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DE EDUARDO BOTELHO

Parte de campanha de Wilson Santos teria sido paga com cheques da "Bereré" em 2010

23 Mar 2018 - 14:10

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Rogério Florentino/OlharDireto

Wilson Santos

Wilson Santos

O empresário Antero Paes de Barros revelou à Delegacia Fazendária (Defaz) que quatro cheques assinados pelo deputado José Eduardo Botelho foram usados para quitar despesas da campanha eleitoral de Wilson Santos ao governo do Estado, em 2010. Por conta disto, o secretário será investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no âmbito da “Operação Bereré”, por suspeita de participação no esquema de fraudes a licitação, peculato, corrupção passiva e tráfico de influência no Detran-MT.

As investigações apontam “agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores”.

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O depoimento prestado por Antero, no último dia 23 de fevereiro, foi acompanhado pela delegada da Policia Civil Alexandre Fachone, que recebeu robustos documentos que comprovam a transação, abaixo descrita:

“No tocante aos quatro cheques recebidos pela empresa da qual o declarante era sócio Antecipar Consultoria e Comunicação Ltda., oriundos de José Eduardo Botelho, datados de 21/10/2010, os quais totalizaram o montante de R$ 19.600,00, afim que sua empresa recebeu tais cheques oriundos da pessoa de Elias Pereira dos Santos Filho, decorrente de serviços prestados pela empresa para a campanha de Wilson Santos”, narra Antero.

Elias Pereira dos Santos Filho (PSDB) é secretário de Gestão de Pessoas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e irmão do secretário de Estado de Cidades Wilson Santos (PSDB).

Antero acrescenta que antes de sua empresa receber os quatros cheques de Eduardo Botelho, para pagamento do contrato assinado com a campanha de Wilson Santos, recebeu das mãos de Elias Pereira dos Santos Filho notas promissórias para eventual protesto, o que nunca foi feito.

Assevera que “essas tratativas foram feitas pelo seu sócio (da empresa de Antero) Mauro Peixoto Camargo e que os cheques foram entregues por Elias Pereira dos Santos Filho e depositados na conta corrente da empresa no mesmo dia 21/10/2010”.

Olhando para o passado, Antero avalia. “Desconhecia que a origem dos cheques era do empresário José Eduardo Botelho, até porque quem recebeu os cheques foi o seu sócio Mauro Peixoto Camargo”.

Sobre isso, Antero explica que candidatou-se ao senado em 2010, por isso estava afastado de sua empresa. Razão pela qual quem prestou o serviço à Wilson Santos e, conseqüentemente recebeu da campanha os tais cheques, foi o sócio e responsável pelo contrato em questão Mauro Peixoto Camargo.

Os depoimentos do empresário e jornalista foram subsidiados por cópias de extratos do depósito dos cheques, cópia do contrato de prestação de serviço firmado entre a sua empresa e o PSDB (datado de 08 de julho de 2010), notas fiscais comprovando a prestação do serviço.

Conforme deixou claro o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), este foi o motivo pelo qual o Ministério Público Estadual (MPE) pede a investigação do secretário Wilson Santos (PSDB). Ele resume em uma única frase: “foi citado como parte do esquema, no depoimento de Antero Paes de Barros”.

Outro lado

Ao Olhar Jurídico, a assessoria do secretário Wilson Santos afirma que ele "desconhece totalmente" o teor da investigação. "Não tem conhecimento, nem de seu teor", asseverou. Wilson aguarda recebimento da notificação da justiça para tomar ciência do caso e apresentar então sua posição. 

Entenda o Caso:

A Operação Bereré é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.Dentre os supostos crimes cometidos estão organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.

Durante a operação o Gaeco cumpriu mandados na Assembleia Legislativa e na casa dos deputados Mauro Savi (PSB) e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry também é um dos investigados.

No último dia 16 foram bloqueados bens de: l) Mauro Luiz Savi, 2) José Eduardo Botelho, 3) Pedro Henry Neto, 4) Marcelo da Costa e Silva, 5) Antônio , Eduardo da Costa e Silva, 6) Claudemir Pereira dos Santos, 7) Dauton Luiz Santos Vasconcellos 8) Roque Anildo Reinheimer, 9) Merison Marcos Amaro, 10) José Henrique Ferreira Gonçalves, 11) José Ferreira Gonçalves Neto, 12) Gladis Polia Reinheimer, 13) Janaina Pollà Reinhéimer, 14) Juliana Polia Reinheimer, 15) FDL Serviços de Registro Cadastro, Informatização e .Certificação de Documentos Ltda., atualmente EIG - Mercados, 16) Santos Treinaménto e Capacitação de Pessoal Ltda. e 17) União Transporte e Turismo Ltda.
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