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MORTO EM TREINAMENTO

Justiça agenda interrogatórios com 29 réus em ação sobre tortura e morte em treinamento do Bope

06 Set 2017 - 09:45

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Reprodução

Abinoão Soares de Oliveira

Abinoão Soares de Oliveira

O juiz da Sétima Vara Criminal Marcos Faleiros da Silva agendou para abril do próximo ano as datas das audiências de instrução e julgamento dos envolvidos na morte do soldado Abinoão Soares de Oliveira. Ao todo, 29 oficiais figuram como réus nesta ação penal.

O soldado Abinoão Soares de Oliveira, de 34 anos, morreu vítima de tortura, por meio de afogamento, no dia 24 de abril de 2010, durante treinamento do 4º Curso de Tripulante Operacional Multimissão (TOM-M), realizado no Terra Selvagem Golf Club, na estrada de acesso ao Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 50 km de Cuiabá.

O curso tinha como objetivo capacitar os profissionais da segurança pública para atuar em aeronaves no atendimento de ocorrências policiais, de resgate, busca e salvamento, combate a incêndio, entre outras. Outras três vítimas também passaram mal e foram levadas de helicóptero para o Pronto Socorro Municipal de Cuiabá. Os três foram atendidos, medicados e liberados.

Abinoão deixou mulher e três filhos.

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São réus nesta ação penal: Heverton Mourett De Oliveira; Aluisio Metello Junior; Henrique Correia Silva Santos; Juliano Chiroli; Ricardo Tomas Da Silva; Lindberg Carvalho De Medeiros; Ernesto Xavier De Lima Júnior; Arnaldo Ferreira Da Silva Neto; Ricardo De Almeida Mendes; Fernando Duarte Santana; Dulcézio Barros Oliveira; Adilson De Arruda; Carlos Evane Da Silva; Pedro Paulo Borges Do Amaral; Lucio Eli Moraes; Moris Fidélis Pereira; Honey Alves De Oliveira; Saulo Ramos Rodrigues; Roberto Da Silva Barbosa; Jonne Frank Campos Da Silva; Antônio Vieira De Abreu Filho; João Alberto Espinosa; Aislan Braga Moura; Wanker Ferreira Medeiros; Valnez Duarte De Souza e Rogerio Benedito De Almeida Moraes.

São vítimas nesta ação penal: Luciano Roberto Frezato; Claudomir Braga Pinto; Thiago Andrigo Mendes Da Silva; Hildebrando Ribeiro Amorim; Jonny Wanderson Sena Lima; Jair Dos Passos Santos; Joéslan Rocha Lima; Flávia Aparecida Rodrigues De Lima; Mauro Fernandes Da Cruz; Fabiano Luiz De Miranda Silva; Adagilson Rosa E Silva; Sidnei André Da Silva; Claudia Maria Teixeira; Sandro Lucio Fernandes Da Silva; Orlando Francisco Gatta Galvão; Abinoão Soares De Oliveira; Rodrigo Fonseca Silva; Wellignton Vitor Alvarenga Espindola; Thiago Balbi Gonçalves; Robson César Nascimento Maciel e Sócrates Nascimento Da Silva.

O julgamento dos envolvidos ocorrerá em 16, 17 e 18 de abril 2018, às 13h30, com oitivas das testemunhas de acusação, defesa e interrogatório dos réus.

No dia 16 de abril 2018, deverão se apresentar em juízo: Heverton Mourett De Oliveira, Aluisio Metelo Júnior, Juliano Chiroli, Eduardo Antônio Leal Ferandes, Arnaldo Ferreira Da Silva Neto, Dulcézio Barros Oliveira, Pedro Paulo Borges Do Amaral, Ricardo De Almeida Mendes, Moris Fidélis Pereira, Antônio Vieira De Abreu Filho, Jonne Frank Campos Da Silva.

No dia seguinte: Valnez Duarte De Souza, João Alberto Espinosa, Aislan Braga Moura, Hildebrando Ribeiro Amorim, Honey Alves De Oliveira, Lucio Eli Moraes, Roberto Da Silva Barbosa, Rogerio Benedito De Almeida Moraes, Saulo Ramos Rodrigues, Wanker Ferreira Medeiros E Rener De Oliveira Michalski.

O magistrado determinou ainda emissão de cartas precatórias para oitivas com testemunhas e réus que residam fora de Cuiabá. Os documentos serão enviados para: Henrique Correa Da Silva Santos (Manaus); Ricardo Tomas Da Silva (São José Do Rio Preto), Lindberg Carvalho De Medeiros (Goiânia); Carlos Evane Da Silva (Rio Branco), Ernesto Xavier De Lima Júnior (Rondonópolis), Fernando Duarte Santana (Rondonópolis), Adilson De Arruda (Santo Antônio Do Leverger), com Prazo De 60 Dias.
 
Entenda:

Após o treinamento de resgate e salvamento aquático, o soldado Abinoão Soares de Oliveira sofreu um mal súbito, recebeu atendimento de primeiros socorros pela equipe do Corpo de Bombeiros e Samu. Ele foi levado pelo helicóptero do Ciopaer ao Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, mas não resistiu e morreu.
 
Abinoão ingressou na corporação alagoana em 2002 e estava cedido para a Força Nacional de Segurança desde 2008.
 
Confome a delegada Ana Cristina Feldner, que presidiu as investigações sobre a morte do soldado, o policial morreu por mera vaidade dos oficiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), os chamados "caveiras".

"Desta forma, notamos que por ser um "caveira", os instrutores se acham no direito de submeter os alunos a se sujeitarem as mesmas humilhações e torturas que eles aceitaram e se submeteram. E ainda se dizem serem melhores e especiais, deixando a vaidade se sobrepor as razões técnicas, legais e os objetivos da capacitação", afirmou a delegada à época.
 
O então secretário de segurança pública de Mato Grosso, Diógenes Curado, admitiu três dias após a morte de Abinoão que houve erro no treinamento para tripulante aéreo, realizado na região do Manso.

Abinoão Soares de Oliveira deixou esposa e três filhos, um de 15 anos, outro 11 e o mais novo, de apenas 9. Eles residiam em Brasília quando souberam da tragédia. Abinoão “foi morto de maneira cruel ", disse a viúva, Ana Shirley.
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