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MUDANÇA DE CONTEÚDO

PF vê equívocos e omissões em transcrição de conversa apreendida na casa de Emanuel

31 Out 2017 - 09:03

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Polícia Federal

Polícia Federal

A Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso afirma ter detectado equívocos na transcrição da conversa travada pelo ex-chefe de gabinete do Estado Silvio César Corrêa Araújo (delator premiado) e o ex-secretário de Indústria e Comércio do Estado Alan Zanatta. A reprodução dos áudios foi apreendida na casa do prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB). O relatório da PF aponta mudanças significativas de conteúdo e omissão de determinados trechos.

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A gravação foi periciada pela própria defesa do prefeito e o documento escrito se encontrava em sua residência, até ser apreendido durante a deflagração da “Operação Malebolge”, 12ª fase da Operação Ararath, em 14 de setembro.

Para a Polícia Federal, que periciou o material, nas transcrições encomendadas pela defesa há "mudanças de significado e conteúdo" que comprometem a interpretação do diálogo.  "É possível perceber trechos que estão ausentes”, afirma. “Bem como trecho importante transcrito de forma possivelmente equivocada".

O relatório de 10 de outubro assinado pelo delegado Wilson Rodrigues de Souza Filho e pelos agentes da PF, Adha de Oliveira Omote e Marcelo Pimenta Orge, a que o site Hiper Notícias obteve acesso, aponta:

"Alguns trechos, no entanto, da forma que foram transcritos - não correspondendo com as palavras proferidas por Sílvio - implicam razoável mudança de significado/sentido. Estes trechos foram destacados e encaminhados ao Setor Técnico Cientifico da Polícia Federal para transcrição".

Comparando a interpretação do áudio feita pela defesa com a proposta pela PF, é visível a diferença das expressões usadas na conversa entre Zanatta e Araújo. Na primeira Silvio César afirma “tô com um garimbo”, no segundo, “ta com o garimpo”, atribuindo a posse à Silval Barbosa. A PF interpreta a mudança: “a mudança de palavras, a partir da transcrição feita pela perícia, altera a interpretação dada à frase em destaque, desconstruíndo a versão em que Sílvio Correa teria omitido a posse de um garimpo".

Em outro momento, a PF afirma que Silvio César dito: “falei algumas coisas que eu {fiz}", enquanto que a defesa de Emanuel transcreve o trecho como sendo: “falei algumas coisas que eu quis”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está periciando a gravação de áudio feita. A esperança da defesa de Emanuel é que ela anule as delações premiadas do ex-governador Silval Barbosa e de seu ex-chefe de gabinete Silvio César Corrêa Araújo. 

O áudio, que dura 1 hora e 24 minutos, contém supostas confissões de Silvio César que contradizem o que fora relatado nos acordos de colaboração firmados com a PGR e homologados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux.

A gravação foi feita ocultamente por Alan Zanatta, no último dia 28 de agosto, após Sílvio César supostamente ter insistido muito para um encontro, para pedir ajuda financeira.

Alan Zanatta foi secretário de Indústria e Comércio, por indicação do então deputado estadual e atual prefeito Emanuel Pinheiro (PMDB), de Cuiabá, durante mais de dois últimos anos da gestão Silval, possivelmente por temer ser gravado, resolveu se antecipar e gravar a conversa de 84 minutos como o ex-homem forte do governo anterior.

O outro lado:

Na manhã desta terça-feira (31), Olhar Jurídico tentou por diversas vezes contato telefônico com a defesa de Emanuel Pinheiro, patrocinada pelo advogado André Stumpf Jacob, mas sem sucesso.
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