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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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​ministro envolvido

Silval afirma que “herdou” dívida de R$ 40 mi de Blairo com Piran e quitou com dinheiro público

Foto: Rogério Florentino Pereira/ Olhar Direto

Silval afirma que “herdou” dívida de R$ 40 mi de Blairo com Piran e quitou com dinheiro público
O ex-governador Silval Barbosa revelou em delação premiada homologada no Supremo Tribunal Federal (STF) que “herdou” uma dívida de R$ 40 milhões do hoje ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, com o dono de factoring Valdir Piran e que quitou o débito com dinheiro público.

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Chama a atenção o fato de parte da divida de Maggi “herdada” por Silval também não ser originária de Blairo. O então governador assumiu o compromisso de quitar R$ 15 milhões que deputados deviam para Piran e posteriormente passou para Barbosa o compromisso. Este último desviou recursos públicos para “sanar” o problema.
 
Blairo Maggi aparece na delação de Silval como coautor do esquema ilícito porque, de acordo com a versão apresentada, teria repassado a dívida como condição para apoiar deixar o governo em 2010 e apoiar Silval na eleição para o Governo de Mato Grosso.
 
Silval afirma que não embolsou o grande volume de recursos desviados, mas que utilizava o dinheiro público para “alimentar” o sistema político que garantia a governabilidade à gestão. “Pretendo confessar e na condição de colaborador detalhar, deixando claro que a grande e esmagadora maioria das vantagens ilegais foram utilizadas para pagamentos ilegais para sustentar a própria governabilidade, alimentando assim o "sistema" montado na gestão Blairo Maggi e herdado”, sustenta.  
 
A dívida assumida por Silval era uma conta corrente que Eder Moraes, sob o aval de Blairo Maggi, mantinha com Valdir Piran. No que diz respeito à dívida da Assembleia, governador e vice foram abordados em 2009 por José Riva e Sérgio Ricardo que solicitaram a “transferência” da dívida.
 
Silval ainda diz que Piran tinha consciência que o dinheiro usado para quitar a dívida era desviado do erário. A reportagem tentou entrar em contato com o dono da factoring, mas as ligações não foram atendidas no número da empresa. Foi informado que Piran não possui mais assessoria de imprensa.
 
Blairo Maggi nega as informações repassadas por Silval. Ele alega que a dívida que Barbosa tinha com Piran foi contraída pelo próprio delator, que agora tenta imputar seus crimes para outras pessoas como forma de se livrar da cadeia. De acordo com Maggi, a delação é mentirosa.
 
Maggi critica também a decisão da Procuradoria Geral da República (PGR) de denunciá-lo com base no que classifica como “acordos de colaboração unilaterais” e assegurou que jamais utilizou meios ilícitos em sua vida pública.
 
Confira abaixo a íntegra da nota de Blairo Maggi encaminhada para a imprensa.
 
NOTA À IMPRENSA
 
Deixo claro, desde já, que causa estranheza e indignação que acordos de colaboração unilaterais coloquem em dúvida a credibilidade e a imagem de figuras públicas que tenham exercido com retidão, cargos na administração pública. Mesmo assim, diante dos questionamentos, vimos a público prestar os seguintes esclarecimentos:
 
1. Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de Governo ou para obstruir a justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja "mudanças de versões" em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade. Qualquer afirmação contrária a isso é mentirosa, leviana e criminosa.
 
2. Também não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato. Por não ter ocorrido isto, Silva Barbosa mentiu ao afirmar que fiz tais pagamentos em dinheiro ao Eder Moraes.
 
3. Repudio ainda a afirmação de que comandei ou organizei esquemas criminosos em Mato Grosso. Jamais utilizei de meios ilícitos na minha vida pública ou nas minhas empresas.
 
4. Sempre respeitei o papel constitucional das Instituições e como governador, pautei a relação harmônica entre os poderes sobre os pilares do respeito à coisa pública e à ética institucional.
 
5. Por fim, entendo ser lamentável os ataques à minha reputação, mas recebo com tranqüilidade a notícia da abertura de inquérito, pois será o momento oportuno para apresentação de defesa e, assim, restabelecer a verdade, pois definitivamente acredito na Justiça.
 
Blairo Maggi
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