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'EU AVISEI'

À delegada Feldner, Selma explica que alertou governo do Estado sobre grampos ilegais na PM

05 Out 2017 - 15:07

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Paulo Victor Fanaia/Olhar Direto

Juíza Selma Arruda

Juíza Selma Arruda

Muito antes dos mato-grossenses falarem em “Grampolândia Pantaneira”, um discreto ofício enviado ao governo do Estado pela juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda, já suspeitava de uma possível “barriga de aluguel” sendo realizada no submundo das investigações da Polícia Militar. Sobre isso, a magistrada foi convidada a testemunhar no Complexo Ana Miranda Reis às 10h desta quinta-feira (05). Quem a recebeu foi a delegada Ana Cristina Feldner.  

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“A magistrada foi ouvida por causa do ofício dela para o governador (Pedro Taques – PSDB) informando possível barriga de aluguel no caso da ‘Operação Forti’, conduzida pela Alana Derlene Sousa Cardoso e pela Alessandra Saturnino de Souza (à época secretária-adjunta de Inteligência da Sesp”, explicou o delegado Flávio Stringhetta, ao Olhar Jurídico.

O delegado acrescentou que Pedro Taques (PSDB) encaminhou este ofício de Selma Arruda para o então secretário de Seguraça Pública, Rogers Jarbas, que inquiriu diversas pessoas, segundo Stringhetta, usurpando função. "Como secretário de Estado de Segurança Pública, ele não poderia ouvir ninguém em depoimento”, acrescentou.

A "Operação Forti" foi deflagrada no começo de 2015 para investigar uma organização criminosa atuante nos presídios de Mato Grosso.

Rogers Jarbas foi preso no último dia 27, suspeito de ter atuado para prejudicar as investigações do caso dos grampos. A decisão do desembargador Orlando Perri diz que o secretário estaria repassando documentos sigilosos do inquérito policial ao governador Pedro Taques e ao ex-secretário de Casa Civil, Paulo Taques, preso no mesmo dia, durante a deflagração da “Operação Esdras”.

“Portanto, não resta a menor dúvida de que o representado, valendo-se do cargo ocupado, vem agindo de maneira incisiva e direta no sentido de beneficiar seus aliados, determinando o fornecimento de documentos até então sigilosos, em detrimento das investigações levadas a efeito pelas autoridades policiais”, consta da decisão tomada pelo desembargador Perri.

O outro lado:

O governador Pedro Taques solicitou que a sindicância aberta no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) fosse transformada em um inquérito, pedido que foi atendido. "Trocando em miúdos, eu mesmo pedi ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que me investigue", disse no último dia 28.

"Quem me conhece e conhece a minha história, sabe que sempre defendi que ninguém está acima e nem abaixo da Lei, o que significa que ninguém pode ter vantagens por exercer cargo público, mas que também não pode ser arbitrariamente “julgado” por quem não tenha a competência de julgar de acordo com a Lei, diz Taques.

Em outro trecho, o governador assevera, "tenho plena convicção de que nada devo a respeito desse caso. Quero que a investigação formal seja feita para acabar de vez com essa história, que infelizmente vem sendo utilizada de forma “politiqueira” e vil, tentando me imputar de forma mentirosa essa acusação, criando uma cortina de fumaça para confundir o cidadão de bem deste Estado, que vem sofrendo as consequências de um passado recente de roubo do dinheiro público. Não há nada mais poderoso do que a verdade. E tenho fé que ela prevalecerá, para que o nosso tão amado Estado de Mato Grosso possa continuar a sua transformação".

Grampos:

Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”.

O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
  
Barriga de aluguel:
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados.

Veja vídeos da entrada e saída de Selma Arruda na PJC:
 
 
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