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Quarta-feira, 24 de abril de 2024

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PM cita promotor e diz que grupo tentaria aliciar Turin para obstruir investigações dos grampos; veja vídeo

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

PM cita promotor e diz que grupo tentaria aliciar Turin para obstruir investigações dos grampos; veja vídeo
O tenente coronel José Henrique Costa Soares contou a Polícia Civil que pelo menos um promotor faria parte do grupo de militares e civis que se empenham em obstruir as investigações sobre o esquema de grampos ilegais em Mato Grosso. Conforme ele, outro seria aliciado para auxiliar no contra-ataque a apuração do caso. Veja vídeo no final da matéria. 

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Em seu depoimento, Soares deu detalhes de um encontro na casa do coronel Evandro Alexandre Ferraz Lesco. Na ocasião, o coronel citou nominalmente o promotor Marcelo Ferra.

"Em seguida eu menciono: ainda bem que o Ministério Público está do nosso lado, seria difícil sem ele. E ele [Evandro Lesco] comenta que o doutor promotor Marcelo Ferra estava do nosso lado, estava participando, estava colaborando com o grupo", conta. 

A conversa foi gravada no celular do tenente coronel, que decidiu testemunhar à Justiça e foi ouvido entre os dias 18 e 22 de setembro pela delegada Ana Cristina Feldner e pelo delegado Flávio Stringuetta, a dupla está a frente da apuração. Segundo o testemunho do militar, o encontro foi agendado pela esposa de Lesco, Helen Christy Carvalho Dias Lesco. 

A testemunha explicou que Lesco teria dito durante a reunião que havia interesse em aliciar o promotor Roberto Aparecido Turin, atual presidente da Associação Mato-Grossense do Ministério Público (AMMP). O promotor é também o responsável por propor uma ação de impobridade administrativa contra o grupo criminoso. 

"Ele menciona o nome do também promotor Turin, fala que esse promotor está na ação de improbidade administrativa que eles temem enormemente. Ele não é do grupo, mas há a intenção de adotar procedimentos de aliciamento dele, para que o melhor resultado aconteça depois disso tudo", denuncia a testemunha. 

A maior parte da conversa entre Soares e o casal Lesco foi gravada pelo tenente coronel, que conseguia acionar o gravador do telefone todas as vezes em que se retirava para ir ao banheiro. Este trecho em questão também foi registrado por Soares e o arquivo entregue aos delegados. 

Críticas a Perri

O desembargador Orlando Perri foi produndamente criticado pelo promotor Roberto Aparecido Turin quando o desembargador decretou a prisão dos secretários Rogers Jarbas e Airton Siqueira sem consultar o Ministério Público, como é de praxe em ações contra o crime organizado. Anteriormente, Perri disse não ter aberto vistas ao MP porque promotores também estavam sob investigação. 

Na entrevista que concedeu exclusivamente ao Olhar Jurídico, Turin disse não gostar da maneira como Perri tem tocado o processo referente as escutas ilegais. "A gente não concorda com a forma como ele vem conduzindo as coisas", confessou o promotor. 

Grampolândia 

Graças às declarações prestadas por José Henrique Soares a Operação Esdras foi cumprida e mais dois secretários de Estado foram presos pelo polícia em setembro. Rogers Jarbas e Airton Siqueira, responsáveis pela pasta de Segurança Pública e Direitos Humanos foram presos na última quarta-feira (27). 

Os dois secretários juntaram-se ao ex-secretário Paulo Taques, primo de Pedro Taques, preso na mesma data. João Ricardo Soler e Michel Ferronato também foram detidos, os dois são sargento e major da Polícia Militar, respectivamente. Completa a lista Helen Christy Carvalho Dias Lesco, mulher de Evandro Lesco que foi preso nas primeiras fases das investigações, mas conseguiu habeas corpus logo em seguida. Lesco, no entanto, voltou à cadeia depois que a operação foi deflagrada. 

Contra todos eles pesa as acusações de obstrução das investigações. A Polícia Civil aponta que o grupo coagiu o tenente coronel José Henrique Soares a forjar provas contra o desembargador Orlando Perri para suspender o magistrado do processo. O grupo avaliava que sem Perri a chance de alcançar mais figuras do alto escalão do governo Taques diminuiria.  

Antes da acusação de obstrução, Lesco e o coronel Zaqueu Barbosa, entre outros integrantes da Polícia Militar, foram apontados como responsáveis por uma série de inclusão de números não investigados em escutas telefônicas deferidas pela Justiça. O caso, que ficou conhecido como grampolândia pantaneira, foi denunciado pelo promotor Mauro Zaque, quando este identificou toda uma estrutura de espionagem contra jornalistas, advogados e políticos opositores na sede da Polícia Militar. 

 

O outro lado:

Ministério Público Estadual

Diante das notícias veiculadas pela imprensa referente à Operação Esdras, de que um dos envolvidos na organização criminosa teria citado que contaria com o apoio de um grupo de promotores de Justiça, o Procurador-Geral de Justiça, Mauro Benedito Pouso Curvo, esclarece:

1º – Que buscou informações a respeito da investigação e soube que entre os citados estão o seu nome e o do promotor de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho, que ocupa atualmente o cargo de sub-procurador-geral de Justiça Jurídico e Institucional.

2º – Afirmou não ter dúvidas de que a tentativa de envolver o nome de membros do Ministério Público é uma “canalhice” e de total despropósito com a finalidade de enfraquecer a instituição. Assegurou que confia no Poder Judiciário e que adotará todas as providências cabíveis para responsabilizar os envolvidos.

3º – Ressaltou, ainda, que a “armadilha” é tão evidente que até mesmo o nome do promotor de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho, que atuou até o mês de agosto no CNMP, e que não está acompanhando o processo foi citado. Até o momento, a única participação de Marcelo Ferra em relação a esta matéria foi na sessão do Pleno que decidiu pelo recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público contra os Militares.

4º – O Procurador-Geral de Justiça enfatizou que foi o autor da denúncia oferecida contra os Militares envolvidos na organização e que, inclusive, requereu a decretação da prisão preventiva da pessoa que o citou. No que se refere à atuação do promotor de Justiça Marcelo Ferra de Carvalho, lembrou que foi ele quem, em julgamento pelo Tribunal de Justiça, no mérito, requereu o recebimento da denúncia contra todos os criminosos envolvidos nas interceptações ilegais.

5º – Fez questão de reforçar que quando atuou no processo, o fez em observância aos mandamentos legais e constitucionais e que assim que tiverem acesso aos documentos da investigação, vão encaminhar à Corregedoria Nacional do Ministério Público no CNMP requerendo a instauração de procedimento investigatório para apurar as suas condutas.

6º – Reafirma que a manifestação do Ministério Público no processo penal e nas cautelares criminais é imprescindível e que eventuais falas caluniosas contra membros da instituição não podem servir de justificativa para afastar o titular da ação penal. Garante que qualquer membro do Ministério Público está à disposição para ser investigado de modo a espancar qualquer dúvida sobre sua idoneidade.

7º - Por fim, a Procuradoria Geral de Justiça afiança que continuará agindo nos termos definidos nas Constituições Federal e Estadual e na legislação vigente, sempre em defesa dos mais relevantes interesses da sociedade mato-grossense. 
 
Assessoria de Imprensa do Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
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