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Ao Gaeco, Wilson nega receber R$ 19 mil de Botelho em esquema no Detran: 'esse cheque não é meu'

05 Abr 2018 - 18:00

Da Redação - Paulo Victor Fanaia Teixeira

Foto: Olhar Direto

Ao Gaeco, Wilson nega receber R$ 19 mil de Botelho em esquema no Detran: 'esse cheque não é meu'
Na sede do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) reina a tranquilidade. Nesse clima que o ex-secretário de Estado de Cidades Wilson Santos (PSDB) deixou seu interrogatório, ao final da tarde desta quinta-feira (05). Aos promotores do Ministério Público Estadual (MPE), Wilson negou que conhecesse as empresas FDL Serviços (atual EIG Mercados Ltda) e a Santos Treinamentos. Também negou ter conversado com o colega Eduardo Botelho (DEM) sobre cheques.

Tranquilo ou não, ele é hoje investigado no âmbito da “Operação Bereré” por suspeita de participação no esquema de fraudes a licitação, peculato, corrupção passiva e tráfico de influência no Detran. Ainda não se sabe se o deputado será denunciado.

As investigações apontam “agentes públicos destinatários das vantagens indevidas que se valem de pessoas físicas e jurídicas interpostas, da emissão de cheques, de triangularizações de transferências bancárias, dentre outras práticas, para ocultar recebimento de propina, bem como a origem ilícita dos valores”.

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Interrogado sobre estas suspeitas, Wilson sorrindo se disse "tranquilo". "Foi um depoimento muito rápido e tranquilo. Me coloquei à disposição do MPE para colaborar. Deixei claro que o cheque não me pertence e não conheço nenhuma das empresas, FDL ou (Santos) Treinamentos, nenhuma tem relação comigo. Nunca tiveram. Algumas pessoas daqui, que não conheço, outras de fora, de Goiania, de Brasília. Não tenho nada a ver com isso. Acho que colaborei com as investigações".

Sobre o objeto da investigação, Wilson adianta. "As minhas constas foram analisadas pela justiça e devidamente aprovadas". "Não tenho conhecimento nenhum sobre isso, esse cheque não é meu, não tem endosso meu no cheque. Nunca (conversei com Botelho sobre cheque), não tenho noção do que seja".

Questionado se o escândalo da "Bereré" afeta as pretenções eleitorais de Wilson Santos, o ex-secretário nega. "Já estou acostumado com esse tipo de problema em anos eleitorais. Os promotores deixaram claro que nem todas as pessoas ouvidas serão denunciadas. Deixaram claro isso e garantiram o amplo direito à defesa. Estou muito mais tranquilo do que quando cheguei aqui". 
 
 

Depoimento de Antero Paes de Barros:

O depoimento prestado por Antero, no último dia 23 de fevereiro, foi acompanhado pela delegada da Policia Civil Alexandre Fachone, que recebeu robustos documentos que comprovam a transação, abaixo descrita:

“No tocante aos quatro cheques recebidos pela empresa da qual o declarante era sócio Antecipar Consultoria e Comunicação Ltda., oriundos de José Eduardo Botelho, datados de 21/10/2010, os quais totalizaram o montante de R$ 19.600,00, afim que sua empresa recebeu tais cheques oriundos da pessoa de Elias Pereira dos Santos Filho, decorrente de serviços prestados pela empresa para a campanha de Wilson Santos”, narra Antero.

Elias Pereira dos Santos Filho (PSDB) é secretário de Gestão de Pessoas da Assembleia Legislativa de Mato Grosso e irmão do secretário de Estado de Cidades Wilson Santos (PSDB).

Antero acrescenta que antes de sua empresa receber os quatros cheques de Eduardo Botelho, para pagamento do contrato assinado com a campanha de Wilson Santos, recebeu das mãos de Elias Pereira dos Santos Filho notas promissórias para eventual protesto, o que nunca foi feito.

Assevera que “essas tratativas foram feitas pelo seu sócio (da empresa de Antero) Mauro Peixoto Camargo e que os cheques foram entregues por Elias Pereira dos Santos Filho e depositados na conta corrente da empresa no mesmo dia 21/10/2010”.

Olhando para o passado, Antero avalia. “Desconhecia que a origem dos cheques era do empresário José Eduardo Botelho, até porque quem recebeu os cheques foi o seu sócio Mauro Peixoto Camargo”.

Sobre isso, Antero explica que candidatou-se ao senado em 2010, por isso estava afastado de sua empresa. Razão pela qual quem prestou o serviço à Wilson Santos e, conseqüentemente recebeu da campanha os tais cheques, foi o sócio e responsável pelo contrato em questão Mauro Peixoto Camargo.

Os depoimentos do empresário e jornalista foram subsidiados por cópias de extratos do depósito dos cheques, cópia do contrato de prestação de serviço firmado entre a sua empresa e o PSDB (datado de 08 de julho de 2010), notas fiscais comprovando a prestação do serviço.

Conforme deixou claro o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), este foi o motivo pelo qual o Ministério Público Estadual (MPE) pede a investigação do secretário Wilson Santos (PSDB). Ele resume em uma única frase: “foi citado como parte do esquema, no depoimento de Antero Paes de Barros”.

Entenda o Caso:

A Operação Bereré é um desdobramento da colaboração premiada do ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT), Teodoro Lopes, o “Doia". Dentre as informações prestadas por Doia, consta suposto esquema de cobrança de propina com uma empresa que prestava serviços de gravame - um registro do Detran.Dentre os supostos crimes cometidos estão organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 

Segundo o Gaeco, as investigações tiveram início na Delegacia Especializada em Crimes Contra a Administração Pública e Ordem Tributária (DEFAZ), sendo que as medidas cautelares foram requeridas pelo NACO Criminal (Núcleo de Ações de Competência Originária) do Ministério Público Estadual e estão sendo cumpridas em Cuiabá, Sorriso e Brasília-DF, pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado) e Polícia Judiciária Civil, com apoio da Polícia Militar, por meio do BOPE.

Durante a operação o Gaeco cumpriu mandados na Assembleia Legislativa e na casa dos deputados Mauro Savi (PSB) e Eduardo Botelho (PSB). O ex-deputado federal Pedro Henry também é um dos investigados.

No último dia 16 foram bloqueados bens de: l) Mauro Luiz Savi, 2) José Eduardo Botelho, 3) Pedro Henry Neto, 4) Marcelo da Costa e Silva, 5) Antônio , Eduardo da Costa e Silva, 6) Claudemir Pereira dos Santos, 7) Dauton Luiz Santos Vasconcellos 8) Roque Anildo Reinheimer, 9) Merison Marcos Amaro, 10) José Henrique Ferreira Gonçalves, 11) José Ferreira Gonçalves Neto, 12) Gladis Polia Reinheimer, 13) Janaina Pollà Reinhéimer, 14) Juliana Polia Reinheimer, 15) FDL Serviços de Registro Cadastro, Informatização e .Certificação de Documentos Ltda., atualmente EIG - Mercados, 16) Santos Treinaménto e Capacitação de Pessoal Ltda. e 17) União Transporte e Turismo Ltda.
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