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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Escutas ilegais

Em decisão, Perri diz que não há provas da participação de Taques em esquema de grampos

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Em decisão, Perri diz que não há provas da participação de Taques em esquema de grampos
O desembargador do Tribunal de Justiça (TJMT), Orlando Perri, salientou que, até o momento, não há nenhum elemento, mínimo que seja, de sua participação na organização criminosa responsável por executar grampos ilegais em médicos, desembargador, contador, servidores públicos, políticos, empresários, entre outros. Explica ainda que os principais envolvidos na trama são sempre os policiais militares que foram presos em maio deste ano.

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“Convém salientar, outrossim, que, apesar dos fortíssimos indícios do envolvimento de Paulo Cesar Zamar Taques com o grupo criminoso, o mesmo não se pode dizer – por ora – quanto ao Governador do Estado, Pedro Taques, pois não há, até o momento, nenhum elemento, mínimo que seja, de sua participação na propalada organização criminosa, ou, pelo menos, de que sabia ou de que aquiesceu com os atos por ela praticados”, diz trecho da decisão.
 
Perri ainda acrescenta que os principais envolvidos “na trama delituosa são sempre as mesmas pessoas: Cb PM Gerson Correa, Paulo Taques, Cel. PM Zaqueu, Cel. PM Siqueira, Cel. PM Lesco, Cel. PM Barros, dentre outros”. Ele ainda resume que “os suspeitos de participação na prática do crime de interceptação telefônica ou são policiais militares, responsáveis pelo núcleo de inteligência, ou são pessoas que ocupam ou já exerceram cargos de Secretário de Estado”.
 
Para o desembargador, não há nenhum dúvida de que haja uma organização criminosa especializada nos grampos ilegais e que ela é “devidamente arquitetada” e “muito bem articulada, inclusive ocupando cargos no alto escalão no Governo do Estado de Mato Grosso, e não diante de crimes isolados, praticados por agentes diversos, sem nenhum elo entre eles”.
 
Por fim, explica que não há nenhum prova, até agora, de que Paulo Taques tenha participação na organização criminosa. Há ainda a dúvida se ele apenas se valeu dos ‘serviços’ por ela prestados ou se participou ativamente, inclusive com aporte financeiro, sobre o qual recai a suspeita inicial.
 
Prisão de Paulo Taques
 
O ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, foi preso preventivamente, na manhã desta sexta-feira (4). A decisão partiu do desembargador Orlando Perri de Almeida, que comanda as investigações no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A informação foi confirmada ao Olhar Direto pela assessoria de imprensa de Paulo. A prisão foi cumprida pelo delegado Juliano Silva de Carvalho, responsável por apresentar a recomendação acatada por Perri.
 
Denúncia de grampos e saída do governo
 
Paulo Taques deixou o cargo de chefe da Casa Civil em 11 de maio de 2017, quando já se ventilava a informação de que o programa Fantástico, da Rede Globo, estava em Cuiabá para fazer uma matéria, que veio a ser publicada três dias depois, sobre o esquema de grampos ilegais operados por PMs em Mato Grosso. Paulo Taques sempre afirmou que já havia pedido para sair do governo e que a proximidade das datas era mera coincidência.
 
A reportagem do Fantástico do dia 14 de maio revelou que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime nenhum no Estado. A matéria destaca como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”, dentre medicos, empresários, funcionários públicos etc.
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados para serem monitorados irregularmente. Fantástico voltou a trazer matéria sobre os grampos em 23 de julho, apontando informações trazidas por Mauro Zaque, ex-secretário de Segurança Pública do Estado e promotor de Justiça, autor da denúncia sobre os grampos.
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