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COLABORAÇÃO PREMIADA

Silval Barbosa: o ex-governador responsável por distribuir 270 PF´s em 64 endereços do Brasil

14 Set 2017 - 08:54

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Silval Barbosa

Silval Barbosa

Quem considerava frustrante o efeito prático da delação premiada do ex-governador Silval da Cunha Barbosa, calou-se. Na manhã desta quinta-feira (14), a população mato-grossense amanheceu com o rufar dos tambores de “Malebolge”, a Vala dos pecadores, no inferno de Dante Alighieri. A ação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também responsável pela homologação do acordo de colaboração de Silval.

No total, são cumpridas ordens em 64 endereços, em dois estados e na capital federal. No Mato Grosso, há diligências em nove municípios: Cuiabá, Rondonópolis, Primavera do Leste, Araputanga, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Juara, Sorriso e Sinop.

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A Polícia Federal toma posse de documentos e computadores dos gabinetes dos deputados Gilmar Fabris, Romualdo Junior, Baiano Filho, Wagner Ramos e Silvano Amaral. Também é alvo de busca e apreensão três imóveis do ministro da agricultura Blairo Maggi, em Cuiabá (sede da Amaggi) e residências em Brasília e em Rondonópolis.

Entre os nomes acima citados, uma coisa em comum: a colaboração do ex-governador Silval Barbosa. Fizeram parte da maior organização criminosa já instalada no seio do Poder Executivo do Estado de Mato Grosso, responsável por solapar dos cofres públicos cerca de R$ 1 bilhão, segundo cálculos recentes.

Malebolge faz parte da 12ª fase da “Operação Ararath”.

Após dois anos de prisão no Centro de Custódia da Capital (CCC), Silval Barbosa decidiu colaborar com a justiça. Não agüentou. Contou tudo o que sabe, e sabe muito. A delação “é monstruosa”, já havia avisado o ministro Luiz Fux.

O acordo de colaboração de Silval foi assinado há cerca de dois meses com a PGR (Procuradoria-Geral da República). Nele, o ex-governador de Mato Grosso supostamente relata um esquema de pagamento de "mensalinho" para deputados estaduais que atuaram na sua gestão para lhe garantir apoio. Gilmar Fabris, Romualdo Junior, Baiano Filho, Wagner Ramos e Silvano Amaral estão na lista de Silval Barbosa, alguns deles foram flagrados em filmagens.

Dentre todos os políticos citados, o ministro Blairo Maggi é certamente o mais citado. Coincidentemente, Silval narrou na delação que quando os rumores de que ele tentaria um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) começaram a se espalhar, ele teria recebido recado e visitas de autoridades. Munido de um gravador, o ex-governador teria gravado uma conversa com o senador Cidinho Santos (PR) na qual o congressista afirma que Blairo Maggi e o governador Pedro Taques (PSDB) tentariam frear a “Operação Ararath”.

Nesta operação, o ministro Luiz Fux autorizou buscas e apreensões nas casas de Maggi, por conta, justamente, de supostas tentativas de obstrução às investigações da Polícia Federal.

Silval Barbosa foi o primeiro ex-governador do país a se tornar delator. O advogado que negociou seu acordo, Délio Lins e Silva, é o mesmo que conduz a negociação da delação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atualmente preso no Paraná.

"Silval juntou uma enorme quantidade de anexos, descrevendo um incomensurável número de infrações delatadas, 'de todos os níveis'. Não se pode olvidar (esquecer) igualmente, que até mesmo seu próprio filho foi objeto de delação, o que evidencia a amplitude e legaldade do pacto celebrado com a Procuradoria-Geral da República”, gabou-se o advogado, ao solicitar perdão e absolvição do ex-governador à juíza Selma Rosane Arruda, da Sétima Vara Criminal, na ação penal da "Operação Sodoma".
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