O ex-deputado José Geraldo Riva prestou novo depoimento na tarde de hoje, 24, na Sétima Vara Criminal. Riva voltou a confessar participação em um esquema de desvios de verbas públicas, mas negou que tenha papel central no esquema.
A investigaçaão sobre o esquema foi iniciada durante a “Operação Arca de Noé”, deflagrada em 2002, que gerou dezenas de ações penais. Em algumas delas figura como réu o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, apontado como um dos grandes mentores de crimes em Mato Grosso.
De acordo com o MPE, Riva teria liderado um desvio que chegou a R$ 100 milhões.
Veja abaixo detalhes da audiência:
Acompanhe em tempo real:
15h24 - Após longo atraso e inúmeras questões de ordem, o ex-deputado José Geraldo Riva inicia seu depoimento às 15h. Diz que “grande parte” das acusações contidas nas ações penais “são verdadeiras”. Ele ratifica tudo o que foi dito em interrogatório anterior e confirma que tem interesse em ajudar com a justiça.
Não sabe dizer com certeza se os irmãos Quirino tenham relação política com o ex-deputado Humberto Bosaipo. Riva confirma que havia sim esquema de troca de cheques em factorings para desvios, que as acusações são procedentes e que a prática criminosa envolvia o ex-bicheiro João Arcanjo.
15h27 - Cerca de R$ 3 milhões foram emprestados no Banco Real para realizar pagamentos para factoring de Arcanjo e para "ajudar" deputados em campanhas e gastos pessoais. "Desde o começo o banco sabia que não era para pagar servidor. Sabiam que eram para fins ilicitios, para pagamento de factorings e alguns tiveram benefícios", afirma referindo-se ao empréstimo.
15h30 - Ao MPE, Riva declara que a participação de Humberto Bosaipo no esquema de fraudes "foi a mesma que a minha. Os dois tinham conhecimento do que era para fazer. A participação não era nem maior, nem menor que a minha. Talvez tenha diferença apenas por conta de valores recebidos".
15h35 - Adiante, conforme relata em vídeo, Riva confirma que o nome de um servidor de Palmas, no Tocantins, fora usado ilegalmente para contrair empréstimos ao grupo criminoso. O ex-deputado afirma que nem ele, nem Bosaipo sabiam dos nomes que seriam usados para solicitar os empréstimos ilegais.
No vídeo, Riva confessa ao promotor Sérgio Costa que foi usado o nome de um servidor de Palmas, no Tocantins, para contrair empréstimo criminoso.
15h57 - Riva esclarece que quando assumiu a presidência AL, foi apresentado por Humberto Bosaipo e Gilmar Fabris a uma conta de R$ 25 milhões com agiotas e que 70% desse valor estava com Arcanjo. A quantia foi gasta por deputados para financiamento de campanha até de ex-governadores do Estado. Fora esta dívida, restava R$ 10 milhões a pagar e quatro folhas de servidores em atraso. Por isso Riva diz que as quantias sempre apareciam à contar gotas. Por isso em dado momento se surpreendeu com dívida de mais de R$ 40 milhões.
A dívida de R$ 25 milhões, segundo Riva, era pública e notória: "Havia cheques na rua", diz o ex-deputado. Para pagamento dessa dívida as empresas citadas no esquema da Arca de Noé foram usadas tanto por ele quanto por Bosaipo e outros deputados.
16h03 - "Eu não quero falar de política mais. Eu não tenho interesse em refletir. Meu compromisso é com a verdade. Eu fiquei 20 anos fazendo coisa errada. Beneficiando mais aos outros do que à mim. Eu tenho uma dívida com minha consciência e compromisso com Deus", lamentou Riva.
16h37 - Riva afirma que os processos de pagamentos de fornecedores fantasmas para desvio de dinheiro oriundo de empréstimos não passavam pelo crivo da Procuradoria da Assembleia. "Era uma bagunça geral. Os empréstimos não eram oficiais", diz Riva, que afirma que um deputado poderia muito bem trocar cheques em factorings para realizar o pagamento.
16h40 -"Era um controle muito capenga na Assembleia. Secretário Geral, Secretário financeiro....", acrescenta. "Havia vezes em que o secretário Geral mandava mais que o presidente da Casa", explica o ex-deputado.
16h45 - Riva afirma que o ex-secretário de Finanças da ALMT, Guilherme Garcia, é o "mais rico de todos" e que Garcia que possui fazendas e outras propriedades. Segundo Riva, o ex-secretário emprestou dinheiro de sua irmã para Humberto Bosaipo: "Era um valor astronômico, mais de R$ 1 milhão".
16h58 - Audiência encerrada.
Após depoimento, Riva deu entrevista à imprensa. Veja vídeo:
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