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SODOMA

Selma relata mal-estar e adia interrogatório de procurador sobre desvio de R$ 15 milhões; veja como foi

25 Jul 2017 - 13:59

Da Redação - Arthur Santos da Silva/ Lázaro Thor

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Chico Lima

Chico Lima

A magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, interrogou nesta terça-feira o advogado Levi Machado. A audiência é conseqüência da operação Sodoma, em sua quarta-fase, que versa sobre desvios de aproximadamente R$ 15,8 milhões. O procurador do Estado aposentado, Chico Lima, seria ouvido, porém, a juíza relatou um mal-estar e a oitiva foi adiada para o dia 28 de julho.
 
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O foco da Quarta fase da Operação Sodoma, desencadeada no dia 26 de setembro de 2016,  foi o desvio de dinheiro público realizado por meio de uma desapropriação milionária paga pelo governo Silval Barbosa durante o ano de 2014.

As diligências realizadas evidenciaram que o pagamento da desapropriação do imóvel conhecido por Jardim Liberdade, localizado nas imediações do Bairro Osmar Cabral, na capital, no valor total de R$ 31.715.000,00 à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários Ltda, proprietária do imóvel, se deu pelo propósito específico de desviar dinheiro público do Estado de Mato Grosso em benefício da organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval da Cunha Barbosa.

Ficou comprovado na investigação que, além de Silval Barbosa, participaram da fraude Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretario de fazenda), Arnaldo Alves De Souza Neto (ex-secretario de planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do proprietário do imóvel Antonio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado, o operador financeiro do grupo criminoso, Filinto Muller, e os empresários Valdir Piran e Valdir Piran Junior, pai e filho.

De todo o valor pago pelo Estado pela desapropriação, metade, ou seja, R$ 15.857.000,00 retornaram via empresa SF Assessoria e Organização de Eventos, de Propriedade de Filinto Muller em prol do grupo criminoso.

De acordo com a investigação, a maior parte do dinheiro desviado no montante de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pertencia a Silval Barbosa, ao passo que o remanescente foi dividido entre os demais participantes, no caso Pedro Nadaf, Marcel De Cursi, Arnaldo Alves de Souza Neto, Afonso Dalberto e Chico Lima.

Acompanhe:

15h40 - A audiência é encerrada. Chico Lima também deveria ser interrogado nesta terça-feira. Porém, a juíza relata um mal-estar e a oitiva é adiada para o dia 28 de julho.

14h56 - "No dia em que eu revelei esse fato, que o MP não sabia, tanto que o delegado ficou nervoso e disse que eu estava mentindo, mas depois isso veio a tona e o Filinto confessou que redigiu tudo e reconheceu que cometeu crime em setembro de 2016 e aqui mesmo no interrogatório dele ele reconhece que fez".                        

"Ai ele me contou que precisava se desfazer da SF porque a empresa estava no nome de um amigo de infância, um pedreiro, filho de uma empregada que trabalhava na casa dele e que ele não queria complicação com o amigo, ele fez isso porque tinha saído de uma sociedade com o primo e tinha dado um aval no banco que não tinha sido pago".                        

"A outra razão para o fim da SF foi porque Filinto sacava com o nome de outra pessoa, ele explicou que sacava no banco onde a gerente era a prima e reconhecia firma no cartório dos parentes, disse que só trabalhava com dinheiro vivo".                        

"Filinto disse que descobriu um nicho de mercado em que estava apostando, contou que estava fazendo tudo por cartão de crédito, que o setor era de festas e restaurantes, onde ninguém pede nota fiscal. 
                  
Segundo Levy, Filinto teria outras empresas que atuavam da mesma maneira.                   
"Eu vi caixas de cartão de credito endereçadas em nome de outras empresas que não a SF".                        

"Mas ele me relatou o medo de ser extorquido somente em nome da SF".

14h45 - "E então eu me dispus a ajudá-lo para levantar esse valor. Então nós fizemos uma sub-rogação e eu utilizei uma empresa de fomento minha para fazer tudo isso".                        
"Ele não entendia muito bem e pediu uma reunião com os familiares para que eu explicasse o processo".                        

"Só que não aceitaram a proposta, o presidente do Intermat não aceitou e a proposta voltou".                        

"E nesta época ele foi para o Canadá e eu comecei em trabalhar para salvar o meu contrato e já no final de janeiro ele me aparece no escritório e la ele me contou que teve um problema grave de saúde e que não viajou e que a partir daí 'decidiu resolver' a situação".                        

E nesta reunião ele me disse que encontrou uma solução e desistiu de levantar os R$ 1 milhão. "Eu quero que você me ajude, essa solução vai me custar caro, vai me custar 50% do crédito"                        

Segundo Levy, passado um tempo ele recebeu uma ligação para ir no gabinete do Chico Lima. Lá conheceu o Filinto, que foi apresentado como a pessoa que resolveu o problema do Antônio.                        

Nesta conversa, Filinto disse que queria fazer uma sessão de crédito para pagar Antônio.                        

"E assim aconteceu, mas eu só acreditei que seria pago mesmo o dia que eu vi o dinheiro depositado na minha conta".                        

"Repassei para ele 50% dos valores e em abril entraram duas parcelas e fiz do jeito que o Antonio pediu para fazer".                        

"Quando chega junho, o Filinto me procura dizendo que precisa conversar com ele juntamente com o contador. E o contador me disse que a empresa não tinha capacidade para contabilizar o contrato. E eu pedi uma sugestão e ele sugeriu que transferisse o valor para a conta do Filinto".                        

"Eu não tomei a decisão de modificar e aguardei a chegada do Antônio. Curiosamente naquele mês não houve repasse, porque na verdade ele tinha o controle dos repasses, no mês seguinte ele se despreocupou e entraram duas parcelas".                        

"Chega setembro e ele me liga desesperado e eu fui no escritório dele na Miguel Sutil. Chega lá ele me pergunta se eu conheço o Milas e ele me diz 'esse cara ta me extorquindo e eu preciso encerrar".                        

"E ele me disse que o problema era um contrato com a Microsoft em que ele não poderia deixar esse negocio vazar porque dai ele perderia a parceria".                        

"No primeiro encontro ele me falou que o projeto dele era ser o homem mais rico de MT antes dos 40 anos".                        

"Passado uns dias ele me liga e pergunta se eu estava com o contrato da sessão de credito da Santorini. Eu então pedi para o Antonio mandar a copia do contrato para ele entregar ao Filinto".       

"O Filinto chegou logo depois como sempre cercado de seguranças e eu entreguei o envelope na mão dele, quando entreguei ele começou a chorar, teve um frenesi e começou a rasgar o documento e me apresentou um outro documento com aditivo e data retroativa e ele jurou para mim de pé junto que aquilo é que era a verdade".

14h15 - "E ele me disse que sim, que o pagamento iria sair em 12 parcelas".                        
"Ele me disse 'eu acho melhor concordar porque eu já estou velho e não aguento mais esperar esses 18 anos'". Levy conta que a partir dai Antonio voltou do Canadá pra resolver a pendência                        

"Naquela época eu fiz uma busca nos processos deles e vi que havia uma movimentação recente nos processos dele na Justiça Federal e eu conferi e fiquei estarrecido que havia um processo com bloqueio de contas, da Santorini, de 15 milhões e em outro processo era 44 milhões".                        

"Eu vi aquilo e falei agora o meu trabalho acabou porque se ele tem 33 milhões pra receber esse dinheiro vai ser todo tomado".                        

"Eu liguei pra ele e disse 'olha a situação é estarrecedora'. Ele me respondeu que de fato foi intimado e que existia um consultoria que estava resolvendo o problema pra ele".

14h10 - E eu disse: "olha se não tiver ninguém no Estado para mexer com esse processo, nada vai andar e ele respondeu que iria dar certo porque já trabalhou em órgãos públicos e disse saber como tudo funcionava".                        

Em 2012, uma hipoteca do lote foi baixada e o processo começou a caminhar. "No final de novembro de 2013 o Estado fez uma avaliação e o Chico me ligou dizendo que a avaliação era menor do que a que o técnico que ele contratou fez".
                                   
"Naquela época ele me disse 'olha eu preciso concordar com a avaliação do Estado se não isso não sai' e eu disse mas se concordar o estado paga?".

14h06 - Levy conta que ganhou na justiça em diversas instâncias o direito de seu cliente ser ressarcido pela invasão do terreno.                        

"Eu achava que era possível reivindicar diversos danos porque ele praticamente faliu, mas ele estava cansado e achou que era mais fácil fazer a desapropriação".

14h05 - O primeiro a depor é o empresário Levy Machado, acusado de ter gerenciado o dinheiro da compra superfaturada de um terreno do bairro Jardim Liberdade.                        
Levy conta que a denúncia contra ele é "absolutamente falsa".                        

"Eu fui constituído na Santorini em 2004. Em em 2005, ele me apresentou uma lei em que o Estado dizia querer desapropriar as terras".
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