O procurador-geral do Estado Rogério Gallo evitou traçar avaliações manhã desta sexta-feira (25) sobre a situação de seu colega de PGE, Alexandre César, flagrado em filmagens feitas pelo ex-governador Silval Barbosa enchendo mochila com dinheiro supostamente ilícito. Segundo Gallo, somente a quebra do sigilo da delação premiada do político dirá se a Corregedoria da PGE abrirá ou não Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra César.
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O Jornal Nacional, da Rede Globo, veiculou nesta quinta-feira (24) parte dos vídeos feitos pelo ex-governador Silval Barbosa. O conteúdo já foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), que homologou sua delação.
Imagens de cerca de cinco segundos mostram o momento exato em que Alexandre César, então deputado Estadual pelo Partido Trabalhista (PT), recebe dinheiro vivo, que segundo Silval, seria um “mensalinho”, e o coloca em uma mochila preta.
Ao
Olhar Jurídico, Rogério Gallo preferiu evitar comentários sobre o teor das imagens, disse que prefere aguardar a quebra do sigilo da delação de Silval Barbosa para que avalie se caberá ou não à Corregedoria da PGE abrir um PAD contra o colega Alexandre César. “Eu prefiro evitar juízo neste momento, é melhor aguardarmos as provas”, disse.
Questionado se as imagens feitas por Silval que mostram o ex-chefe de gabinete Silvio César Correa Araújo (corréu do ex-governador e delator premiado) entregando dinheiro vivo a Alexandre César já não configurariam prova, foi prudente. “São imagens, mas sem contexto”.
A reportagem também traz um trecho do depoimento de Silval, em que cita o ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP). Ele aponta, em sua delação, uma suposta tentativa de obstrução à Justiça, para que o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes mudasse seu depoimento ao MPE quanto à possível compra de vaga no Tribunal de contas do Estado (TCE).
Conforme já havia divulgado o Olhar Direto, Silval afirma, em seu acordo de colaboração, que ele e Blairo Maggi pagaram R$ 6 milhões para que Eder Moraes se retratasse e os livrasse do processo, que posteriormente foi arquivado.
Outro lado:
Alexandre César:
Ao
Olhar Jurídico, o ex-deputado afirmou: "Não tive acesso ao conteúdo da denúncia em razão do sigilo do processo. Assim, não tenho como me manifestar até que tenha conhecimento".
Demais Envolvidos:
Emanuel Pinheiro disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que nunca recebeu "mensalinho" ou dinheiro ilícito para apoiar o governo de Silval Barbosa (PMDB).
Pinheiro afirmou em nota que "refuta toda e qualquer ilação que possa ter sido alegada com intenção de enredá-lo nas supostas práticas criminosas que teriam sido admitidas numa possível delação".
O deputado Ezequiel Fonseca confirmou que integrou a base aliada do ex-governador, mas afirmou que a informação de que recebeu propina "não procede".
O deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), marido da prefeita Luciane Bezerra, afirmou que o dinheiro recebido por sua esposa era referente a uma dívida de campanha, da qual Silval ainda estaria faltando pagar cerca de R$ 300 mil.
O ministro Blairo Maggi afirmou que “lamenta” as ilações de Silval e que vai se defender na Justiça.
O Olhar Direto não conseguiu contato com os demais políticos que aparecem na reportagem.
PGE:
Com relação à matéria divulgada no Jornal Nacional da TV Globo na noite desta quinta, 28.08.17, onde aparece o procurador do Estado, Alexandre César, que à época da gravação estava no exercício do mandato de Deputado Estadual, a Procuradoria Geral do Estado considera as imagens graves e aguardará o levantamento do sigilo da delação do ex-governador Silval Barbosa para tomar as providências cabíveis, que podem ensejar, inclusive, a abertura de um Processo Administrativo Disciplinar caso identifique alguma infração aos deveres do cargo de Procurador do Estado.
Cuiabá, 25 de agosto de 2.017
Procuradoria-Geral do Estado