O desembargador Orlando de Almeida Perri, responsável por investigar o caso de grampos no Estado de Mato Grosso, emitiu uma nota, no fim da tarde desta quinta-feira (06), onde afirma que já sabia dos fatos denunciados pelo coronel Airton Benedito Siqueira Junior há 20 dias. Além disto, também revela que vem recebendo ameaças veladas.

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Em sua nota, o desembargador explica que é o responsável por investigar o suposto esquema de grampos e que “pesar de todas as pressões que venho sofrendo, procuro atuar com independência e retidão na apuração dos crimes”. Ainda completa que “os fatos denunciados pelo Cel. Airton Benedito de Siqueira Júnior já eram de meu conhecimento há mais de 20 dias, quando passei a receber ameaças veladas, visando a não emprestar a seriedade necessária às investigações”.
 
“Quantos aos fatos em si, afirmo que as interceptações realizadas das e acompanhadas pelo Ministério Público Estadual pela então do Coordenadoria GAECO, por mim deferidas nos termos da lei de regência”, diz outro trecho da nota.
 
Perri ainda explica que “o propósito das denúncias é provocar minha suspeição ou impedimento para continuar à frente das investigações, ou, quando não desacreditar as decisões que tomei ou venha a tomar no curso delas, que procuram desvendar graves atentados à intimidade dos cidadãos mato-grossenses, vilipendiada, ao que tudo indica, em larga escala nos últimos tempos”.
 
Por fim, garante que não irá se intimidar com as acusações e continuará firme na investigação: “trazendo à luz todas as interceptações ilegais realizadas nos últimos anos, com revelação das vítimas e punição dos culpados”.
 
Ainda nesta quinta-feira, Perri também negou que tenha praticado qualquer interceptação telefônica ilegal em face de juízes ou desembargadores enquanto corregedor do Tribunal de Justiça.
 
A especulações surgiram após depoimento do coronel Airton Benedito Siqueira Junior. Airton, enquanto secretário de Estado de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso, registrou em cartório no último dia 29 de junho uma declaração na qual admite ter “grampeado” juízes em 2007 a mando de Perri, à época corregedor-geral de Justiça de Mato Grosso.
 
A declaração foi anexada ao depoimento prestado por Siqueira no inquérito militar que investiga o suposto esquema de grampos ilegais operados nos últimos anos em MT por PMs. De acordo com Siqueira, as interceptações eram para levantar informações sobre o desvio de dinheiro do TJ para os cofres da loja maçônica Grande Oriente.