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NOVA INVESTIGAÇÃO

Empresário delator de esquema de propinas na Seduc presta novo depoimento ao Gaeco

08 Fev 2017 - 09:15

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Giovani Guizardi saindo do Gaeco

Giovani Guizardi saindo do Gaeco

O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) encerra nesta quarta-feira, 8, sua série de depoimentos com envolvidos na “Operação Rêmora” ouvindo o delator premiado Giovani Guizardi. O proprietário da Dínamo Construtora prestará depoimento às 14h. O empresário é o responsável por entregar boa parte das informações sobre o esquema de fraudes na Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Por conta de sua delação, o órgão ministerial deflagrou a terceira fase da operação, intitulada “Grão Vizir”.

O empresário apontou que o ex-secretário da pasta, Permínio Pinto Filho, o deputado Guilherme Maluf e o sócio proprietário do Buffet Leila Malouf, Alan Malouf, articularam um esquema de pagamentos de propinas em obras da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). Os valores variavam, segundo o Ministério Público Estadual (MPE), entre R$ 400 mil e R$ 3 milhões e o cartel seria formado por mais de 23 empresas que ganhavam contratos e licitações fraudadas junto a Secretaria.

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O empresário declarou no fim do ano passado que no ano de 2015 foi criada informalmente uma organização criminosa a qual o fez parte e o intuito era arrecadar fundos ilícitos para fins de saldar pagamentos não declarados em campanhas eleitorais de 2014. O empresário afirma ainda que não fez parte da “criação” do esquema e entrou nele quando as fraudes já estavam acontecendo, sendo operadas pelo então secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), Fábio Frigeri, Leonardo Guimarães e Ricardo Sguarezi.

Giovani relata que conhece o empresário Alan Malouf desde a infância e foi ele quem o ajudou a entrar para o esquema. Guizardi procurou Malouf em março de 2015 e solicitou que sua empresa, Dinamo Construtora, pudesse trabalhar em obras na Seduc , pois nunca tinha atuado nesta secretaria, que é a terceira em maior volumes de obras no Estado. A primeira reunião teria acontecido no buffet Leila Malouf, ocasião em que o delator soube que o deputado estadual Guilherme Maluf era o responsável por indicar o superintendente da Seduc , Wander Luiz.

Giovani então reuniu-se com Wander na própria Secretaria de Educação e ouviu que o interlocutor estava com dificuldades e que as pessoas que investiram na campanha de Taques teriam que receber o dinheiro investido e essa pessoa seria Alan Malouf. Ficou combinado o pagamento 5% do valor das obras cobradas por Wander. 

O declarante conta que o critério utilizado para a divisão da propina foi dar a maior porcentagem, de 25%, para as figuras formalmente responsáveis pela pasta, como, Alan Malouf, Permínio Pinto e o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB), que, de acordo com o delator, era quem detinha o real o real poder político na Secretaria. Por meio de nota, Maluf também negou qualquer participação em irregularidades. Fábio Frigeri e Wander ficariam com 5% e o delator 10%.

O outro lado:

Ao Olhar Jurídico, a defesa de Alan Malouf disse que não irá se manifestar sobre o rito de hoje. 

Governo do Estado:

01) O governador Pedro Taques e o secretário da Casa Civil, Paulo Taques, negam enfaticamente as afirmações levianas e absurdas do investigado Alan Malouf sobre a fantasiosa existência de valores não contabilizados (o chamado “caixa dois”) na campanha de 2014, e reiteram que todas as movimentações financeiras do referido pleito eleitoral encontram-se devidamente registradas na Prestação de Contas do PDT, partido pelo qual Pedro Taques disputou àquelas eleições - inclusive as despesas ainda não pagas – sendo que a prestação de contas da campanha foi aprovada sem ressalvas pela Justiça Eleitoral.

02) O governador e o secretário afirmam, ainda, que Alan Malouf jamais exerceu qualquer cargo ou delegação na arrecadação de fundos eleitorais, e que todas as doações, de pessoas físicas ou jurídicas (na época, permitidas) foram devidamente registradas. Portanto, caso haja qualquer valor que eventualmente tenha sido movimento pelo investigado e que não esteja contabilizado, não foi utilizado na campanha, cabendo apenas e tão somente ao investigado esclarecer origem e destino dos valores por ele mencionados.

03) O governador e o secretário classificam as declarações do investigando como uma tentativa sórdida e mentirosa de envolvê-los em ações criminosas das quais jamais tiveram conhecimento, tampouco delas deram ordem ou participaram. Lamentam, ainda, que o investigado tente envolvê-los nos atos ilegais, contrariando todos os demais depoimentos já prestados nessa investigação - com o claro propósito de desviar o foco das acusações que pesam contra si -, e informam que constituirão advogados para atuar no processo judicial e garantir que a verdade prevaleça. E a verdade é uma só: Pedro Taques tem uma vida de luta contra a corrupção e os corruptos, já tento enfrentado e desmantelado inúmeras quadrilhas que agiam no Estado e no país, e jamais compactuaria com qualquer ato ilegal, especialmente relacionado a desvios de recursos públicos.

04) Por fim, o Governo do Estado esclarece que, embora o investigado tenha mantido relacionamento social com Pedro Taques, suas empresas jamais venceram qualquer licitação ou contrato na administração estadual a partir de 01 de janeiro de 2015, uma vez que o governador, por estrita obediência às leis, nunca interferiu e jamais interferirá em qualquer processo de aquisição ou licitação no âmbito do Governo do Estado ou em qualquer outro Governo.

GCOM – Gabinete de Comunicação do Governo de Mato Grosso


Guilherme Maluf:

Em relação às publicações nos veículos de comunicação à respeito da colaboração premiada de Giovani Belatto Guizardi, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), afirma que:

Não participou de nenhuma eventual irregularidade cometida na Secretaria de Educação (Seduc). 

Tomará as providências cabíveis, afirma que confia na justiça e que ficará comprovado de que não teve participação em qualquer irregularidade.


Permínio Pinto:

A defesa de Permínio Pinto esclarece que ele "está confirmando os fatos que já levou em juízo. Assume que manteve uma postura omissão, ele não participou de nenhuma solicitação de vantagem indevida, de qualquer fraude em licitação, agora ele assume que deixou que algumas fraudes de fato ocorressem na Seduc”, explicou o advogado Arthur Osti. 

"Ele está fazendo um levantamento e ele vai depositar isso no próximo processo. Todo valor que ele recebeu ele vai devolver devidamente corrigido aos cofres públicos”, acrescentou a defesa.
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