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GRAMPOLÂNDIA

Taques diz que tirou Zaque do governo para dar fim às "intrigas e fofocas" no Paiaguás

09 Out 2017 - 12:36

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Mauro Zaque e Pedro Taques

Mauro Zaque e Pedro Taques

O governador do Estado Pedro Taques (PSDB) atribui às “intrigas e fofocas” o desentendimento entre o ex-secretário Estadual de Segurança Pública (SESP) Mauro Zaque e sua equipe de governo, que culminou na exclusão do promotor do Palácio Paiaguás. Em depoimento prestado à investigação sobre suposta falsificação de documentos por parte de Zaque, o chefe do Executivo narra em detalhes como e em quais ocasiões foi alertado sobre a suposta organização criminosa instalada no seio do Estado, que estaria a promover grampos ilegais.   

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Veículos:

Narra o governador que, em meados de março e abril de 2015, durante uma reunião, o então secretário Mauro Zaque solicitou a aquisição de dois carros blindados, para a SESP e para o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social (Condes). O então chefe da Casa Civil Paulo Taques se ausenta da reunião para, em particular, orientar o governador a negar o pedido. “Nessa mesma época Zaque, em conversas informais, com o depoente (Pedro Taques) falava que Paulo estava fazendo coisa errada”.

O governador admite: “Com o indeferimento da aquisição dos veículos blindados o relacionamento entre Zaque e Paulo Taques, que já não era bom, evoluiu para uma crise”.

Emails:

Crise esta que evoluiu após um segundo atrito. Certa feita, Paulo Taques enviou um email a todos os secretários de Estado, por ordem do governador, orientando que demitissem os servidores comissionados nomeados na administração anterior. Pedro Taques, em seu depoimento, não explica de que maneira este pedido afetou a relação institucional entre seu primo e o promotor de Justiça.

Em setembro de 2015, Mauro Zaque e o também ex-secretário de Estado de Segurança Pública Fábio Galindo atentaram Taques para a existência de uma quadrilha no governo do Estado, “fazendo interceptações telefônicas clandestinas, mas não usaram o termo ‘barriga de aluguel”, esclarece o depoente, que se recorda de ter instruído que os dois colocassem “no papel” as suspeitas.

Zaque insistiu em manter as suspeitas fora do papel, mas mostrou ao governador, já naquela época, um organograma que apontava o Coronel da PM Zaqueu Barbosa e Paulo Taques como os possíveis envolvidos na “grampolândia”.

Acrescenta o governador que antes do dia 09 de outubro de 2015, isto é, na primeira conversa formal que tiveram sobre o assunto grampos, Zaque propôs que Taques exonerasse os coronéis Zaqueu e Evandro Lesco, bem como Paulo Taques, do cargo na Casa Civil.  Se assim fizesse, explica Mauro, “não haveria necessidade de tocar para a frente à questão dos grampos”, lembra o governador.

Um dia antes, em 08 de outubro de 2015, Mauro Zaque entregou nas mãos do secretário do Gabinete de Governo, José Arlindo, informação constando possível prática de interceptações telefônicas clandestinas. Tendo José Arlindo recebido e encaminhado ao protocolo oficial. Ao retornar de um compromisso no Uruguai, Taques determinou que a representação fosse encaminhada ao Grupo de Atuação Contra o Crime Organizado (Gaeco) para investigação. Assim fez, encaminhando o protocolo ao secretário Mauro Zaque no dia 14 de outubro, para que este encaminhasse ao Gaeco. O que não teria ocorrido, destaca o governador. Zaque somente encaminhou a documentação ao Gaeco no dia 22 daquele mês.

Causa ao governador “estranheza” que o segundo protocolo afirmando a existência de “barriga de aluguel” tenha sido feito por Zaque no dia 14 de outubro, isto é, antes dele cuidar de encaminhar a primeira notícia ao Gaeco.

“Aliás, mesmo já estando de posse da segunda denúncia de que trata o Oficio n. 3027/2015/SESP, ainda assim nada falou ao depoente; que o depoente foi comunicado do arquivamento daquela primeira notícia do Gaeco e não entende o motivo de não ter sido submetido ao Judiciário ou mesmo ao E. CSMP”.

Narra o governador que no final de novembro e início de dezembro de 2015, Mauro Zaque voltou a insistir na demissão de Zaqueu, “afirmando que se isso não ocorresse, ele sairia da SESP”.

Dinheiro Ilícito:

Narra Taques que em dezembro de 2015, no ínterim destes desentendimentos institucionais, Zaque teria tecido críticas à conduta ética do então chefe da Casa Civil. Quem lhe informou foi então secretário de Estado de Educação Marco Marrafon afirmou que Zaque, quando estava no Lago do Manso, teria feito críticas a Paulo Taques, “colocando em dúvida sua honestidade, apontando, inclusive, para um barco que segundo ele (Zaque), Paulo Taques teria adquirido com dinheiro ilícito”.

Agindo da mesma forma, Taques pediu que Marrafon registrasse a fofoca “no papel”, o que não foi feito. Quando o depoente retomou de sua viagem, Zaque o procurou para por “panos quentes” em toda aquela confusão com Zaqueu e Paulo Taques, afirmando que continuaria no cargo, posto que o Coronel já deixaria o posto no fim daquele ano.

Taques “não concordou e pediu o cargo da SESP ao representado, em razão das intrigas e fofocas, tendo assumido em seu lugar Fábio Galindo”.

Maio de 2017:

O então secretário de Estado de Comunicação Kleber Lima, telefona ao governador avisando que uma equipe de reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, estava querendo gravar uma entrevista com o governador do Estado a respeito da representação que Mauro Zaque havia feito na Procuradoria Geral da República (PGR). Somente neste momento que o chefe do executivo soube da mencionada representação.

Narra que uma investigação da Controladoria Geral do Estado (CGE), descobriu a “falsificação do protocolo”.

Taques por fim, sustenta que os Coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco e Ronelson Barros “são pessoas sérias, decentes, íntegras”.

Na última sexta-feira (06), o Ministério Público Estadual (MPE) arquivou o procedimento investigatório criminal instaurado contra o promotor de Justiça Mauro Zaque, que apurava suposta prática dos crimes de falsificação de documento público, prevaricação e denunciação caluniosa no “caso dos grampos”.

Entenda o caso
 
Quando o escândalo dos grampos veio a público, em reportagem nacional do Programa Fantástico, com base nas informações que Mauro Zaque repassou à PGR, Pedro Taques argumentou que o autor da denúncia, enquanto ocupava o cargo de secretário de Estado de Segurança Pública, havia fraudado a numeração do Protocolo Geral referente à denúncia da prática de interceptações ilegais  no Governo.
 
Depoimentos prestados durante a investigação e laudo pericial realizado pela Controladoria-Geral do Estado isentam a participação do promotor de Justiça.

“É cediço que o Promotor de Justiça ora representado, Mauro Zaque de Jesus, não teria os meios necessários, os conhecimentos específicos, e nem mesmo o acesso ao setor reservado interno da repartição de Protocolo Oficial do Palácio Paiaguás – Secretaria da Casa Civil (órgão diverso e separado da pasta então ocupada pelo representado), para proceder as alterações discorridas no laudo pericial, que macularam a integridade do Protocolo 542635/2015, conforme discorrido inicialmente pelo representante José Pedro Gonçalves Taques”, destacaram o procurador-geral de Justiça em Substituição Legal, Hélio Fredolino Faust, e o coordenador do Naco Criminal, promotor de Justiça Antonio Sergio Cordeiro Piedade.

Conforme o MPE, ficou constatado que realmente houve o cancelamento, a retirada dos dados originais e a inserção de documentos estranhos no sistema eletrônico de protocolo, mas que foram praticados por outras pessoas. Além de descartar a participação do promotor de Justiça, na promoção de arquivamento enviada ao Poder Judiciário o MPE requer que cópia integral dos autos seja encaminhada à Procuradora-Geral da República para análise e formação da opinio delicti quanto à pessoa do governador do Estado. As informações são da assessoria de imprensa do MP.
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