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TRIBUNAL DE CONTAS

PF apreende jóias, documento inscrito "Bomba A" e armas de fogo em casa e gabinete de Antonio Joaquim

21 Nov 2017 - 17:12

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Antônio Joaquim

Antônio Joaquim

A ordem de busca e apreensão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e cumprida pela Polícia Federal (PF) na residência e gabinete do conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), Antônio Joaquim, trouxe a luz documentos que despertaram a curiosidade da Procuradoria-Geral da República (PGR). Uma pasta identificada pelo TCE-MT com a inscrição “Bomba A” contém documentos com nomes conhecidos e outra, inscrito “Maura Sigiloso; Conselheiro Sérgio Ricardo e João Batista". Além de duas armas e 61 munições.

Os 141 itens foram apreendidos durante a “Operação Malebolge”, a 12ª fase da “Ararath”, deflagrada em 14 de setembro e que revelou pelo menos seis crimes supostamente praticados por investigados como o ministro Blairo Maggi (PP), o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (PMDB) e diversos deputados estaduais e empresários.

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Segundo documentos obtidos pelo site Híper Notícias, 80 itens foram apreendidos na sala da presidência do TCE-MT e 61 na casa de Joaquim, totalizando 141 itens, hoje sob perícia da PF.

As duas armas estão regularmente registradas. Trata-se de um revolver Calibre 38, marca Taurus, avaliado em R$ 3,7 mil, com registro válido até 19 de outubro de 2018 e uma pistola 380, marca Glock, de cerca de R$ 9 mil, com registro vencido desde junho deste ano.

A lista cita ainda negócios comerciais travados com a Construtora Trimec, de Wanderley Facheti Torres, conduzido coercitivamente por policiais em Santa Catarina, durante a deflagração da quinta fase da "Operação Sodoma", acusado de participar de esquema de mais de R$ 8 milhões

O inquérito judicial investiga prática de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa, gestão fraudulenta de instituição financeira, crimes contra a ordem tributária. Além disto, ainda apura a prática de obstrução de investigação criminal, que consistiu em pagar colaborador para mudar versão de depoimentos e pagar investigado para não celebrar acordo de colaboração.
 
Dentre os investigados estão o ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), deputados estaduais, empresários e conselheiros do Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE-MT), sendo que cinco destes últimos (José Carlos Novelli, Waldir Júlio Teis, Antônio Joaquim Moraes Rodrigues Neto, Walter Albano da Silva e Sérgio Ricardo de Almeida) foram afastados de suas funções.

Ao todo, são 65 endereços que tiveram mandados de busca e apreensão expedidos, entre endereços pessoais e profissionais de investigados no inquérito relativo à Operação Ararath. O cumprimento dos mandados pela Polícia Federal foi acompanhado por 16 membros do Ministério Público Federal.
 
O esquema foi descoberto no curso das investigações da Operação Ararath, a partir da apreensão de diversos documentos e depoimentos prestados por colaboradores, entre os quais está o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa. A organização criminosa instalou-se no alto escalão do estado de Mato Grosso e funcionou especialmente entre 2006 e 2014.

Veja descrição de parte dos itens apreendidos com Antônio Joaquim:

Item 18 - pasta cor branca, com inscrição "RANCHO" na capa, contendo diversos documentos do MPF, Ministério Público do Estado de Mato Grosso e TCE do Mato Grosso.

Item 37 - cópia de processos relacionados à suspensão das obras do MT Integrado.

Item 39 - pasta branca contendo diversos documentos relacionados a contratos de patrocínio, distrato de compra e venda, dentre outros.

Item 42 - documento apresentando planilha com valores relacionados ao título "soma de valor de pagamento" encontrado no closet.

Item 14, 42 e 44- pasta de papel na cor branca com identificação "Rancho T Agropecuária", com a inscrição manuscrita "contrato de compra e venda rancho T PO" (TRIMEC), contendo contrato de compra e venda de imóvel rural e folha de extrato bancário com post it "recebemos da TRIMEC em 2014".

Item 76 - cópia de cheque emitido por Rancho T, nominal a ALEXANDRE DE JESUS RODRIGUES.  

Itens I 1, 14, 42, 44, 66, 67, 73, 74, 75, 76, 77 - documentos relacionados ao Rancho T, propriedade do Agravante, arquivados nas salas das assessorias técnicas do 1 º e 2° andar do TCE.

Item 51 - Envelope branco com a inscrição "A/C Ludmila" contendo J O notas promissórias emitidas por Wilian de Almeida .

Item 66 - Envelope branco de papel com dizeres "Para Maura Sigiloso; Conselheiro Ssérgio Ricardo e João Batista" contendo diversos documentos.


O outro lado:

Ao Olhar Jurídico, a assessoria de Antônio Joaquim emitiu:

Nota de repúdio:

Em relação às reportagens veiculadas pela imprensa sobre a lista de materiais apreendidos pela Polícia Federal (PF) em minha casa e gabinete no Tribunal de Contas do Estado (TCE), gostaria de repudiar com veemência o uso político da situação, numa tentativa vil e em vão de ferir minha honra, acabar com minha dignidade e manchar minha trajetória de 37 anos de serviços prestados à sociedade mato-grossense.

Desde o primeiro momento em que manifestei publicamente meu interesse em disputar o pleito 2018, passei à condição automática de alvo principal das investidas de políticos que temem serem derrotados pela democracia, bem como agentes públicos e membros de instituições que sonham em participar da vida política partidária, valendo-se das prerrogativas constitucionais inerentes à função.  

Reafirmo, sobretudo, minha serenidade ante ao ataque político-jurídico que passei a enfrentar. Certamente o povo clama por mudanças. E a “transformação” verdadeira tem um preço alto. Custa a coragem de encarar os autocratas nos olhos, sem medo de enfrenta-los. Acredito na justiça e tenho fé de que a verdade prevalecerá. E, por fim, reitero minha total tranquilidade sobre a origem e licitude de todos os materiais que foram recolhidos pela PF.    


Antonio Joaquim
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