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DELAÇÃO BOMBA

Empreiteira Andrade Gutierrez aceitou esquema para quitar dívida de gestão Maggi com factoring, diz Silval

29 Ago 2017 - 09:15

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Andrade Gutierrez

Andrade Gutierrez

Em sua delação premiada, o ex-governador do Estado Silval Barbosa narra como herdou de seu antecessor Blairo Maggi parte de uma dívida de R$ 40 milhões com o empresário do ramo de factoring Valdir Piran. A solução encontrada pelo então secretário Eder Moraes chama a atenção: envolver a empreiteira Andrade Gutierrez, investigada na “Operação Lava Jato” por supostos pagamentos de mais de R$ 1 bilhão em propinas.

A delação teve seu sigilo quebrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta sexta-feira (25).

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Narra o delator que tudo começou com a proposta feita por Blairo Maggi: só apoiaria Silval Barbosa ao Governo do Estado com a condição de que este honrasse as dívidas deixadas por aquele. Dentre elas, estava uma de R$ 40 milhões com a Piran Factoring, do empresáro Valdir Agostinho Piran.

Desse montante, R$ 15 milhões eram dívidas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), outra parte seria era dívida de Maggi, administrada pelo então secretário Estadual de Fazenda Eder de Moraes Dias.

Para evitar conflito com a factoring, Blairo Maggi, o ex-deputado José Riva e Sérgio Ricardo, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), se reuniram e decidiram que honrariam logo a dívida. Foi determinado que Eder Moraes Dias providenciasse o pagamento.

A solução encontrada por Eder foram os precatórios da empresa Andrade Gutierrez, construtora alvo da “Operação Lava Jato”. “A empresa Andrade Gutierrez tinha precatórios para receber do Estado de Mato Grosso no valor aproximado de R$ 320 milhões”, revelou o ex-governador.

A decisão de Eder teria recebido o aval de Maggi. “O colaborador se recorda que Blairo Maggi, no ano de 2010, expressamente disse ao colaborador que a dívida com Valdir Piran seria paga através dos precatórios da Andrade Gutierrez”.

Eder Moraes “foi a pessoa do governo responsável em combinar com representantes da empresa Andrade Gutierrez o retorno de 45% do valor pago pelo Estado, sendo que a pessoa responsável pelo pagamento de propina da empresa era o advogado Luiz Otávio Mourão, diretor jurídico e um outro diretor da empresa que estava acima de Luiz Otávio que o colaborador não se recorda o nome”, explicou Silval.

O então Procurador-Geral do Estado João Virgilio foi quem teria emitido parecer favorável ao pagamento destes precatórios.

Quando Silval assumiu o governo, no dia 30 de março de 2010, o Estado já havia pagado R$ 200 milhões dos precatórios da Andrade Gutierrez. Dessa quantia, 45% fora encaminhada para Valdir Piran, conforme solução encontrada neste ínterim. Valdir Piran, por sua vez, descontava 35% em despesas com tributos e o restante ele descontava da dívida existente com o Estado.

“Dos R$ 120 milhões que restavam do precatório da Andrade Gutierrez no período em que (Silval) era governador do Estado, houve o pagamento de R$ 47 milhões. Em razão de decisão judicial, o Estado ficou impedido de pagar o restante, motivo pelo qual o colaborador não conseguiu quitar a dívida herdada por Blairo com empreitera. Tendo o colaborador que arrumar outras formas para pagar tal dívida, sendo que Valdir Piran cobrava o juro de 4,5% ao mês, motivo pelo qual a dívida ficava impossível de ser paga”, narra o delator.

Da “época da Gutierrez”, sobrou um jatinho, narra o delator. “Eder Moraes acabou pegando um avião de Valdir Piran, um avião da Embraer, modelo Cênica, avaliado hoje em R$ 500 mil, sendo que Eder usava esse avião, que acabou ficando com o colaborador (Silval)”. 

Outro lado: 

Confira abaixo a íntegra do posicionamento do ministro Blairo Maggi

NOTA DE ESCLARECIMENTO
 
Informo que jamais estive presente em reunião política junto com Silval Barbosa, Mauro Mendes e Pedro Taques, uma vez que não participei efetivamente das eleições de 2014, muito menos declarei apoio a qualquer um dos candidatos.
 
Por essa razão, reitero que não convoquei encontros para tratar de acordos que beneficiassem o ex-governador Silval Barbosa.
 
Se houve qualquer encontro ou se existia algum interesse em acordos de proteção, foi por parte do próprio Silval Barbosa, uma vez que ele era o governador a época.
 
Ressalto que temos solicitado reiteradamente ao STF acesso às colaborações premiadas já homologadas, uma vez que estamos sendo procurados pela imprensa a apresentar defesas parciais, sem mesmo conhecer o teor das informações.
 
Por fim, entendo ser lamentáveis os ataques a minha reputação, mas estou com a consciência tranquila quanto às minhas ações e assim que tiver acesso ao teor da delação, usarei de todos os meios legais necessários para me defender, pois definitivamente acredito na Justiça.


Blairo Maggi


Confira abaixo a íntegra do posicionamento de Valdir Piran:

Tendo em vista matérias veiculadas na imprensa, cumpre tecer os seguintes esclarecimentos:
 
1. O empresário Valdir Piran é sócio fundador há mais de 24 [vinte e quatro] anos do Grupo Piran, onde nunca compactuou com qualquer tipo de ilícito, tampouco se furtou a qualquer encargo ou responsabilidade, seja de cunho moral ou profissional, sempre agindo dentro da lei​;
 
2. Causa estranheza o conteúdo dos depoimentos prestados pelo Delator Silval Barbosa onde, sem qualquer lastro probatório mínimo, insinuou que teria “assumido” divida pelo Ministro Blairo Maggi junto ao empresário Valdir Piran;
 
3. É lamentável que esse tipo de Delação unilateral e seletiva, coloque em dúvida a credibilidade e a imagem de pessoas, como é o caso;
 
4. O empresário Valdir Piran afirma que não teve qualquer tipo de relacionamento pessoal, comercial ou político com o Ministro Blairo Maggi durante os seus 02 [dois] mandatos como Governador do Estado. Inclusive, as empresas do Grupo Piran nunca tiveram qualquer tipo de relação com o Governo do Estado  e muito menos com a União.
 
5. A supracitada Delação, no que tange a suposta dívida assumida pelo Delator sem qualquer comprovação de origem ou lapso temporal, demonstra a leviandade e irresponsabilidade deste que ardilosamente buscou se eximir de suas responsabilidades;
 
6. Com relação às pessoas citadas na Delação, o empresário Valdir Piran esclarece ainda que, não possui contato político ou de qualquer natureza com o Governador do Estado, Pedro Taques, e tampouco com o Deputado Estadual, Guilherme Maluf;
 
7. Igualmente, assevera que não conhece o Delator Silvio Corrêa e muito menos os proprietários da empresa Avançar Tecnologia;
 
8. Tais ilações infundadas não passam de fatos desconexos, insinuações vazias e generalizadas, não passando de acusações lacônicas criadas pelo Delator, revelando apenas estratégia para fins de livrar-se de sua responsabilidade penal, onde imputou descabidamente fatos a terceiros, como se àqueles pudessem responder pelos fatos por ele praticados;
 
9. O empresário Valdir Piran está com sua consciência tranquila, estando inteiramente à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos;
 
Assessoria Valdir Piran

 
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