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Quinta-feira, 18 de abril de 2024

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PODE AUMENTAR...

Selma afirma que Silval não "poupou" nenhuma secretaria; MPE aponta R$ 56 mi em fraudes diversas

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Selma afirma que Silval não
A organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa já foi apontada pelo Ministério Público Estadual (MPE) como responsável pela movimentação de cerca de R$ 56 milhões em desvio de dinheiro público e propinas. Isso até o desenrolar da quinta fase da "Operação Sodoma". Outras fases e operações ainda poderão ser deflagradas, aumentando esse montante.

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Por enquanto, as investigações chegaram até a extinta Secretaria de Estado de Administração (SAD), a Secretaria de Estado da Casa Civil, a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), a Secretaria de Estado de Assistência Social (Setas), ao Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat) e ao Gabinete do Governador. Segundo despacho da juiza da 7º Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda, na quinta fase da Sodoma, a organização parece ter se espalhado por toda administração pública Estadual.

“Ao menos a priori tem-se a impressão que a organização criminosa apontada desde a primeira fase da operação Sodoma, atuou de forma constante, viciosa, endêmica e sistêmica no Estado de Mato Grosso, em verdadeira ação de locupletamento ilícito coletivo em desfavor dos cofres públicos. A cada investigação que chega ao conhecimento desse juízo, nota-se que a apontada organização criminosa parece não ter poupado nenhuma Secretaria deste Estado, nenhum órgão Público Estadual ficou isento da ação criminosa.”

A citação é um trecho da decisão de Selma Arruda que determinou o desencadeamento da quinta fase da Operação Sodoma e a prisão de Francisco Faiad, ex-secretário de Fazenda e de Administração de Mato Grosso. Após assumir a SAD, ele teria dado continuidade ao esquema, anteriormente operado por Pedro Elias e César Zilio. Assim, de acordo com as investigações, ele arrecadava propina para fraudar licitações e desviava dinheiro público superfaturando consumo de combustível. Ele ainda teria usado R$ 1,7 milhão desse recurso ilegal para quitar dívidas de campanha.

Nesta quinta fase da Sodoma, foi apontado o recebimento de propina e desvio de R$ 8,182 milhões. Na fase anterior, o MPE reuniu provas e depoimentos para indicar de R$ 31 milhões pagos pelo Estado, sob ordem de Silval, em três desapropriações de terras, que R$ 15,587 milhões retornaram para a organização criminosa em forma de propina. Parte desse dinheiro teria sido usado para quitar uma dívida de R$ 10 milhões de Silval Barbosa com o empresário Valdir Piran, também investigado.

Um esquema parecido e supostamente operado pelo mesmo grupo é investigado na "Operação Seven", na qual a organização criminosa teria obtido R$ 7 milhões em propina na desapropriação de uma área que já havia sido comprada pelo Estado em outra ocasião. O ex-presidente do Intermat, Afonso Dalberto, afirma que outros esquemas similares aconteceram durante a administração Silval Barbosa, o que poderá inflar o dinheiro movimentado pelo grupo criminoso.

Já nas três primeiras fases da "Operação Sodoma" o MPE conseguiu apontar que o empresário Willians Paulo Mischur, da empresa Consignum, pagou R$ 14,5 milhões para a organização criminosa para poder continuar a operar empréstimos consignados com servidores estaduais. Inicialmente, Mischur era réu e delator premiado, mas, devido à colaboração, passou a ser considerado como vítima do esquema.

Ainda em relação as fases da "Operação Sodoma", o MPE descobriu indícios de que R$ 2,850 milhões recebidos de propina foram divididos entre o ex-deputado José Geral Riva, o advogado Tiago Dorileo e o ex-secretario da SAD Pedro Elias quando eles tentaram substituir a Consignum por uma outra empresa de empréstimos. Com isso, a operação mudaria de mãos e Riva supostamente passaria a liderar o esquema, mas Silval Barbosa conseguiu evitar a “rasteira” em seu esquema.

Contudo, a primeira operação que tocou um grupo criminoso ligado a Silval Barbosa e que completa o montante de R$ 56 milhões foi a Arqueiro, cuja segunda fase foi chamada de "Ouro de Tolo". Nessa investigação o MPE apurou o desvio e R$ 8 milhões na Secretaria de Estado de Assistência Social, quando chefiada por Roseli Barbosa, esposa de Silval Barbosa. Os atos da operação Arqueiro foram anulados judicialmente, enquanto a "Ouro de Tolo" continua a correr, agora sob responsabilidade o juiz Jurandir Florêncio de Castilho Júnior após o Tribunal de Justiça decretar suspeição de Selma.

O que são R$ 56 milhões:

O dinheiro movimentado pela organização criminosa seria suficiente para comprar 400 apartamentos populares, de 39 m², cujo valor em Cuiabá é de aproximadamente R$ 140 mil. Esse mesmo dinheiro é suficiente para comprar 137.254 cestas básicas, de acordo com a tabela de preço do Dieese para Cuiabá. Para um consumidor rico, seria o suficiente para adquirir 105 Range Rovers Sport ano 2016 a R$ 528.950 mil, um dos carros de luxo atualmente usado por jogadores de futebol de grandes times.

Se investidos em benfeitorias públicas, o Governo do Estado de Mato Grosso poderia comprar 355 novas ambulâncias modelo Sprinter Mercedes-Benz 4x2; ou então concluir a obra do novo Pronto Socorro Socorro de Cuiabá e começar a equipá-lo; ou ainda construir e equipar quatro Unidades de Pronto Atendimento (UPA). Por outro lado, não seria o suficiente para quitar nem mesmo 10% de uma folha salarial do Governo do Estado.
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