O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) leiloará nesta terça-feira (28) quatro lotes objetos da ação penal oriunda da “Operação Sodoma 3”, que tramita na Sétima Vara Criminal, da juíza Selma Rosane Arruda. Eles formam o terreno de R$ 13 milhões, localizado na Avenida Beira Rio, próximo a casa de shows Musiva. A primeira praça acontecerá às 14h, já a segunda, na quinta-feira (29), no mesmo horário. Os quatro lotes somados estão avaliados em cerca de R$ 13 milhões.

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A terceira fase da operação investigou a compra de um terreno avaliado em R$ 13 milhões, o qual seria apenas uma forma de “lavar” dinheiro recebido de propinas. 

O leilão judicial será conduzido pela Kleiber Leilões, no Auditório do Fórum da Capital. Os lotes, que totalizam R$ 12,8 milhões são os 108, 109, 110 e 111.

Veja a descrição abaixo:

LOTE 108 - AUTOS N.º 11551-09.2016.811.0042 (Código 435316) 7ª Vara Criminal da capital.
DESCRIÇÃO DO(S) BEM(S): Um imóvel urbano denominado área desdobrada "D", com 10.861m², localizado na Av. Beira Rio, Bairro Grande Terceiro. Matriculado sob o n.º 29.095, 7º SRI de Cuiabá-MT.
VALOR TOTAL DA AVALIAÇÃO: R$  4.327.836,97
 
LOTE 109 - AUTOS N.º 11551-09.2016.811.0042 (Código 435316) 7ª Vara Criminal da capital.
DESCRIÇÃO DO(S) BEM(S): Um imóvel urbano denominado área desdobrada "C", com 10.861m², localizado na Av. Beira Rio, Bairro Grande Terceiro. Matriculado sob o n.º 76.367, 5º SRI de Cuiabá-MT.
VALOR TOTAL DA AVALIAÇÃO: R$  4.327.836,97
 
LOTE 110 - AUTOS N.º 11551-09.2016.811.0042 (Código 435316) 7ª Vara Criminal da capital.
DESCRIÇÃO DO(S) BEM(S): Um imóvel urbano denominado área desdobrada "A", com 5.431m², localizado na Av. Beira Rio, Bairro Grande Terceiro. Matriculado sob o n.º 76.365, 7º SRI de Cuiabá-MT. 
VALOR TOTAL DA AVALIAÇÃO: R$ 2.164.117,22
 
LOTE 111 - AUTOS N.º 11551-09.2016.811.0042 (Código 435316) 7ª Vara Criminal da capital.
DESCRIÇÃO DO(S) BEM(S): Um imóvel urbano denominado área desdobrada "B", com 5.431m², localizado na Av. Beira Rio, Bairro Grande Terceiro. Matriculado sob o n.º 76.366, 5º SRI de Cuiabá-MT. 
VALOR TOTAL DA AVALIAÇÃO: R$ 2.164.117,22

O terreno e a Sodoma 3: 

Conforme os autos, a área foi paga com propina valorada em R$ 13 milhões, montante arrecadado de empresas que possuíam vínculos com o Estado. O dono da área comprada seria André Maggi, filho do senador Blairo Maggi. Para que o arquiteto transferisse o bem para o próprio nome, Zílio teria agido demonstrando interesse em investimentos imobiliários. Após conclusa a transação, nenhum passo, porém, foi dado para solidificar a ideia do shopping.

Colaborações de Marques à polícia embasaram o pedido do Ministério Público para que Zílio fosse preso, em desdobramento da Operação Sodoma. "[...] o depoimento de José da Costa Marques, obtido perante a autoridade policial, no qual o mesmo teria esclarecido que é arquiteto e que nesta condição foi procurado por CESAR ROBERTO ZÍLIO, que lhe disse interessado em proceder investimento na área de corporações imobiliárias, optando, finalmente, pela construção de um shopping popular com 700 salas de aluguel".

Conforme o MPE, o arquiteto José Costa Marques foi procurado pelo ex-secretário, que lhe disse interessado em investir em corporações imobiliárias. Assim, buscando sigilo comercial, Zílio propôs que o arquiteto figurasse como comprador de uma área, requerimento prontamente atendido.

Segundo o órgão ministerial, após a lavratura do contrato entre José da Costa Marques e os vendedores do terreno, foi elaborado um contrato de gaveta com Antelmo Zílio, pai de César Zílio, tudo visando garantir o direito do imóvel.

A aquisição do terreno se deu no dia 18 de junho de 2012. O pagamento ajustado em quatro parcelas: R$ 3.000.000,00 pagos em dinheiro, no ato da assinatura do contrato, R$ 1.134.400,24 com vencimento em 02/07/2012, R$ 4.344.399,00 com vencimento em 180 dias após a primeira parcela e R$4.344.399,00 com vencimento em até 360 dias após o vencimento da 2ª. Parcela.

A operação Sodoma foi deflagrada em 15 de setembro de 2015 e levou à cadeia o ex-governador Silval Barbosa e os ex-secretários Pedro Nadaf e Marcel de Cursi, respectivamente Casa Civil e Fazenda, todos por um esquema de extorsão e cobrança de propina contra um empresário. Já na segunda Fase da Sodoma, Zílio é apontado como o grande líder de um combinado para ocultar a origem ilícita de valores desviados do Estado.

Os referidos valores seriam fruto de propina das empresas: Consignum, Editora de Liz Ltda ME, EGP da Silva ME, Webtech Softwares e Serviços Ltda EPP, pessoas jurídicas que mantinham contratos de prestação de serviços firmados com o Estado.

Assim, o MPE afirma que a aquisição do imóvel, por R$ 13 milhões, próxima à Musiva, visou apenas ocultar a origem ilícita do dinheiro utilizado pela organização.

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