banana. Siriri? Cururu? Chapada (outra cidade)? Pantanal (outra região)?
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