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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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Depoimento histórico de Riva abre margem para novas investigações

Foto: Paulo Victor Fanaia/Olhar Direto

Depoimento histórico de Riva abre margem para novas investigações
O ex-deputado José Geraldo Riva confessou um esquema até então desconhecido dos mato-grossenses: o pagamento de propina pelos governadores em troca de apoio dos deputados. O político, que ficou conhecido como o “maior ficha suja do país”, contou à juíza Selma Rosane Arruda durante audiência nesta sexta-feira (31) como funcionava o pagamento dos ‘mensalinhos’. Há grandes chances dessas mesmas informações já terem sido repassadas por Riva ao Ministério Público Estadual (MPE), ou seja, o caso já pode estar sob investigação. 

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A fala de Riva, no entanto, foi prestada no interrogatório de uma ação penal da Operação Imperador, que investiga desvio de R$ 60 milhões na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT). A denúncia narra que os deputados fraudavam licitações de aquisição de materiais de escritório. Empresas de fachada concorriam e eram contempladas nos certames, mas o dinheiro pago voltava para os parlamentares. 

Mas as novas informações passadas pelo ex-presidente da Assembleia dizsão referentes a um esquema ainda maior: pagamento de propina pelo Poder Executivo aos deputados em troca de apoio. Riva explicou a juíza que ele  e os ex-deputados Sérgio Ricardo, o então ex-deputado Silval Barbosa, o atual deputado Mauro Savi e o servidor Edemar Adams eram os responsáveis pelos pagamentos no período de 2003 a 2014. 

Mas antes disso, o esquema já existia. De acordo com o depoimento, os pagamentos começaram a ter a forma generalizada a partir da gestão Dante de Oliveira. Antes disso, a propina era paga pelo Executivo de forma decentralizada, dependendo da composição da base aliada. Quando Blairo Maggi assumiu, no entanto, o pagamento foi feito através do aumento nos repasses do duodécimo, dada a recusa do ex-governador em manter os 'mensalinhos'. 

O apoio político foi comprado em benefício de, pelo menos, três governadores do Estado. A partir da gestão de Maggi, os valores começaram a ser repassados pela própria Assembleia, que distribuia o dinheiro aos deputados: “Só não pegou quem não quis”, ironizou Riva sobre este período.

Em síntese, o esquema funcionava com os pagamentos sendo feitos pelo presidente e pelo 1ª secretário da Casa de Leis. Riva disse que o dinheiro não era entregue a todos os deputados, mas à ‘grande parte’ deles. Os nomes dos 33 parlamentares e ex-parlamentares citados por Riva estão agora sob o jugo do MPE, incluindo Guilherme Malouf, Mauro Savi e Gilmar Fabris, três dos oitos deputados da lista que ainda possuem mandato.

Confissão inovadora

Na saída da audiência, o advogado de Riva, Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, explicou que a confissão do ex-deputado mostra a incoerência da sentença de Selma Arruda, que o condenou a 21 anos de prisão. O exagero no cálculo da pena, segundo ele, demonstra que a magistrada precisaria dar mais atenção a colaboração do seu cliente.

“Os senhores vão concordar comigo que o que foi dito aqui foi inovador. Basta os senhores rememorarem o que foi dito que os senhores verão menções a nomes de personalidades que nunca foram processadas”, falou.

Novos nomes

A inclusão de nomes sequer mencionados na Justiça é um dos grandes pontos inovadores no depoimento da última sexta-feira (31). Um dia antes do dia da mentira, o deputado abriu o jogo à Justiça. Mas muitos detalhes ainda são desconhecidos como, por exemplo, a quantidade de dinheiro pago durante este período. 
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