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GRAMPOLÂNDIA

"É bom que prove o que disse, pois será processado", diz juíza Selma sobre denúncia de PM sobre envolvimento em grampos

18 Out 2017 - 12:05

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Juíza Selma Arruda

Juíza Selma Arruda

A magistrada da Sétima Vara Criminal de Cuiabá Selma Rosane dos Santos Arruda chamou de “mentiras” as afirmações feitas pelo cabo da Polícia Militar de Mato Grosso Gerson Luiz Correia Junior. Em depoimento aos delegados Ana Cristina Feldner e Flávio Henrique Stringueta, da Polícia Judiciária Civil (PJC), na última segunda-feira (17), o militar acusou o ex-chefe do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) Marco Aurélio Castro e a magistrada de forjarem uma trama para justificar interceptações ao ex-governador do Estado Sival Barbosa (PMDB) e o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), José Geraldo Riva.

O pretexto, para tanto, seria um suposto atentado à vida de Selma Arruda, que estaria sendo tramado pelos dois investigados. Ao Olhar Jurídico, na manhã desta terça-feira (18), a juíza cobrou provas do policial militar, anunciando que irá processá-lo por conta da acusação.

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As declarações fazem parte da tentativa de acordo de delação premiada que o militar tenta com a Justiça. Como divulgado em primeira mão pelo Olhar Direto, na última terça-feira (17), o policial também confirmou que o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, fez o pagamento de R$ 50 mil ao coronel PM Evandro Lesco para bancar as interceptações e que os alvos seriam adversários políticos do governador Pedro Taques (PSDB).

“Acho que o cabo Gerson está apontando pessoas de forma indevida. Porém, é bom que ele prove o que disse, pois será processado por isso, com certeza. Esse tipo de mentira não faz sentido e só serve pra tumultuar as investigações”, afirmou a magistrada Selma Arruda ao Olhar Jurídico.

Pega de surpresa pela reportagem, na manhã de hoje (18), a juíza considerou “absurda” a revelação trazida pelo militar, investigado pelo esquema de grampos ilegais no Estado. Para Selma, a intenção é envolvê-la na trama, bem como o Gaeco. “Mas não sei por qual razão, não entendo o que ele falou”.

A magistrada recorda-se de suspeitas reais sobre supostos planos de atentados contra sua vida, em casos anteriores envolvendo réus como o ex-vereador de Cuiabá João Emanuel Moreira Lima, nada semelhante à hipótese levantada pelo cabo da PM.

Questionada se já teve algum contato pessoal com o militar Gerson Corrêa Junior, Selma diz não se lembrar precisamente. “Tive vários contatos em audiência, também fui algumas vezes ao Gaeco e posso até ter visto ou falado com ele”, afirma. Mas para tratar de grampos e ameaças, jamais. 

Operação Esdras
 
A operação Esdras, desencadeada no dia 27 de setembro, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador Orlando Perri do caso.
 
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
 
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
 
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
 
Na Operação Esdras foram cumpridas medidas contra Paulo Taques, coronel Airton Benedito de Siqueira Júnior, o ex-secretário de Estado Rogers Eizandro Jarbas, o corornel Evandro Aexandre Ferraz Lesco, o sargento João Ricardo Soler, o major pm Michel Ferronato, Helen Christy Carvalho Dias Lesco (esposa de Lesco), o empresario José Marilson da Silva e o advogado Marciano Xavier das Neves.
 
Grampos
 
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
 
A matéria destacou como vítimas a deputada estadual Janaína Riva (PMDB), o advogado José do Patrocínio e o jornalista José Marcondes, conhecido como Muvuca. Eles são apenas alguns dos “monitorados”. O esquema de “arapongagem” já havia vazado na imprensa local após o início da apuração de Fantástico.
 
Os grampos foram conseguidos na modalidade “barriga de aluguel”, quando investigadores solicitam à Justiça acesso aos telefonemas de determinadas pessoas envolvidas em crimes e no meio dos nomes inserem contatos de não investigados. Neste caso específico, as vítimas foram inseridas em uma apuração sobre tráfico de drogas.
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