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TRIBUNAL DE JURI

Suposto assassino investigado no facebook por mãe da vítima vai a Júri nesta segunda

25 Set 2017 - 10:20

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Acervo Pessoal

Maik Joilson Gusmão Nascimento

Maik Joilson Gusmão Nascimento

Será julgado nesta segunda-feira (25) Elton Victor Silvestre da Silva (vulgo “Vitinho”), acusado de assassinar a tiros Maik Joilson Gusmão Nascimento, de 19 anos, durante um baile funk no bairro Aricá, em Cuiabá. O crime aconteceu na noite do dia 01º de maio de 2016. O caso foi investigado pela própria mãe da vítima, que revela temer que o Tribunal de Júri, que se iniciará às 13h30 de hoje, termine em absolvição. O julgamento ocorrerá no Fórum da Capital, na região do CPA, em Cuiabá.

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O irmão da vítima, Valdevino Janderson Gusmão Nascimento, promovia uma festa de aniversário para 100 pessoas em clube conhecido como “Casa da Árvore”. Elton Silvestre da Silva foi armado para o local, uma pistola 380.

No final da festa, na portaria do evento, por volta das 21h, iniciou-se uma discussão entre o rapaz armado e um convidado. Maik foi até o local acompanhado de seu irmão, Valdevino, para apaziguar a situação. Elton Silvestre surpreendeu a todos, sacou a pistola, e, com três tiros a queimar roupa, ceifou a vida de Maik Joilson Gusmão. Os ferimentos, descritos no exame de necropsia, confirmam a causa da morte.

Os disparos acertaram a região do tórax e perna da vítima. Pessoas na proximidade socorreram Maik, que foi levado até a Policlínica do Pascoal Ramos e depois transferido para o Pronto-Socorro Municipal de Cuiabá, mas não resistiu aos ferimentos.

Ao efetuar os disparos contra Maik, o denunciado ainda atingiu a vítima Edilson Pedro da Silva Filho, ferindo-lhe. Por conta disto, ele aparece como vítima no processo.

Elton será julgado pelo artigo 121, § 2º, incisos II (motivo fútil) e IV (recurso que dificultou a defesa da vítima), do Código Penal, e artigo 14, da Lei n.º 10.826/2003 (porte ilegal de arma de fogo).

O julgamento desta segunda-feira (25) poderia não acontecer sem os esforços de uma mãe inconformada com a morte do filho: Patrícia Gusmão da Silva.

Patrícia se tornou a principal investigadora do caso. Ela percebeu as dificuldades estruturais da polícia e descobriu que se não fizesse algo, jamais conseguiria Justiça. “Na época eu não comia, não dormia e nem bebia, eu não fazia nada, eu vivia só para que ele fosse preso”, contou ela, em entrevista ao Olhar Direto, em setembro deste ano.

Foi pelo Facebook de sua irmã que descobriu a página pessoal da namorada de Elton, com quem ele mantinha contato. Elton recebia mensagens em sua linha do tempo. “Ela dizia que estava com saudade, mandava coraçõezinhos e aí eu fui percebendo que ele não estava mais em Cuiabá”, relata.

A informação foi passada aos investigadores da Polícia Civil, mas ainda não havia indícios suficientes para saber onde exatamente o suspeito estava. Dias depois Patrícia descobriu que a namorada de Elton trocava comentários com uma prima, que morava em Araputanga. Em uma das conversas, ela pedia informações sobre o namorado.

“Foi por aí que eu descobri que ele estava lá, mas eu ainda não tinha certeza do endereço da prima dele. Araputanga não é uma cidade grande, mas tem muita coisa, sítio, casa... Seria mais fácil se a gente descobrisse o endereço certo”, explicou ela.

Foi só quando a prima de Elton publicou uma foto de um teste de gravidez que Patrícia teve chances de encontrar o assassino. A mãe enviou a imagem à polícia e os agentes foram até o endereço do laboratório responsável pelo teste, onde conseguiram saber a casa onde o suspeito se escondia e prendê-lo no dia 21 de julho deste ano.

“Eu não quis ir com eles, na época eu sentia muita, mas muita raiva mesmo e eu não queria perder o controle, não queria me tornar um assassino como ele foi para o meu filho”.

A comoção em torno do assassinato de Maike também envolveu os moradores do bairro. Patrícia conta que o filho participava da igreja evangélica, tinha um time de futebol e era querido por todos.

Patrícia teme que a justiça não seja feita, que Elton seja absolvido e que todo o seu trabalho de investigação venha por água à baixo. Amigos, familiares e pessoas próximas da vítima também devem acompanhar o julgamento. A comoção em torno da morte do filho é tanta que Patrícia diz ter deixado de postar fotos do jovem, para evitar “incentivar raiva” naqueles que também perderam Maike.

“Antes eu publicava muitas fotos dele, as pessoas vinham em baixo e comentavam que era uma perda enorme, pediam pena de morte para o assassino, queriam justiça, mas eu parei porque não queria incentivar os amigos deles essa raiva, sei que não faz bem”, conta, “se vocês soubessem o tanto de gente que quer ir nesse julgamento, já estou fazendo faixa para levar, eu quero mostrar para outras mães que a gente precisa lutar por justiça, que muitas vezes não adianta só esperar a polícia fazer o trabalho”. 
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