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Sargento confessa que instalou escuta em uniforme da PM por ordem de Lesco

05 Out 2017 - 14:14

Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia/Olhar Direto

Sargento Soler

Sargento Soler

O sargento da Polícia Militar João Ricardo Soler aceitou instalar equipamentos de espionagem no uniforme do tenente coronel José Henrique Soares para “atender amigavelmente” pedido do coronel Evandro Lesco. Soler foi escolhido pela suposta organização criminosa para realizar o procedimento, pois “tinha experiência” no ramo. Aceitou o pedido e instalou o equipamento no uniforme "sem saber o que estava por trás". 

Interrogado na manhã desta quinta-feira (05), o militar assumiu parcial culpa nas interceptações ilegais realizadas em Mato Grosso. Seu depoimento, prestado aos delegados  da Polícia Civil Flávio Henrique Stringueta e Ana Cristina Feldner, durou cerca de 3h.

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“Ele ratificou todo o depoimento anterior dele. Tudo o que disse que participou e que se recorda. Confirma tudo o que está no depoimento e no leque de conhecimento dele”, informou o advogado Reinaldo Jolleti, que formeceu informações exclusivas ao Olhar Jurídico sobre parte do que foi repassado aos investigadores da PJC. O investigado colocou-se à disposição da investigação.

Sobre o uniforme que o PM Soares usaria para filmar o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), Orlando Perri, Soler confessa. “Chamaram ele para executar isso, (foi uma ordem) direta do Coronel Lesco, mas sem saber o que estava por trás”. Em outro momento, o advogado reitera, ele “não tinha o menor conhecimento!”.

Se teve algum contato com a testemunha PM José Henrique Soares, a defesa do Sargento também nega, fala apenas de uma reunião em que ambos estiveram. “Soler teve contato com o Coronel Lesco. Na oportunidade (de uma reunião), teve contato com o Coronel Lesco, que agendou esta reunião em que (a testemunha) Soares estava”.

Sobre o que fora dito ao Sargento naquela reunião? “Lesco pediu um auxilio dele (Soler) para a instalação do equipamento, tão somente, objetivamente”. Questionado se o Sargento sabia da ilegalidade do procedimento, a defesa nega. “Ele não cogitou isso. Existe aí por parte de Lesco e o Sargento Soler uma caminhada juntos por longos anos, acredito que seja isso que justificou esse auxilio, atendeu amigavelmente a um amigo de longa data”.

Questionado se o Sargento Soler tinha competência e autorização para realizar a instalação, o advogado confirma. “Ele tinha experiência, inclusive foi por isso que ele foi chamado, foi escolhido para realizar esta instalação”.

Soler nega ter tido contato com os presos da operação. “Com ninguém, nem com Paulo Taques, nem com Roger Jarbas, com ninguém. Ele está hoje no batalhão da ROTAM e lá está. Ele não teve nenhum contato com Jarbas, sequer conhece ele, nem do trato do dia. Tampouco conhece Coronel Siqueira, sabe quem é o Coronel Siqueira, por conta da corporação que ele está”, diz o advogado.

Liberdade:

Sobre eventual pedido de liberdade, tendo em vista a contribuição dada às investigações, o advogado nega andamento. “Ele vai continuar preso, por enquanto não (pedi liberdade) pois estamos analisando o momento oportuno para que seja realizado isso. Na verdade a doutora está no prazo de conclusão do inquérito dela para réu preso, que é de dez dias. Não sabemos se ela irá pedir a dilação disso ou não. Ela concluindo este relatório aí sim, talvez seja este o momento propicio para este pedido, à não ser que haja nesta operação alguma ilegalidade ou fragilidade gritante, maior que esta espera”.

Sem contato:

Segundo a defesa, o último contato que o Sargento Soler teve com o Coronel Lesco foi na ocasião da reunião em que escolheram quem faria a instalação da câmera escondida no uniforme da PM. “Depois disso nunca mais teve contato, por nenhum meio”, explica Reinaldo.

Se na sede da ROTAM o Sargento gozou da “prerrogativa” de se contatar com algum co-investigado? A defesa nega. “Soler está em uma situação em que não teve contato com ninguém, é uma orientação da defesa permanecer como está”.
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