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A 'IRA' DE CORDEIRO

Temendo represália a confissão de Silval, MPE pede nova prisão de Coronel Cordeiro

19 Ago 2017 - 15:42

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

CORONEL CORDEIRO

CORONEL CORDEIRO

A promotora do Ministério Público Estadual (MPE), Ana Cristina Bardusco, responsável pelas investigações da “Operação Sodoma”, pediu nova ordem de prisão para o ex-secretário-adjunto de Administração, Coronel José Jesus Cordeiro. Segundo requerimento encaminhado à juíza da Sétima Vara Criminal, Selma Rosane Arruda, no último dia 03.
 
O Coronel José de Jesus Cordeiro ficou detido no Batalhão de Operação Especiais (Bope) por cerca de dois anos, já no início das investigações da “Operação Sodoma”, mas foi posto em liberdade no dia 14 de julho, por decisão liminar do desembargador da Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Alberto Ferreira de Souza.

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Para a promotora Ana Cristina, a liberdade do militar, tido como “braço armado” do ex-governador Silval Barbosa, na organização criminosa da Sodoma, põe em risco a instrução processual, podendo ameaçar delatores e corréus e intimidar testemunhas.
 
Comprovando a tese, aponta a ameaça que seria sido feita a mando de Cordeiro contra o empresário e delator Willians Paulo Mischur, da Consignum.  “O acusado José Cordeiro ameaçou literalmente a vida dos filhos do empresário Willians Mischur, quando se negou a pagar a propina por ele exigida no interesse da organização, dizendo-lhe ‘nunca se sabe, às vezes um caminhão passa por cima de seus filhos, acidentes acontecem’”.
 
Recentemente, o corréu do militar revelou ter sofrido ameaça contra a vida de seu filho caso decidisse confessar e apontar culpados no esquema da Sodoma 5, ainda em 2014. Um rapaz em uma moto teria lhe abordado na frente de seu posto de combustível, dizendo: “Rapaz, dá um jeito de ficar bem quietinho por aí, pois o primeiro que vai é seu filho”.
 
Não há qualquer comprovação de que tenha sido Cordeiro o responsável pela ameaça, mas para o MPE, há fortes indícios de que não só tenha sido ele, como pode tornar-se prática recorrente, daqi para frente.
 
“Se demonstrou perfil e comportamento truculento e hostil para defender os interesses de terceiros (organização criminosa), quanto mais o fará para promover a sua defesa das gravosas acusações criminosas que pendem contra a sua pessoa”.
 
Para o MPE, também existe o risco de que Coronel Cordeiro tente fugir do Brasil, alegando que ele “detém condições financeiras para fixar residência em outro país, como os que fazem fronteira com o Brasil e, portanto, sem precisar apresentar passaporte, condição favorável para que possa fazer uso do ganho ilícito que foi criminosamente arregimentado pelo grupo delinquencial”.

A Ira de Cordeiro:
 
Por fim, aponta que a delação premiada firmada pelo ex-governador Silval Barbosa poderá gerar efeito negativo na defesa do militar, hoje representada pela Defensoria Pública. “A confissão do líder pode ter efeito contrário na conduta de José Cordeiro, aumentando sua ira contra todos os colaboradores e, portanto, potencializando o risco à instrução criminal que está se iniciando e à garantia da ordem pública”.
 
Desta forma, pede a prisão do réu. O pedido ainda será apreciado pela juíza Selma Arruda.
 
Em Liberdade:

Conforme os autos, José Jesus Nunes Cordeiro desempenhou papel de coadjuvante na suposta organização criminosa descortinada na “Operação Sodoma”.

À ele, foram impostas as seguintes medidas cautelares: a) Monitoramento Eletrônico; b) Recolhimento Domiciliar no período noturno (das 19h às 6h) e nos dias de sábado, domingos e feriados; b) Proibição de manter contato com qualquer investigado, réu ou testemunha relacionada a qualquer um dos feitos vinculados à Operação Sodoma.
 
Foram impostas ainda: c) Proibição de ausentar-se da Comarca e do País, devendo entregar seu passaporte em até 24 (vinte e quatro) horas (acaso ainda não implementada a medida); d) Comparecimento (periódico) em juízo para informar e justificar atividades sempre que requisitado, devendo manter atualizado o endereço em que poderá ser encontrado, sem prejuízo da fixação de outras medidas que a magistrada singular reputar cabíveis.
 
Suposto papel de Cordeiro no esquema, segundo o MPE:

“O coronel José De Jesus Nunes Cordeiro era o responsável pela elaboração e retificações dos termos de referências, realização dos procedimentos licitatórios e da gestão dos contratos na SAD e, assim procedia, para que tudo convergisse a atender aos interesses criminosos do grupo que integrava”, dispara o MPE, no interior da denuncia da “Operação Sodoma 5”.

Às autoridades policiais, o ex-superintendente de Patrimônio e Serviços da SAD, Wilson Luiz Pereira Soares confirmou que, “apesar de sua gerência ter elaborado os termos de referências afetos aos processos licitatórios dos anos de 2011, 2012 e 2013 para a contratação de empresa pelo fornecimento de combustível para o Estado de Mato Grosso, promoveu, por determinação de José Cordeiro, alterações pontuais nestes termos, sempre lastreadas em justificativas superficiais, que na verdade visavam atender aos interesses da organização criminosa”.

Explica o MPE que, o que fora descoberto na segunda fase da Sodoma fora “cabalmente corroborado na presente investigação”, não restando dúvidas de que José de Jesus Nunes Cordeiro, em conluio com os empresários Juliano Volpato e Edézio Corrêa, “ordenou e foi diretamente responsável pelas alterações pontuais nos termos de referências dos procedimentos licitatórios dos Pregões Presenciais de números 015/2012/SAD e 050/2013/SAD, replicadas no Pregão Presencial 100/2014/SAD, expedientes fraudulentos destinados a atender aos interesses da organização criminosa e, ainda, dos administradores da empresa Marmeleiro Auto Posto Ltda., causando prejuízo ao erário”.

A tese é confirmada pela análise da documentação que formou o processo licitatório 194.671/2012/SAD – Pregão Presencial 015/2012. O coronel aposentado fora o responsável por fraudar o certame “manipulando o termo de referência que o subsidiou, determinando a inclusão de cláusula que restringia o caráter competitivo do certame, garantindo a consagração da empresa Marmeleiro como vencedora da licitação e, ainda, fazendo constar percentual de desconto mais oneroso para o Estado de Mato Grosso, aumentando a margem de lucro da empresa Marmeleiro Auto Posto Ltda”.

Ingerência de Sempre:

Sobre a atuação do ex-secretário adjunto na pasta, durante a gestão Silval Barbosa, o MPE dispara. Na verdade, as investigações comprovaram que em nenhum momento a ingerência de José Cordeiro foi voltada a preservar o interesse da Administração Pública, ao contrário, sempre visaram preservar os interesses da organização criminosa da qual integrava".

Operação Sodoma 5:

No último dia 13, o MPE ofereceu a denúncia relacionada à quinta fase da Operação Sodoma. Desta vez, foram denunciadas 17 pessoas. Francisco Faiad que na época dos fatos exercia o cargo de secretário de Administração; e Valdísio Juliano Viriato, que ocupou o cargo de secretário adjunto de Transporte e Pavimentação Urbana. A mais recente fase da operaçãp da Delegacia Fazendária de Mato Grosso foi realizada na data de 14 de fevereiro.  Os crimes denunciados versam sobre corrupção passiva, concussão, fraude à licitação, peculato, organização criminosa. 

O MPE pede ainda que seja reconhecido o valor de R$ 8,1 mi devidamente corrigido, sendo que: R$3.050.000,00 a título de perdimento pois produto de crime e R$5.132.500,00 a título de reparação do dano causado ao erário.
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