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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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Investigações do MPE

Grupo liderado por Silval tinha pacto de silêncio forçado e ameaças: “acidentes acontecem”

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Grupo liderado por Silval tinha pacto de silêncio forçado e ameaças: “acidentes acontecem”
Os integrantes da quadrilha, que seria chefiada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB), segundo as investigações do Ministério Público Estadual (MPE), tinham uma espécie pacto de silêncio forçado e eram constantemente ameaçados, caso entregassem o esquema: “Acidentes acontecem”. Ao todo, só nos crimes investigados na quinta fase da ‘Operação Sodoma’, foram R$ 8,1 milhões de danos ao erário.

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“Salta aos olhos a periculosidade da organização [...] que, com o fito de garantir um pacto de silencio, aliás, necessário para a sobrevivência de qualquer organização criminosa, com frequência ouviam ameaças proferidas pelos integrantes do grupo, conforme já está consignado em outros autos, especialmente nos oriundos das operações apelidadas de Sodoma e Sodoma 2”, explica o MPE.
 
Conforme o apurado, as ameaças eram praticadas entre os próprios membros e visavam garantir que não fossem delatados: “De forma que, sem isto, dificilmente tais tramas criminosas seriam descobertas e, portanto, o grupo permaneceria impune”. As frases mais utilizadas pelos membros da quadrilha seriam: "homem de Boca Mole vira comida de Formiga", "Quem tem c* tem medo" e "Em boca fechada não entra formiga".
 
As ameaças teriam se intensificado após a deflagração das primeiras operações que visavam desmantelar a organização. Ainda conforme os integrantes, os secretários que teriam fechado o acordo de delação, "daqui no máximo um ano, iriam ter um fim... poderiam sofrer um acidente, ser vítima de bala perdida, serem assaltados ou atropelados...".
 
“Nota-se também, que a organização, por várias oportunidades, deu a entender que a concretização das ameaças se daria mediante a dissimulação da violência; ou seja, faria parecer que se tratava de acidente a eventual morte de quem contrariasse os seus interesses”, relata trecho do documento, que ainda completa: “Essa modalidade de ameaça, bem como o modo intimidador de agir são típicos de organizações criminosas no seu sentido estrito e denotam a evidenciada periculosidade de seus membros, que devem ser contidos para que a apuração dos fatos ocorra de forma serena e isenta”.
 
Ainda conforme as investigações, “não se pode olvidar que segundo informações vindas a juízo nas ações penais decorrentes das operações, Sodoma 2 e 3, dão conta que José Nunes Cordeiro ameaçou, literalmente, a vida dos filhos do empresário Willians Paulo Mischour quando proferiu as seguintes palavras: ‘nunca se sabe, às vezes um caminhão passa por cima de seus filhos, acidentes acontecem’".
 
Por fim, também para sustentar o pedido de prisão preventiva, o MPE diz que todos os delatores temem “por sua vida e dos seus familiares em razão das revelações que fizeram na tramitação do inquérito. Todos, sem exceção, temem a organização criminosa por conta de sua alta e evidenciada periculosidade e ainda, de sua capilaridade inegável no mundo político e social mato-grossense, ainda que seus principais membros estejam atualmente presos”.
 
Investigação
 
Segundo a Polícia Civil apurou, as empresas foram utilizadas pela organização criminosa, investigada na operação Sodoma, para desvios de recursos públicos e recebimento de vantagens indevidas, utilizando-se de duas importantes secretarias, a antiga Secretaria de Administração (Sad) e a Secretaria de Transporte e Pavimentação Urbana  (Septu), antiga Secretaria de Infraestrutura (Sinfra).
 
As duas empresas, juntas, receberam aproximadamente R$ 300 milhões, entre os anos 2011 a 2014, do Estado de Mato Grosso, em licitações fraudadas. Com o dinheiro desviado efetuaram pagamento de propinas em benefício da organização criminosa no montante estimado em mais de R$ 8,1 milhões.
 
A investigação revela ainda que a partir de outubro de 2011, por determinação de Silval Barbosa, Juliano Volpato passou a efetuar um pagamento mensal de propina, sendo que o primeiro foi de R$ 150 mil  já que César Zilio teria exigido o pagamento de R$ 70 mil desde a vigência do contrato.
 
"Esclarece Juliano Volpato que teria solicitado a Cesar Zilio o pagamento parcelado da propina "acumulada", o que foi prontamente negado por César Zilio com a argumentação de que ali não era "Casas Bahia" e que toda a 'quantia deveria ser paga de uma só vez.
 
O esquema desvendado durante a 5ª fase da Sodoma aponta o direcionamento de licitações, além do contrato de empresas para o fornecimento de 29 milhões de litros de combustível para o Executivo. No entanto, havia a manipulação do sistema de inserção de dados quanto ao consumo e valores a serem debitados.
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