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Foro privilegiado

TJ autoriza investigação contra Wilson Santos e mais quatro deputados na Bereré

23 Mar 2018 - 11:05

Da Reportagem Local - Paulo Victor Fanaia Teixeira / Da Redação - Érika Oliveira

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

TJ autoriza investigação contra Wilson Santos e mais quatro deputados na Bereré
O desembargador José Zuquim Nogueira, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, autorizou o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público de Mato Grosso a estender as investigações, no bojo da "Operação Bereré", aos deputados estaduais Wilson Santos (PSDB), Baiano Filho (PSDB), Romoaldo Júnior (MDB), José Domingos Fraga (PSD) e Ondanir Bortolini (PSD), o Nininho. O pedido do MP se deu por conta de todos eles possuírem foro privilegiado, em razão do cargo que ocupam na Assembleia Legislativa.

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De acordo com o MP, as investigações apontaram que “os agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar o recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores” cita trecho do Gaeco, em seu pedido.

A Operação Bereré é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.Dentre os supostos crimes cometidos estão organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.

Durante a operação o Gaeco cumpriu mandados na Assembleia Legislativa e na casa dos deputados Mauro Savi (PSB) e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry também é um dos investigados.

No último dia 16 foram bloqueados bens de: l) Mauro Luiz Savi, 2) José Eduardo Botelho, 3) Pedro Henry Neto, 4) Marcelo da Costa e Silva, 5) Antônio , Eduardo da Costa e Silva, 6) Claudemir Pereira dos Santos, 7) Dauton Luiz Santos Vasconcellos 8) Roque Anildo Reinheimer, 9) Merison Marcos Amaro, 10) José Henrique Ferreira Gonçalves, 11) José Ferreira Gonçalves Neto, 12) Gladis Polia Reinheimer, 13) Janaina Pollà Reinhéimer, 14) Juliana Polia Reinheimer, 15) FDL Serviços de Registro Cadastro, Informatização e .Certificação de Documentos Ltda., atualmente EIG - Mercados, 16) Santos Treinaménto e Capacitação de Pessoal Ltda. e 17) União Transporte e Turismo Ltda.

Veja abaixo o motivo da abertura de investigação contra cada deputado
 
Baiano Filho: em depoimento à Defaz, José Joaquim de Souza afirmou ser assessor parlamentar do deputado estadual Baiano Filho, de quem recebeu depósitos de valores em sua conta bancária para posteriormente fazer pequenos saques e efetuar pagamentos determinados pelo parlamentar.  Disse ainda sobre três cheques emitidos pelo investigado Claudmir Pereira dos Santos, que foram depositados em sua conta, que são oriundos também do parlamentar e que deles se utilizou para pagar despesas do gabinete. Contra Baiano também pesa o depoimento de Wilson Pinheiro Medrado, que declarou com ele trabalhar e também confirmou que os cheques emitidos por Claudemir P. dos Santos foram destinados para o deputado.
 
Romoaldo Junior: os indícios contra ele se verificam no depoimento de Valdemir Leite da Silva, o qual afirmou ocupar o cargo de chefe de gabinete do deputado e que, por ordem deste, trocou cheque emitido pelo investigado Rafael Yamada Torres, e deu o valor, em espécie, ao deputado.
 
José Domingos Fraga: em depoimento à Defaz, o investigado Jorge Batista da Graça afirmou ter ocupado cargo de assessor parlamentar no seu gabinete, e, por sua ordem, recebeu cheque emitido por Claudemir Pereira dos Santos, bem como uma transferência bancária, valores dos quais fez o saque e destinou, segundo ordens do deputado.
 
Nininho: o deputado foi citado no interrogatório de Tscharles Franciel Tschá à Defaz, o qual afirmou que ocupou cargo de assessor parlamentar do deputado, também recebeu e sacou valores depositados por Claudemir Pereira em sua conta e os entregou ao parlamentar.
 
Wilson Santos: foi citado como parte do esquema no depoimento de Antero Paes de Barros. De acordo com o que o ex-senador disse à Defaz, cheque de Eduardo Botelho teria sido usado por Elias Santos (irmão de Wilson) para quitar divida de consultoria firmado entre o PSDB e a empresa de Antero em julho de 2010. 

Outro lado:

A reportagem do Olhar Jurídico entrou em contato com assessoria da secretaria de Cidades, que informou que Wilson Santos "desconhece totalmente" o teor da investigação. "Não tem conhecimento, nem de seu teor", asseverou. Wilson aguarda recebimento da notificação da justiça para tomar ciência do caso e apresentar então sua posição. 

Já o deputado estadual Romoaldo Júnior declarou que está à disposição do Gaeco para prestar esclarecimentos a qualquer momento sobre as acusações. Afirmou ainda que tem certeza de que nenhum dos cinco deputados está envolvido em ilícitos. "O Gaeco tem certeza que nenhum desses cinco deputados estão no meio disso", declarou. Ele asseverou que a investigação da Bereré deve ser ampliada para que não sobre nenhuma suspeita.

O deputado Ondanir Bortolini (PSD), Nininho, se diz “indignado” com a decisão do desembargador do TJ José Zuquim. Salienta que mais de duzentas pessoas participaram das movimentações de cheques hoje apuradas pelo Gaeco e que o seu, especificamente, era de apenas R$ 1 mil, oriundo de movimentação legal, retirado em factoring e destinado a pagamentos de despesas comuns. O parlamentar afirma não saber que este cheque tinha ligação com a pulverização de dinheiro ilegal da esquema no Detran-MT. Acrescenta que está à disposição da justiça.
 
A assessoria do deputado Zé Domingos Fraga declarou que o parlamentar não irá se manifestar sobre o assunto neste momento. A reportagem não conseguiu contato com o deputado Baiano Filho.

Mais informações em instantes.
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