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Selma lamenta 'vergonha' de MT no Jornal Nacional e garante: 'Sodoma não terá fim tão cedo'

25 Ago 2017 - 14:10

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/OD

Selma Rosane Arruda

Selma Rosane Arruda

Responsável por investigar e julgar o ex-governador Silval Barbosa na esfera penal, a magistrada Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, lamentou a “vergonha” que Mato Grosso novamente passa na imprensa nacional. Na última quinta-feira (24), novos escândalos vieram à tona com a veiculação, no Jornal Nacional, de imagens de políticos do Estado, incluindo o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro, recebendo “mensalinho” das mãos do ex-chefe de gabinete de Silval, Silvio César Corrêa Araújo.  “Uma coisa horrorosa” - considerou a magistrada - que já admite: pelo andar da carruagem, “a Sodoma não vai ter fim tão cedo”.

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“É impressionante. São sempre notícias negativas, semana passada era o juiz dos R$ 500 mil e agora essa coisa horrorosa. Precisamos, entretanto, ver pelo lado bom, de que estão desnudando as coisas, tudo antes das eleições, para dar tempo da população refletir”, afirmou a magistrada Selma Rosane Arruda, hoje responsável por duas das quatro fases da “Operação Sodoma”, além das duas da “Operação Seven”, que figuram como réu principal o delator premiado Silval Barbosa.

Quanto mais avança, maior a Sodoma aparenta ser. Esta impressão é admitida também pela juíza Selma. “A Sodoma não vai ter fim tão cedo”, afirmou. Ao receber um “infelizmente” como resposta da reportagem, corrigiu. “Infelizmente ou felizmente, não é? A gente trabalha para encarar mesmo! O importante é que as coisas não fiquem debaixo do tapete, a gente passa vergonha (na imprensa), mas é bom para o povo ficar alerta”.

A magistrada negou-se a avaliar o teor das delações, nem sobre as imagens que viu na imprensa.  “Essas notícias não chegaram aqui oficialmente ainda, são vazamentos da delação, de modo que não posso formular opinião a respeito”, afirmou.

De acordo com a reportagem, a entrega do dinheiro era feita na sala do chefe de gabinete de Silval, Sílvio César Corrêa. Além de Emanuel Pinheiro, os então deputados estaduais Luciane Bezerra (PSB), Alexandre César (PT), Herminio Barreto (PR) e o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP) também são delatados pelo ex-governador.

Nas imagens, Emanuel Pinheiro aparece colocando maços de dinheiro nos bolsos do paletó. Num dado momento, algumas cédulas caem no chão e o à época deputado estadual se abaixa para pegar as notas.

O deputado federal Ezequiel Fonseca, que também foi gravado, coloca uma quantia vultuosa de dinheiro em uma caixa de papelão. Hermino Barreto, que aparece na sequencia, preenche uma mala com o dinheiro recebido. Já Luciane Bezerra, que atualmente comanda a Prefeitura de Juara, e o ex-deputado Alexandre Cesar colocam as notas em uma bolsa e mochila, respectivamente.

A reportagem também traz um trecho do depoimento de Silval, em que cita o ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP). Ele aponta, em sua delação, uma suposta tentativa de obstrução à Justiça, para que o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes mudasse seu depoimento ao MPE quanto à possível compra de vaga no Tribunal de contas do Estado (TCE).

Conforme já havia divulgado o Olhar Direto, Silval afirma, em seu acordo de colaboração, que ele e Blairo Maggi pagaram R$ 6 milhões para que Eder Moraes se retratasse e os livrasse do processo, que posteriormente foi arquivado.

Outro lado

Emanuel Pinheiro disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que nunca recebeu "mensalinho" ou dinheiro ilícito para apoiar o governo de Silval Barbosa (PMDB).

Pinheiro afirmou em nota que "refuta toda e qualquer ilação que possa ter sido alegada com intenção de enredá-lo nas supostas práticas criminosas que teriam sido admitidas numa possível delação".

O deputado Ezequiel Fonseca confirmou que integrou a base aliada do ex-governador, mas afirmou que a informação de que recebeu propina "não procede".

O deputado estadual Oscar Bezerra (PSB), marido da prefeita Luciane Bezerra, afirmou que o dinheiro recebido por sua esposa era referente a uma dívida de campanha, da qual Silval ainda estaria faltando pagar cerca de R$ 300 mil.

O ministro Blairo Maggi afirmou que “lamenta” as ilações de Silval e que vai se defender na Justiça.

Olhar Direto não conseguiu contato com os demais políticos que aparecem na reportagem.
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