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O RETORNO DO CAPO

Volta de Arcanjo a Cuiabá faz defesa trabalhar com progressão de pena e até domiciliar em 90 dias

09 Ago 2017 - 08:50

Da Redação - Ronaldo Pacheco e Paulo Victor Fanaia

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Volta de Arcanjo a Cuiabá faz defesa trabalhar com progressão de pena e até domiciliar em 90 dias
Quase 15 anos após ser preso pela Justiça Federal sob a acusação de chefiar o crime organizado em Mato Grosso, comandar o jogo do bicho e ordenar homicídios de rivais, o bicheiro João Arcanjo Ribeiro retorna a Cuiabá e, concomitantemente, sonha com a liberdade. Ele deve chegar a Mato Grosso em poucos dias, para cumprir pena na Penitenciária Central do Estado (PCE), no Pascoal Ramos – região Sul da Capital.
 
O advogado Paulo Fabrini, responsável pela defesa de Arcanjo Ribeiro, confia que seu cliente deve conseguir cumprir prisão domiciliar, entre 25 e 90 dias, após sua chegada. Ele explicou para a reportagem do Olhar Jurídico que existe um pedido de progressão de pena, na Justiça Federal do Rio Grande do Norte.

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“Com a vinda dele para Cuiabá, o processo também vai vir para cá. E a questão de estar na própria Penitenciaria Estadual [e não federal] tende a permitir uma nova leitura do magistrado. Vai depender do juiz daqui analisar”, observou Paulo Fabrini.
 
A expectativa é de que seja levado em consideração o bom comportamento do apenado. “Normalmente o processo vai levar mais tempo [do que Aracanjo] para chegar a Mato Grosso. Talvez uns 10 ou 15 dias, depois dele, para chegar em Cuiabá”, ponderou o causídico.
 
“Na melhor das hipóteses, após a chegada de João Arcanjo, em Cuiabá, [sua ação com pedido de progressão de pena] será julgada em 25 dias para cumprimento de prisão domiciliar”, argumentou Fabrini, que demonstrou otimismo pouco visto no período em que o cliente estava em presídios federais.
 
Para o advogado de defesa, a canetada do magistrado tende a receber influência do fato de o apenado estar na Penitenciária Central do Estado. “Arcanjo tem direito à progressão de pena desde dezembro de 2015, mas, por estar em presídio federal, mesmo com bom comportamento e por seu histórico criminológico, não se enquadrava”, reconheceu Paulo Fabrini.
 
Arca de Noé
 
João Arcanjo Ribeiro foi preso em 2003, após a operação Arca de Noé ser desencadeada em dezembro de 2002, para acabar com o jogo do bicho e o crime organizado em Mato Grosso. Ele comandava um império de jogo do bicho, máquinas caça-níqueis, cassinos e agiotagem, além de hotéis, entre outros segmentos, com fortuna visível e invisível calculada em mais de US$ 150 milhões (quase R$ 500 milhões), inclusive parcela ocultada em offshores companies – empresas abertas no exterior, geralmente em paraísos fiscais, onde os titulares buscam melhores condições em relação ao seu país de origem, especialmente   isenção de impostos e sigilo fiscal.
 
A investigação foi conduzida pelo então procurador da República José Pedro Taques, hoje governador de Mato Grosso, com apoio do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), coordenador à época pelo promotor Mauro Zaque Jesus, do Ministério Público Estadual.
 
Os juízes federais Julier Sebastião Silva e Jefferson Schneider, da Seção Judiciária de Mato Grosso, acataram as denúncias de Pedro Taques e Mauro Zaque contra João Arcanjo, entre as quais, a de chefiar uma ampla organização criminosa e acusação de ser o mandante do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão Júnior, fundador do jornal Folha do Estado, num crime que repercutiu nacionalmente e até em outros países. Durante anos, Sávio Brandão denunciou Arcanjo Ribeiro e chegou a compará-lo com Al Capone, famoso chefe do crime organizado de Chicago (EUA), na primeira metade do século XX.
 
Sávio Brandão foi brutalmente assassinado 30 de setembro de 2002, na porta da nova sede da Folha do Estado, executado a tiros pelos cabo  Hércules Araújo Agostinoh e soldado Célio Alves Souza. Condenado como mandante, Arcanjo Ribeiro pegou 19 anos de prisão, em júri popular, em 2013, com veredicto na 1ª Vara Criminal de Cuiabá.
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