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DEPUTADO FEDERAL

Bezerra pegou propinas de obras em MT e deu calote de R$ 5 milhões em empréstimo ilegal, diz Silval

29 Ago 2017 - 09:07

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Olhar Direto

Bezerra e Emanuel Pinheiro foram delatados por Silval

Bezerra e Emanuel Pinheiro foram delatados por Silval

Em depoimento às autoridades federais, o ex-governador Silval Barbosa denuncia o deputado Federal e presidente do PMDB, Carlos Bezerra. Ele teria contraído propinas milionárias em três grandes obras do Estado, incluindo a ampliação do Aeroporto de Rondonópolis. Entretanto, não honrou um empréstimo ilegal de R$ 4 milhões feito para garantir sua campanha a Brasília, em 2010. Silval Barbosa, seu avalista nesta ação ilegal, precisou pagar o calote dado pelo correligionário.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), ao Deputado Federal Carlos Bezerra é atribuída a conduta de corrupção passiva e lavagem de dinheiro em desapropriação de terras do Estado de Mato Grosso, bem como doações de campanha não-declaradas. 

Esta é a segunda vez que Carlos Bezerra é citado em delação sobre recebimentos de propinas. Ainda este ano, o ex-chefe da Casa Civil Pedro Nadaf, já havia apontado o político (que já atua há cerca de 60 anos) como recebedor de propinas no Estado.

A denuncia faz parte do acordo de delação premiada firmada por Silval, junto ao Supremo Tribunal Federal (STF). O conteúdo do acordo foi levado a público na última sexta-feira (25).

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Silval Barbosa conta aos investigadores federais que durante campanha ao cargo de deputado federal, em 2010, Carlos Bezerra contraiu um empréstimo ilegal de R$ 4 milhões com a empresária Marilena, da Construmóveis, pedindo que o ex-governador fosse o avalista. Concordando, Silval assinou cheques emitidos por Bezerra em garantia para Marilena.

Para quitar a dívida, o deputado Carlos Bezerra teria combinado com Silval Barbosa a captação de propinas de diversas obras do Estado, são elas: “construção da estrada de Nobres ao Distrito de Bom Jardim efetuado pela Construtora Tripoli, pertencente ao deputado Estadual Nininho; ampliação do Aeroporto de Rondonópolis, efetuado pela empresa Ensercon Engenharia Ltda; recapeamento da MT 060, que liga Poconé a Cuiabá, efetuado pela empresa EBC - Empresa Brasileira de Construções Ltda”.

Carlos Bezerra cobrou as propinas, as recebeu, foi eleito deputado em 2010, usou o dinheiro, mas não quitou a dívida. Deu calote. Silval precisou honrá-la, efetuando o pagamento com outras propinas de obras públicas do Estado. Por conta dos juros, o valor final da dívida foi de R$ 5 milhões, pagos em cinco parcelas divididas entre 2011 e 2014.

Cabia ao ex-chefe de gabinete Silvio César Corrêa Araújo realizar os pagamentos em nome de Silval.

O ex-governador ficou chateado com a irresponsabilidade de Bezerra no esquema criminoso. “O colaborador sabe que Carlos Bezerra foi atrás dessas empresas para receber propinas dessas obras, inclusive se recorda que o deputado Estadual Nininho, proprietário da Construtora Tripoli, que fez a pavimentação da estrada que liga Nobres à Bom Jardim confirmou para o colaborador que havia feito pagamentos a Carlos Bezerra, tendo o colaborador ficado chateado com ele, pois ele recebeu as propinas e não quitou a divida, que foi paga pelo colaborador”.

Não é a primeira vez que o peemedebista Carlos Bezerra é citado em delações sobre esquemas de fraudes. Antes, o ex-chefe da Casa Civil Pedro Nadaf o denunciou, dizendo que ele participava dos esquemas de propina da gestão Silval Barbosa. Especificamente, na desapropriação do Bairro Renascer, em Cuiabá. 

"Valor de desapropriação de aproximadamente R$ 32.000,000,00, com retomo na ordem de 50%. O contato com o dono da área foi intermediado pelo Deputado Federal Carlos Bezerra, que recebeu um R$ 1 milhão por isso, em dinheiro, acreditando que o recebimento foi através de uma empresa de Goiânia. O colaborador tomou conhecimento de que o deputado federal Carlos Bezerra recebeu um milhão de reais através de informação passada por Pedro Nadaf (Secretário da Casa Civil), sendo que posteriormente o colaborador conversou com Carlos Bezerra que confirmou que estava intermediando tal desapropriação, tendo ainda Bezerra dito que se desse certo o proprietário iria ajudá-lo na campanha eleitoral", consta da delação de Silval.

À época, Bezerra negou de denuncia. “Isso não é da minha índole!”.

“Minha consciência está tranquila. O relacionamento que tive com o ex-secretário, e com todos os demais, sempre foi estritamente profissional, pela boa condução da coisa pública”, garantiu o parlamentar peemedebista, o mais antigo homem publico de Mato Grosso – desde a década de 1960.

R$ 4 milhões em Propina:

Índole posta em dúvida em outro momento da delação de Silval Barbosa. O delator afirma que no ano de 2008, antes da campanha para a prefeitura de Cuiabá, em que concorriam como principais nomes Wilson Santos (PSDB) e Mauro Mendes (na época PR), o então governador Blairo Maggi e o próprio Mendes conversaram com Silval Barbosa, que era do PMDB, pedindo interseção para que o partido apoiasse o republicano.
 
O PMDB tinha firmado acordo em compor a coligação do candidato Wilson Santos. Diante do pedido de Blairo Maggi e Mendes, Silval se reuniu com Carlos Bezerra, líder do PMDB, para que o posicionamento fosse revisto.
 
Segundo Silval , Carlos Bezerra teria dito que apoiaria somente mediante o pagamento de R$ 4 milhões para o PMDB. Blairo concordou com a compra do apoio.
 
Assim, Maggi teria determinado que Eder Moraes (na época Secretario de Fazenda de Mato Grosso) conseguisse os R$ 4 milhões e entregasse a Carlos Bezerra.
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