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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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“Está assaltando igrejas?”, ironizou ex-secretário ao receber propina em cédulas miúdas

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

César Zílio

César Zílio

Todo fim de mês ao fazer o balancete do caixa de sua empresa, a Marmeleiro Auto Posto Ltda., o empresário Juliano Volpato separava cuidadosamente R$ 70 mil em notas miúdas. O valor, segundo relatou o próprio Volpato, seria destinado ao ex-secretário de Administração César Zílio e depois distribuído ao ex-governador Silval Barbosa. A revelação consta em termo de colaboração firmado junto ao Ministério Público de Mato Grosso e deu suporte para a deflagfração da 5ª fase da Operaçãço Sodoma, desencadeada no dia 14 de março e desnudou um esquema de desvios de verbas e pagamentos de propinas entre 2011 e 2014. 

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As cédulas de pouco valor, no entanto, irritaram Zílio. Em um dos encontros ocorridos entre outubro de 2011 e dezembro de 2013 para receber envelopes de propina o ex-secretário ironizou Volpato: “Você está assaltando igrejas?”.  

Zílio era o responsável para receber a propina e distribuir entre os integrantes da organização criminosa, conforme ele mesmo informou em delação premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE). A maior parte do dinheiro, no entanto, era repassada a Silval, que recebia R$ 30 mil desse valor.

A irritação de Zílio com o dinheiro “pequeno” entregue a ele e seus colegas teria causado efeito instantâneo. No mês seguinte após a reclamação contra o dinheiro “roubado a igreja”, o ex-secretário e o ex-governador passaram a receber a propina em notas maiores, devidamente selecionadas pelo empresário.

César Zílio e Volpato figuram como os principais delatores do esquema investigado pela "Operação Sodoma 5". Os depoimentos de ambos possibilitaram que os investigadores chegassem a figuras como a do advogado Francisco Faiad, substituto de Zílio na SAD.

Com o ingresso de Faiad no esquema, os delatores relataram que os envelopes com o dinheiro passaram a ser entregues com as letras inciais dos destinatários. Assim, no envelope destinado a Silval a letra “S” indicava a quem o dinheiro deveria ser entregue. O mesmo método se repetia com César Zìlio (“C”) e Francisco Faiad (“F”).

Toda essa quantia servia para garantir que a Marmeleiro Auto Posto, empresa de Volpato, mantivesse contratos com o Governo do Estado e permanecesse lucrando e causando prejuízo ao erário estadual. Ao todo, o Ministério Público Estadual (MPE) calcula que Volpato e seu sócio, Edézio Corrêa, teriam lucrado R$ 2.439.500,00 indevidamente.

Sodoma 5

O rombo total do esquema investigado pela operação, segundo o MPE, é de R$ 8.182.500 milhões. As fraudes em licitação e o superfaturamento de gasto com combustíveis era realizado principalmente com a intermediação das figuras dos secretários de Administração César Zílio, Francisco Faiad e Pedro Elias.

Conforme à Polícia Civil, os três atuaram e se beneficiaram diretamente do esquema. Contudo, a maior parte do valor era revertida ao ex-governador Silval Barbosa. A SAD era o alvo principal do grupo por se tratar de um órgão em que os pagamentos eram realizados e os contratos licitados.

As empresas Marmeleiro Auto Posto Ltda., Saga Comércio e Serviço Tecnologia e Informática Ltda, (ambas pertencentes a Juliano Volpato) e Trimec Construções e Terraplanagem Ltda., teriam sido diretamente beneficiadas pelo esquema.
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